OMS: ações de combate à tuberculose salvaram 79 milhões de vidas desde 2000
Doença segue como infecção mais letal do mundo; Organização Mundial da Saúde pede mais investimentos urgentes para prevenção e tratamento para uma enfermidade que tem cura; em 2023, apenas 26% do orçamento de US$ 22 bilhões foram cobertos; área de pesquisa está em crise.
Este 24 de março é o Dia Mundial de Combate à Tuberculose.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS, o baixo financiamento para prevenir e tratar a doença está ameaçando milhões de vidas em todo o globo.
Doença tem cura, mas precisa de ação
A maior parte dos casos de infecção está em países de rendas baixa e média. A OMS alerta para a necessidade de investimentos contra uma doença que tem cura e pede urgência.
Este ano, o tema é: Sim! Podemos acabar com a tuberculose com compromisso, investimento e ação, numa tradução livre.
O diretor-geral da agência, Tedros Ghebreyesus, destaca uma emergência com prestação de contas e esperança, que podem ser replicadas com base nos grandes avanços dos últimos 20 anos.
Ele lembra que este momento de cortes em financiamento já prejudica o acesso a serviços de prevenção e tratamento contra a tuberculose.
Há um ano e meio, líderes de todo o mundo reunidos na Assembleia Geral da ONU prometeram acelerar programas de ação para erradicar a doença, mas a ação ainda é precária.

OMS/Hamad Darwish
A pandemia de Covid-19 reverteu anos de progresso global no combate à tuberculose
Infecção considerada oportunista em casos de HIV
Em 2023, mais de 1,2 milhão de pessoas morreram de tuberculose incluindo 161 mil pacientes com HIV. Considerada uma infecção oportunista para soropositivos, ela os deixa mais expostos sem os recursos adequados de saúde.
Naquele mesmo ano, o apelo de US$ 22 bilhões para prevenir e tratar a tuberculose foi coberto em apenas 26%. Sem investimentos, mais pessoas morrerão de uma infecção inteiramente tratável.
A OMS afirma que a tuberculose é a doença com o maior número de mortes numa enfermidade gerada por um único agente infeccioso.
É também a causa número 1 de óbitos por resistência antimicrobiana, quando o organismo desenvolve resistência a medicamentos. O aumento desses casos é mais sentido na Europa. O risco faz com que muitos médicos não receitem antibióticos a não ser em necessidade extrema.
Em 2023, 10,8 milhões foram infectados
Segundo a agência da ONU, 10,8 milhões de pessoas foram infectadas em 2023 incluindo 1,3 milhão de crianças. A tuberculose está presente em todos os países e faixas etárias.
Mas quase metade dos casos de se concentram em oito nações: Bangladesh, China, Índia, Indonésia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e África do Sul.
Devido a ações globais, 79 milhões de vidas foram salvas desde 2000, mas esses esforços precisam ser multiplicados para se atingir uma meta semelhante nos próximos anos.
Em seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, um plano de ação que expira em 2030, a ONU estabeleceu o fim da epidemia como um de suas metas na área de saúde.
Pesquisa está em crise ameaçando avanços
Uma outra área de subfinanciamento é a de pesquisa, que está em crise. Apenas 20% dos US$ 5 bilhões necessários em 2022 foram entregues à comunidade científica, há dois anos, o que atrasou avanços em diagnósticos, tratamentos e vacinas.
O combate à tuberculose também esbarra em emergência geoestratégicas.
Os conflitos em regiões do Oriente Médio, África e Leste da Europa agravam a situação dos mais vulneráveis para tratamento da doença.

OMS
A Organização Mundial da Saúde, OMS, marca o Dia Mundial da Tuberculose em 24 de março com uma mensagem de esperança e urgência
Força-Tarefa da OMS estabeleceu 5 prioridades
Para enfrentar a crise, a OMS montou uma Força-Tarefa do diretor-geral da agência e da sociedade civil.
Na semana passada, o grupo divulgou um comunicado conjunto exigindo ações imediatas e coordenadas dos governos, de líderes de saúde global, doadores e legisladores para evitar mais impedimentos ao avanço do combate à tuberculose no mundo.
O grupo estabeleceu cinco prioridades:
- Enfrentamento urgente de interrupções assegurando que a resposta atenderá à escala da crise.
- Assegurar o financiamento doméstico e garantir acesso equitativo e sem interrupções contra tuberculose assim como o tratamento necessário
- Salvaguardar serviços essenciais incluindo acesso a medicamentos vitais, diagnóstico, tratamento e proteção sociais através de cooperação cruzada.
- Estabelecimento ou revitalização de plataformas nacionais de colaboração, promovendo alianças na sociedade civil, ONGs, doadores e sociedades especializadas em combater os desafios.
- Aumentar o monitoramento e os sistemas de alerta precoces para avaliar o impacto em tempo real e detectar as interrupções a tempo.
Cada dólar investido gera US$ 43 em retorno
A OMS afirma que o investimento no combate à tuberculose é uma obrigação moral. Para cada dólar gasto na prevenção e tratamento, existe um retorno econômico de US$ 43.
A agência da ONU divulgou novas diretrizes técnicas sobre ações críticas para a continuidade do tratamento com foco na prevenção e detecção precoce da tuberculose e de comorbidades. A meta é otimizar o gerenciamento já no primeiro contato com o paciente e melhorar as consultas posteriores.
A recomendação da Agência da ONU também incentiva um melhor uso de sistemas existentes de saúde, lidando com fatores comuns de risco como superlotação, tabaco, subnutrição e poluentes ambientais.
Estratégia unificada para melhorar resultados
A OMS quer combater os determinantes da tuberculose juntamente com doenças transmissíveis e crônicas, condições pulmonares e deficiências através de uma estratégia unificada.
Com isso, a agência espera obter uma resposta global mais forte com melhores resultados de saúde.
O dia 24 de março foi escolhido por ser a data, no ano de 1882, em que o médico Robert Koch anunciou ter descoberto a bactéria causadora da tuberculose, também conhecida como o bacilo de Koch. A doença é causada pela Mycobacterium tuberculosis que afeta o pulmão.

© OMS Índia/Sanchita Sharma
OMS divulgou novas diretrizes técnicas sobre ações críticas para a continuidade do tratamento com foco na prevenção e detecção precoce da tuberculose
Sintomas e cuidados
A tuberculose é transmitida pelo ar quando a pessoa tosse, espirra ou cospe. Para se infectar, é preciso inalar apenas alguns germes de alguém doente.
Os sintomas mais comuns são: tosse prolongada, dores no peito, cansaço ou fatiga, perda de peso, febre e calafrios pela madrugada.
Quase sempre, esses sintomas permanecem suaves por vários meses, o que atrasa a procura por atendimento e aumenta o risco de infectar outras pessoas.
FONTE: ONU NEWS