Justiça do Paraná decide que brasileiro acusado de matar esposa e filha no Japão vai a júri popular
O Tribunal reconheceu indícios de crime doloso e manteve a prisão preventiva do réu
A Justiça Federal do Paraná (JF-PR) decidiu na quinta-feira (10) que Anderson Robson Barbosa, paranaense acusado de matar a esposa e a filha no Japão em agosto de 2022, irá a júri popular. A decisão foi tomada pelo juiz federal Guilherme Roman Borges, da 13ª Vara Federal de Curitiba.
“Por ora, há o convencimento suficiente da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação do acusado”, ressaltou o juiz.
O magistrado reconheceu indícios de crime doloso contra a vida (duplo homicídio qualificado) e manteve a prisão preventiva do réu, detido desde julho de 2023. O processo avançou após o depoimento de Anderson e de testemunhas residentes no Japão, entre 26 de novembro e 4 de dezembro do ano passado.
O Ministério Público Federal pediu a pronúncia do réu com todas as qualificadoras previstas na denúncia: motivo fútil (por não aceitar o divórcio e a possível perda do visto japonês), meio cruel, feminicídio (por violência de gênero e em contexto doméstico), e dificuldade de defesa das vítimas.
A defesa, por sua vez, contestou parte das qualificadoras: a de motivo fútil e feminicídio em relação à esposa e a de assegurar a impunidade de outro crime em relação à filha.
O julgamento, ainda sem data marcada, ocorrerá no Brasil devido a um acordo de cooperação jurídica internacional, já que Barbosa não pode ser trazido para o Japão porque não existe um tratado de extradição entre os dois países.
Entenda o caso
O brasileiro é acusado de matar a facadas a esposa japonesa Manami Aramaki, 29 anos, e a filha Lily, 3 anos. Elas foram encontradas mortas no apartamento onde moravam, em Sakai (Osaka), na manhã de 24 de agosto de 2022, com várias perfurações principalmente na parte superior dos corpos.
Ele foi colocado na lista de procurados internacionais pela polícia de Osaka em setembro de 2022 e fugiu do Japão antes do crime ser descoberto.
Prisão
Barbosa foi preso em São Paulo pela Polícia Federal em 14 de julho de 2023, quase um ano depois do crime. Segundo uma nota divulgada pela PF logo após a prisão, “Barbosa teria fugido para o Brasil após o crime e, em ação de cooperação internacional entre a Polícia Federal e as autoridades policiais do Japão, foi localizado e preso nesta data”.
A PF cumpriu também mandado de busca e apreensão na casa da família do brasileiro em Cambé (PR). Os mandados judiciais foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba (PR).
Quais são as acusações contra ele?
Em 15 de agosto de 2023, Barbosa se tornou réu após a Justiça Federal ter aceitado a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra ele por duplo homicídio qualificado por motivo fútil, com emprego de meio cruel, que dificultou e impossibilitou a defesa das vítimas, e por ter assassinado a própria filha.
A denúncia também qualificou o crime pelo fato do brasileiro ter matado a esposa no contexto de feminicídio, ou seja, de violência doméstica e com menosprezo à condição da mulher.
O MPF de Curitiba argumentou que Barbosa teria matado sua esposa e filha porque não queria o divórcio.
De acordo com documentos judiciais do MPF, que incluem informações fornecidas pela polícia japonesa, a esposa desejava se divorciar de Barbosa devido ao seu comportamento abusivo e violento.
No entanto, o brasileiro estava preocupado que, caso se divorciasse, perderia seu visto para continuar morando no Japão, onde estava há mais de 9 anos, e por isso decidiu cometer o crime, segundo o MPF.
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