POLÍTICA ‘Não podemos esquecer nossas origens’, diz vereador Marcio Kenji Ito
‘Não podemos esquecer nossas origens’, diz vereador Marcio Kenji Ito
Eleito com 32.495 votos para o seu primeiro mandato, o vereador Márcio Kenji Ito – ou Kenji Palumbo – nome de urna com o qual ficou conhecido por trabalhar durante anos com o Delegado Palumbo, hoje deputado federal pelo MDB-SP – aproveitou o período de recesso parlamentar na Câmara Municipal de São Paulo para, literalmente, colocar a casa em ordem. No seu caso, o Gabinete 618 – o mesmo que era ocupado por Aurélio Nomura – agora primeiro suplente do PSD.
Quando a reportagem do jornal Brasil Nikkei esteve em seu Gabinete, no dia 22 de janeiro, um calendário do Consulado Geral do Japão em São Paulo decorava provisoriamente a sala ao lado. A ideia é, em breve, colocar também uma bandeira do Japão ao lado do pavilhão nacional e das bandeiras do município e do Estado de São Paulo. A parede, antes branca, também ganhou a cor cinza.
Bandeira do Japão – “Tem muitas coisas que a gente vai mudar. Pretendo trazer mais algumas coisas que remetem à questão da nossa origem como, por exemplo, uma bandeira do Japão que ainda estamos procurando para colocar aqui”, conta. E, em tom de brincadeira, avisa: “Quem tiver uma bandeira do Japão pode nos procurar”.
Raízes que, aliás, devem ficar ainda mais fortes em seu mandato. “Este ano vamos comemorar os 117 Anos da Imigração japonesa no Brasil e os 130 Anos do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação Brasil-Japão”, conta o parlamentar, que está sendo bastante “requisitado” pela comunidade japonesa – no dia seguinte à visita da reportagem do jornal Brasil Nikkei ao seu Gabinete, Kenji Palumbo tinha agenda com algumas lideranças nikkeis, entre eles o presidente do Kenren – Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil – José Taniguti, além de representantes de entidades assistenciais.
No dia 31 de dezembro ele já havia marcado presença no Moti Tsuki Matsuri – Festival do Bolinho da Prosperidade – realizado pela Acal – Associação Cultural e Assistencial da Liberdade – na Praça da Liberdade, no centro de São Paulo. No dia 25 agora o parlamentar também esteve no Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – para participar do Shinnenkai (Celebração de Ano Novo).
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Não estou contra o prefeito, mas a favor da população, diz Kenji Ito
Segurança – “A gente reservou algumas datas para deixar como presença obrigatória. Não vai dar para ir em todas as associações, mas farei esforço para ir pessoalmente ou enviar algum representante para estarmos presentes no máxino que pudermos”, assegura Kenji, que nesses primeiros dias de mandato espera fazer um levantamento para identificar as necessidades mais urgentes das entidades e associações.
Isso sem deixar de lado as bandeiras pelas quais foi eleito. A principal delas, é claro, refere-se à segurança. Segundo ele, um tema muito complexo. “Quando a gente fala em segurança, estamos nos referindo a muitas questões que não podem ficar de fora como, por exemplo, a violência que se tem contra as mulheres, a violência que se tem contra as crianças, a violência e abuso que se tem contra incapazes e autistas e até violência contra animais. Ou seja, o leque da segurança é muito amplo. Não podemos falar só do roubo em si, do telefone celular, mas a gente tem que falar de outros assuntos que envolvem a segurança”, destaca o vereador que, desde que assumiu, em 1º de janeiro, já protocolou três projetos de leis, sendo um de sua autoria e dois em coautoria que servem para ilustrar a diversidade de
problemas que envolvem uma cidade do tamanho de São Paulo.
Com Lucas Pavanato, apresentou um PL propondo regulamentar o “serviço de transporte remunerado privado individual de passageiros em motocicletas intermediado por empresas operadoras de aplicativos”, como a 99, uma briga que vem sendo travada pelo prefeito Ricardo Nunes. “Existe uma celeuma que diz respeito à questão de uma norma federal e aí de um decreto municipal. O prefeito é contra essa normativa federal e expediu um decreto proibindo o serviço de transporte de passageiros, criando essa divergência em relação aos aplicativos, ou basicamente ao aplicativo 99, que presta serviços de transporte de passageiros”, explica Kenji, afirmando que não é contra o chefe do executivo,
mas contra a narrativa do prefeito.
Postura independente – “A nossa narrativa é que a gente não pode ir contra o serviço prestado para a população e que geram empregos, gera imposto, enfim, gera uma série de benefícios para a cidade São Paulo que nunca se teve. Para se ter uma ideia, aqui geraria, em média, 10 mil empregos diretos, fora os indiretos, que seriam, os serviços alimentares e outros tipos de transportes”, diz, acrescentando que o aplicativo entraria onde o transporte público é carente.
“A Prefeitura alega que causaria acidentes e mortes. Então, teria que proibir também o serviço de iFood”, destaca Kenji, afirmando que não se trata de uma briga contra o prefeito, mas “de defender os interesses da cidade de São Paulo”.
“Muitas das vezes os interesses da Prefeitura não conjugam com os interesses coletivos. A gente não entra na briga contra o prefeito. A gente entra a favor da população. Se a Prefeitura apresentar um projeto que beneficie a população, vamos votar a favor. Só que os projetos que sejam contra a população a gente não pode votar a favor do prefeito”, diz Kenji, afirmando que pode esperar dele uma postura de “independência” em relação ao prefeito Ricardo Nunes, “não de oposição”.
Marca própria – Para o parlamentar, o importante é aproveitar esses primeiros dias de mandato para “entender a engrenagem da Casa e apresentar bons projetos. E, para os eleitores que votaram no vereador Kenji Palumbo esperando uma continuação dos trabalhos do Delegado Palumbo, ele explica que “são dois projetos paralelos”. “Hoje o Delegado está em Brasília e entendemos que temos um trabalho paralelo na Câmara Municipal de São Paulo. É lógico que conjumina uma coisa com a outra. Os projetos são basicamente os mesmos, que são os interesses da coletividade, que são os interesses, por exemplo, que envolvem a segurança, o combate à criminalidade. E também, lógico, vamos agregar
a questão do nosso lado, isto é, pincelar dentro dos nossos próprios princípios, não fugindo das questões prioritárias, mas a gente vai buscar dar nosso nome ao nosso mandato”, conclui o vereador.
(Aldo Shiguti)