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Brasileiro é o vencedor do 18º Japan International Manga Awards com “A Sereia da Floresta”

Participar do Japan International Manga Awards foi uma surpresa para o autor brasileiro Hiro Kawahara. Ele não sabia que sua obra estava concorrendo até ser informado pela Vice-Cônsul do Japão no Brasil, Miyabi Ichimura, no final do ano passado. A Editora JBC foi responsável pela inscrição, mas o autor só descobriu a novidade porque a Vice-Cônsul, ao não conseguir contato com a editora durante as férias coletivas, e apelou para as redes sociais. “Foi uma comoção, tanto para mim quanto para a editora”, comentou.

Com 716 inscrições de 95 países, a competição é reconhecida por sua exigência e pelo alto nível de qualificação dos jurados. “Os números são impressionantes, mas parecem abstratos. Não consigo dimensionar o que seria vencer, mas a sensação agora é de responsabilidade. O Consulado Geral e o Ministério de Relações Exteriores do Japão organizam o evento, que será quase diplomático. Isso ganha ainda mais peso porque, no Brasil, comemoramos 130 anos da Imigração Japonesa”, explicou o autor.

Miyabi Ichimura, Vice-Cônsul do Japão no Brasil, o autor Hiro Kawahara e a Cônsul-Geral Adjunta do Japão no Brasil.

Embora A Sereia da Floresta não siga os padrões estéticos e narrativos de um mangá japonês, ela se aproxima dos quadrinhos europeus, que são a maior referência do autor. Ele explicou que o concurso é voltado a obras não japonesas e premia quadrinhos de diversas origens e estilos. Autores como Jordi Lafebre e Aimée Jong, que também não produzem mangás no sentido tradicional, já foram reconhecidos no evento.

Sobre o cenário de mangás no Brasil, o autor destacou a crescente popularidade ao longo dos anos, comparando-o ao comportamento de mercados como Europa e Estados Unidos. Ele relembrou a publicação de Akira pela Editora Globo em 1990, quando o mercado de mangás ainda era muito limitado. “Hoje, o mangá é cultura de massa, muito impulsionado por animações e seriados, além de ser uma forma de expressão e identidade. Não sairá tão cedo de cena, ao contrário dos quadrinhos de heróis”, afirmou.

Na obra concorrente, A Sereia da Floresta, o autor apresenta uma narrativa fantástica. A história gira em torno de uma sereia, a última de sua espécie, que faz um pacto com entidades sombrias para ter uma segunda chance de vida. Em troca, ela deve entregar seu futuro filho às criaturas. A sereia ressurge em uma floresta europeia durante a Grande Peste e a Inquisição, sendo acolhida por uma curandeira persa. Juntas, as duas tentam sobreviver em um mundo novo e hostil.

Esta é a primeira vez que o autor participa do Japan International Manga Awards, mas ele já possui um prêmio importante em seu currículo: seu quadrinho Parzifal foi vencedor do Prêmio Cátedra Literária Unesco-PUC de Melhor Literatura Juvenil em 2017.

Em março, Hiro Kawahara irá ao Japão a convite do governo japonês para receber o prêmio e divulgar a obra vencedora.

(Por Silvio Mori, do portal Japão Hoje)

Edi Carlos, da Editora JBC, Ikuina Akiko, Ministra das Relações Exteriores do Japão, e o autor Hiro Kawahara

FONTE: BRASIL NIKKEI

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