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Ato pela Terra: a luta pela vida e contra o Pacote da Destruição ambiental continua

Foi uma jornada de mais de oito horas em defesa da vida — da vida dos povos indígenas, dos quilombolas, dos agricultores e pescadores, dos povos extravistas e também da população das cidades– e contra o Pacote da Destruição ambiental que caminha com facilidade no Congresso. O Ato pela Terra foi a maior manifestação ambiental já feita no país fora de conferências da ONU (Organização das Nações Unidas).

No começo da tarde desta quarta (9), enquanto uma comitiva de mais de 40 artistas, liderada pelo cantor Caetano Veloso, peregrinava pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e pelo Senado, mais de 230 movimentos e coletivos da sociedade civil reuniam em frente na Esplanada em manifestação contra um conjunto de PLs (Projetos de Lei) que ameaça o meio ambiente e os direitos dos povos indígenas, o Pacote da Destruição.

“Cada um desses projetos retira dos brasileiros um pedaço de seu futuro”, afirmaram as organizações em manifesto entregue aos ministros do STF Rosa Weber, Cármen Lúcia, Luís Barroso e Alexandre de Moraes. “Para premiar um punhado de criminosos, eles condenam os ecossistemas, os assentamentos rurais, os indígenas e os quilombolas. Ampliam o abismo da desigualdade. Mergulham nossa economia no atraso e no descrédito externo e tornam o Brasil um risco climático global.”

Em seguida, os líderes do ato foram ao Senado Federal para audiência com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Caetano Veloso leu um discurso, em que citou tragédias ambientais, como Mariana e Brumadinho, além das enchentes do sul da Bahia. Chamou atenção para os retrocessos em curso –que podem ser barrados, caso Pacheco engavete os PLs que estão no Senado. Leia o discurso na íntegra aqui.

15 mil reunidos na Esplanada

Sob sol quente e céu limpo, os manifestantes começaram a se reunir às 14h, ainda em frente ao Ministério do Meio Ambiente para o ato que estava marcado para 15h para discursos das organizações e coletivos presentes. Um desfile de falas em defesa dos povos mais vulnerabilizados, contra veneno na comida, contra a grilagem, convocava o público a conhecer a escalada que a destruição pode alcançar com essas novas leis em produção na Câmara e no Senado –e se opor a esse projeto contra o meio ambiente e contra a vida.

O diretor de Justiça Socioambiental do WWF-Brasil, Raul Valle, foi um dos representantes que falaram ao público:

“Nós não vamos permitir que os nossos representantes aqui no Congresso Nacional aprovem esse Pacote da Destruição. Nós não vamos permitir que o desmatamento continue avançando no país e que tragédias, como a que aconteceu em Petrópolis (RJ), sejam esquecidas e voltem a acontecer.”

Além dos discursos, aconteceu um show com Caetano Veloso, Alexandre Carlo (Natiruts), Seu Jorge, Criolo, Emicida, Baco Exu do Blues, Nando Reis, Duda Beat, Maria Gadu e Daniela Mercury. O anfitrião do Ato pela Terra abriu as manifestações culturais por volta das 18h. No gramado, estavam distruídos animais infláveis gigantes, bandeiras e faixas.

Caetano Veloso faz questão de lembrar:

“O Brasil tem alma, o Brasil tem gente, o Brasil resiste”

Ainda assim, Lira avança com a boiada

Mesmo com todas essas vozes reunidas, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a poucos metros dali se fez de surdo e avançou com 279 votos a 180 o requerimento de urgência para a apreciação do PL 191. Esse projeto de lei libera sem entraves a mineração e a construção de hidrelétricas em terras indígenas, mesmo sem o aval dos povos que as ocupam.

A sociedade civil seguirá atuante contra esse projeto de destruição.

FONTE : WWF BRASL ( COLABORAÇÃO MIDIA NINJA)

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