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Violência no Sudão mata equipe da ONU e leva sudaneses a fugir para o Chade

Desde início da guerra, mais de 844 mil pessoas foram acolhidas pela nação vizinha, que precisa de financiamento; ataque a comboio da ONU matou cinco pessoas e feriu várias; instalações do Programa Mundial de Alimentos já haviam sido bombardeadas na semana passada.

O número de refugiados sudaneses que chegaram ao Chade triplicou em um período de dois anos. Cerca de 1,2 milhão de pessoas estão abrigadas no país vizinho, sendo que 844 mil fugiram da guerra que eclodiu no Sudão em abril de 2023.

O conflito entre as Forças Armadas Sudanesas, SAF, e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido, RSF, se intensificou nos últimos meses, gerando uma onda de violência crescente na nação africana.

“Pressão insustentável”

Antes desta crise, o Chade já abrigava aproximadamente 409 mil refugiados sudaneses que fugiram de ondas anteriores de conflito em Darfur entre 2003 e 2023.

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, alerta que o alto volume de pessoas está colocando uma “pressão insustentável” sobre a capacidade de resposta do país anfitrião.

O fluxo mais recente para o Chade começou no final de abril após ataques violentos de grupos armados em Darfur do Norte. Alguns dos alvos foram os campos de deslocados de Zamzam e Abu Shouk e a cidade de El Fasher. Mais de 300 civis foram mortos nesses locais e outros milhares fugiram para salvar a própria vida.

Milhares de refugiados chegam ao Chade vindos do Sudão

Acnur/Caitlin Kelly

Milhares de refugiados chegam ao Chade vindos do Sudão

Ataque a comboio da ONU

Cinco membros de um comboio humanitário da ONU foram mortos na noite desta segunda-feira e vários outros ficaram feridos durante um ataque perto de Al Koma, também em Darfur do Norte.

Em nota, o secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou veementemente o “horrendo ato de violência contra o pessoal humanitário que literalmente colocou suas vidas em risco”, na tentativa de alcançar crianças e famílias vulneráveis ​​nas áreas afetadas pela fome no Sudão.

O comboio era composto por 15 caminhões, que carregavam suprimentos nutricionais e alimentos. Muitos veículos foram queimados e a carga destruída. Este seria o primeiro comboio humanitário da ONU que chegaria a El Fasher em mais de um ano.

Rota foi compartilhada

A rota foi compartilhada com antecedência, e as partes em conflito foram notificadas e estavam cientes da localização dos caminhões.

Na última quinta-feira, as instalações do Programa Mundial de Alimentos, WFP, em El Fasher, foram bombardeadas repetidamente, de acordo com um  relatório  do Escritório para Coordenação de Ajuda Humanitária, Ocha.

Um dia depois, o Hospital Internacional Eldaman em Al Obeid foi atingido por um ataque de drone, matando pelo menos seis profissionais de saúde e ferindo mais de 15. Segundo relatos, ambos os ataques teriam sido realizados pela RSF.

Refugiados do Sudão chegam a Adre, na fronteira com o Chade

Acnur/Andrew McConnell

Refugiados do Sudão chegam a Adre, na fronteira com o Chade

1,4 mil novas chegadas por dia no Chade

Devido à violência crescente, em pouco mais de um mês, 68.556 refugiados cruzaram a fronteira para as províncias de Wadi Fira e Ennedi Est, no Chade, com uma média de 1,4 mil novas chegadas por dia.

Mais de sete em cada 10 “relatam violações graves dos direitos humanos, incluindo violência física e sexual, detenção arbitrária e recrutamento forçado”.

Com base em entrevistas com 6.810 refugiados recém-chegados, o Acnur identificou que seis em cada 10 foram separados de seus familiares. Entre as crianças em idade escolar, 66% estão atualmente sem acesso à escola.

Apesar dos esforços das equipes humanitárias e das autoridades locais, a resposta de emergência continua subfinanciada no Chade.

Refugiados sem acesso adequado a abrigo e água

Apenas 14% das necessidades atuais de abrigo estão sendo atendidas, deixando milhares de pessoas expostas a condições climáticas extremas e insegurança.

Atualmente, os refugiados recebem apenas 5 litros de água por pessoa por dia, bem abaixo do padrão internacional de 15 a 20 litros para as necessidades básicas diárias.

Além disso, cerca de 290 mil refugiados permanecem presos na fronteira, expostos ao risco de mais violência.

A porta-voz do Acnur, Eujin Byun, afirmou que “as vidas e o futuro de milhões de civis inocentes estão em jogo”.

Ela afirmou que essa é uma “crise de mulheres e crianças”, pois elas representam nove em cada 10 refugiados que cruzam a fronteira.

FONTE:ONU NEWS

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