Sem equidade, inteligência artificial pode aumentar desigualdades, diz Unctad
Agência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento divulgou relatório sobre tecnologia, inovação e inclusão; Brasil é citado por potencial; Estados Unidos e China concentram 33% de publicações sobre tema e 60% de patentes.
O uso da inteligência artificial tem potencial para realizar avanços para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável além de melhorar a produtividade e os meios de subsistência.
Mas sem gerenciamento ético e transparente, a nova tecnologia pode aumentar as desigualdades socioeconômicas.
IA concentrará 29% de mercado global em 2033
O alerta é da Agência da ONU para Comércio e Desenvolvimento, Unctad.
No Relatório sobre Tecnologia e Inovação: inteligência artificial inclusiva para o desenvolvimento, divulgado na segunda-feira, a agência apresenta políticas de ciência e inovação para os países-membros com base num progresso equitativo e inclusivo.
A inteligência artificial, IA, deve gerar US$ 4,8 bilhões em 2033, um valor 25 vezes maior em apenas 10 anos.
Em 2023, a nova tecnologia representava 7% do mercado mundial de tecnologia de ponta, mas em 2033 esta fatia será de 29%.

© Unsplash/Igor Omilaev
Em 2021, a Unesco adotou a Recomendação sobre Ética da Inteligência Artificial, o primeiro instrumento normativo global sobre o tema
Apenas 100 empresas pagaram pesquisas
O relatório cita três pontos chaves: infraestrutura, dados e habilidades. Hoje, Estados Unidos e China concentram 60% de todas as patentes do setor e 33% das publicações sobre o tema no mundo.
E 40% das pesquisas sobre inteligência artificial foram financiadas por apenas 100 empresas em 2022. Nenhuma delas era de um país em desenvolvimento.
A secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan, afirma que é preciso estabelecer um equilíbrio que possa levar a mais inclusão dos países e populações à IA, à medida que cresce o interesse sobre a nova tecnologia.
Com IA cria-se uma agricultura e redes energéticas mais inteligentes e eficientes. Pode-se melhorar também o planejamento urbano com cidades mais inclusivas.
Mas como a tecnologia avança mais rápido que as mudanças nas políticas governamentais, aumenta-se também o risco de desigualdades, divisões e perdas.
A nova tecnologia poderia afetar 40% de trabalhos em todo o mundo.
Brasil, Índia e Filipinas têm grande potencial
A Unctad vê grande potencial em países como Brasil, Índia e Filipinas.
Essas nações criaram grandes grupos de desenvolvedores e programadores. Nas Filipinas, a atividade cresceu 30% em apenas um ano de 2022 a 2023.
A ONU está atuando para fechar as lacunas de desigualdade com a promessa da implementação pelos países que firmaram o Pacto para o Futuro e o Pacto Digital Global com uma série de compromissos para melhorar a governança internacional da inteligência artificial beneficiando toda a humanidade.
FONTE: ONU NEWS