Entrada na Opep é aposta em modelo obsoleto de desenvolvimento
O anúncio, feito na segunda (18/02), de que o Brasil aceita o convite da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) para aderir à “carta de cooperação” da Opep, o fórum de discussão dentro da estrutura do grupo, do qual participarão os países da Opep e da Opep+ é extremamente preocupante na medida em que reforça os diversos sinais dados nos últimos meses de que o governo aposta em um modelo obsoleto de desenvolvimento, baseado na queima de combustíveis fósseis.
O anúncio, feito pelo Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, após participar de reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), vem na esteira de uma pressão sem precedentes sobre o IBAMA para liberar a exploração de petróleo na sensível região da foz do Amazonas, e de declarações enviesadas, por parte das lideranças da Petrobras, acerca da necessidade de explorarmos mais petróleo. O fato é que poucos países no mundo estão tão bem posicionais para a transição para energias renováveis.
Com a decisão de “explorar petróleo até a última gota”, como declarado pelo ministro no ano passado, o país está abrindo mão de ser um líder da nova economia descarbonizada que o colapso climático exige de todas as nações. A opção pelo petróleo retém o país em uma matriz e em tecnologias obsoletas que, nas próximas décadas, nos colocarão dependentes das nações que efetivamente desenvolveram tecnologias para exploração de energias limpas.
Ao alinhar-se ao cartel dos produtores de energias fósseis, o Brasil dá um tiro no pé da nossa agropecuária, que ano após ano tem sido castigada pelos eventos extremos causados pela queima de petróleo, gás e carvão.
Os brasileiros já estão pagando mais caro pela comida por conta de um clima que mudou por causa da queima do petróleo. E surpreende que o atual governo decida, sem apresentar um plano de transição energética, acelerar em tamanho retrocesso justamente no ano em que o país sediará a conferência do clima da ONU, quando o mundo se reunirá para enfrentar o colapso que já afeta economias e milhões de pessoas em todo o mundo.
Esta decisão acontece em um ano em que, apenas nos primeiros meses, milhares de pessoas perderam móveis, eletrodomésticos, carros e até entes queridos nas enchentes e deslizamentos causados por um clima alterado justamente pela queima de petróleo.
FONTE: WWF BRASIL