COP30 é oportunidade para fortalecer o multilateralismo e a ação global contra a crise climática
A presidência da COP30 divulgou nesta segunda-feira (10) uma carta que reforça a importância do multilateralismo como ferramenta essencial para enfrentar a crise climática. O documento destaca que soluções individuais, de países ou empresas, não são suficientes para combater os impactos das mudanças climáticas, tornando o diálogo e a cooperação internacional fatores determinantes para a implementação de medidas eficazes.
A carta também reforça que esta será a COP da implementação, enfatizando a necessidade de integrar diferentes saberes e perspectivas, incluindo a participação ativa de lideranças indígenas. A sinergia entre ciência, tecnologia e conhecimentos tradicionais é apontada como fundamental para o enfrentamento das crises climática e de biodiversidade.
“O cenário político-econômico global mostra que estamos diante de uma encruzilhada e nosso futuro dependerá da escolha da direção certa. O que a presidência da COP30 está explicitando é que não há outra opção a não ser seguirmos unidos para garantir nossa segurança climática, energética e alimentar. A COP30 é um espaço privilegiado para o diálogo e a cooperação e o mundo não pode perder esta oportunidade”, afirma Alexandre Prado, líder em mudanças climáticas do WWF-Brasil.
Outro ponto central do documento é o chamado coletivo para a ação climática. A presidência da COP30 ressalta que o sucesso do evento não depende apenas do Brasil, mas sim de um esforço global, afastando a ideia de que um único país possa “salvar o mundo”. Adicionalmente, chama todos os setores para considerarem as medidas de adaptação no mesmo nível do engajamento para mitigação, destacando o contexto em que estamos inseridos de frequentes episódios de catástrofes climáticas, onde se adaptar significa criar resiliência para diminuir as perdas vistas nos últimos anos.
O documento também responde às demandas do movimento indígena global e brasileiro ao destacar a criação do Círculo das Presidências, que reforça a importância da voz dos povos originários no debate climático. Esse movimento fortalece iniciativas como a Troika Indígena, ampliando o protagonismo das comunidades tradicionais na construção de soluções sustentáveis.
Outro conceito relevante abordado na carta é o balanço ético global, que busca conectar a discussão climática a princípios de justiça ambiental. O texto também aborda a necessidade de reformulação do sistema financeiro internacional, apontando para a revisão do papel de bancos multilaterais e instituições financeiras no financiamento da transição ecológica.
A carta ressalta ainda a importância de ações concretas para mitigação, adaptação, tecnologia e capacitação, alinhadas aos pilares da Convenção do Clima de 1992. Apesar de reconhecer os avanços na estrutura de regulação climática, o documento destaca a necessidade de tornar mais evidente o caminho para a implementação dos Planos Nacionais de Adaptação (NAPs) e das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).
No entanto, o documento carece de aprofundamento em como será a implementação em setores específicos, bem como a gradual eliminação da exploração e consumo de combustíveis fósseis, e a transição e erradicação das emissões nas atividades de agricultura e uso da terra. É preciso haver um chamado para que estes temas sejam aprofundados nas NDCs e nos debates sobre financiamento que ocorrerão neste ano. Da mesma forma, faz-se necessário mencionar oceanos, zonas costeiras ou comunidades pesqueiras, que oferecem algumas das principais oportunidades para mitigar as emissões e que precisam urgentemente de ações de adaptação.
Com esse posicionamento, a COP30 se consolida como um marco para a implementação de ações climáticas efetivas, convocando todos os setores da sociedade global a agir de maneira conjunta e coordenada.
FONTE: WWF BRASIL