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Afluentes e confluências de quatro anos do programa VAC

O quanto caminhamos até aqui? Como afluentes que vão criando confluências e fazendo um rio ganhar corpo, os quatro anos do Programa Vozes pela Ação Climática Justa no Brasil (VAC) desaguaram em uma rede de mais de 80 organizações agrupadas em 15 coalizões que tem contribuído no debate sobre justiça climática na Amazônia Legal, com protagonismo dos territórios e das pessoas que vivem nele.  

“Com VAC, nos últimos dois anos a gente começa a puxar mais essa pauta das mudanças climáticas, que a gente não tinha muito”, refletiu Liliane Xavier, secretária-executiva da Rede Juruena Vivo, membro da coalizão NÓS.  

O sentimento foi compartilhado por muitos ao longo de três dias juntos no VI Fórum de Parceiras VAC Brasil, o último encontro presencial oficial do programa. O encontro que aconteceu em Brasília, de 11 a 13 de março, reuniu representantes dessas 15 coalizões para celebrar as conquistas dos quatro anos de projeto, refletir sobre os desafios e conversar sobre o futuro. Em tempos difíceis, mas pisando suavemente sobre a terra, é sempre um sopro de esperança reunir a rede diversa de VAC. 

“VAC tem sido pra nós organizações que formaram essa aliança aqui no Brasil – WWF-Brasil, Hivos, Avina, IEB -, esse espaço de aprendizagem e desconstrução.  Erramos às vezes, mas tivemos humildade de reconhecer e fazer ajustes. E tivemos o olhar atento e cuidadoso para além do programa para complementar as ações das organizações que formam parte dessa rede”, complementou Rogenir Almeida, da Fundación Avina. 

Iniciado em 2021, a ambição do programa no Brasil foi que até 2025 as populações locais da Amazônia Legal, tanto rurais quanto urbanas, sobretudo mulheres e jovens, ocupassem um papel central nas discussões sobre justiça climática, propondo soluções e ações, e tendo suas vozes amplificadas e ouvidas nos espaços de tomada de decisão que impactam seus modos de vida. Para isso, os projetos abordaram três eixos principais: formação (qualificação de pessoas e lideranças locais em diversas temáticas); narrativas e comunicação (storytelling); e incidência coletiva e colaborativa para transformar políticas e fluxos financeiros. Além disso, o programa enfatizou a importância de construção de movimentos, formação de pessoas e criação de redes por meio da conexão entre pessoas e organizações. 

Esse aspecto foi muito mencionado no evento, reforçando a importância do incentivo feito no início do programa no Brasil para que as organizações mandassem propostas em coalizões, se conectando, se apoiando e se complementando. “O VAC trouxe isso da gente atuar em coalizão, mostrando que a gente não precisa trabalhar sozinho, mas, sim, fazer alianças”, disse Ianny Borari, da Escola de Ativismo. 

Durante os três dias de Fórum, foram realizadas diferentes atividades pelas manhãs, com apresentações sobre as ações do programa e debates sobre temas fundamentais para a rede. Durante as tardes, houve os Afluentes VAC, espaço em que cada coalizão pode apresentar as suas conquistas, destaques e desafios na implementação dos projetos ao longo dos quatro anos de VAC. Essas ações e resultados foram compondo uma linha do tempo que crescia pouco a pouco, como um rio e suas confluências. 

Angélica Mendes, do WWF-Brasil e que participa desde o início do programa do Time Regional Brasil, relembrou grandes marcos do projeto e destacou como o VAC promoveu transformações nas pessoas e nas organizações, em especial o protagonismo das pessoas que estão nos territórios da Amazônia Legal. “VAC já chegou transformando as nossas organizações. A gente vê muitas organizações falando sobre Amazônia, mas poucos amazônidas envolvidos. E com VAC a gente percebeu essa virada de chave, essa transformação organizacional onde a gente vê nas lideranças sempre a busca por ter pessoas da Amazônia.” 

No primeiro dia, começamos a construir a linha do tempo relembrando os grandes marcos coletivos de VAC e as ações de comunicação do programa. No segundo dia, tivemos uma análise coletiva de conjuntura política, facilitada por Juliana Strobel da Fundación Avina, e a apresentação do Fundo Casa Socioambiental sobre a Chamada para Defensores Ambientais e Emergências Climáticas, uma iniciativa de VAC liderada pelo Fundo, que trará novas possibilidades de apoio a partir de uma nova chamada. Já no terceiro dia, tivemos uma manhã para tratar da jornada rumo à COP 30 e entender as percepções de cada organização sobre a conferência que acontecerá em Belém do Pará, em novembro. 

No fim dos três dias, o encontro chegou ao fim com o sentimento compartilhado de que essa pequena nascente VAC foi se ampliando ao longo desses anos de implementação do projeto, ramificando em uma diversidade de afluentes para se tornar um rio profundo e volumoso, cheio de vida e realizações. O programa VAC ainda segue para seu ano final de atuação no Brasil em 2025. 

Vozes pela Ação Climática Justa 

O Programa Vozes pela Ação Climática Justa (VAC) é uma aliança global idealizada por seis organizações da sociedade civil  (WWF, Hivos, Fundación Avina, SouthSouthNorth (SSN), Akina Mama wa Afrika e Shack Dwellers International (SDI)) e financiada pelo Ministério das Relações Exteriores da Holanda, com ações em sete países do Sul Global. Além do Brasil, VAC também está presente na Bolívia, Paraguai, Tunísia, Quênia, Zâmbia e Indonésia.  

No Brasil, o Programa é coordenado por Fundación Avina, Hivos, Instituto Internacional de Educação do Brasil – IEB, WWF-Brasil e Fundo Casa, tendo apoiado, desde 2021, mais de 80 organizações, movimentos e coletivos, articuladas em 15 coalizões. 

Jovens das 15 coalizões do programa durante o Fórum

© Katarina Silva/WWF-Brasil

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FONTE: WWF BRASIL

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