Estudo sobre “pobreza menstrual” revela queda na qualidade de vida de japonesas
O governo japonês realizou pela primeira vez uma pesquisa com mulheres que sofrem de “pobreza menstrual”. A expressão se refere à falta de condições para a realização da higiene menstrual de forma adequada graças à dificuldade de aquisição de itens básicos, como absorventes entre outros, e ainda a falta de acesso a serviços de saneamento básico e de informações sobre o tema. O levantamento revelou que as mulheres japonesas têm dificuldades para comprar produtos que lhes garantam a higiene necessária, enfrentando desafios emocionais e declínio na qualidade de vida.
A pesquisa foi feita via online no início de fevereiro com 3.000 mulheres entre 18 e 49 anos de idade, revelando que a geração mais jovem, com renda relativamente baixa, também é impactada pela dificuldade de acesso a itens como absorventes e tampões, publicou a Kyodo News.
Diante do fato de que 49,6% das entrevistadas disseram desconhecer medidas de apoio governamentais, como a distribuição gratuita de produtos sanitários pelos municípios, um funcionário do Ministério da Saúde disse o seguinte: “Trabalharemos com ministérios e agências relacionados para divulgar mais informações sobre os apoios existentes.”
As mulheres foram questionadas se tiveram dificuldade de adquirir produtos de higiene desde fevereiro de 2020, quando iniciou a disseminação do coronavírus, trazendo fortes reflexos na economia do Japão. A esta questão, 8,1% das entrevistadas responderam afirmativamente, algumas citando que isso ocorreu “ocasionalmente” e outras dizendo que foi com “frequência”.
Segundo os dados do governo, a proporção maior foi de 12,9% para as menores de 20 anos, e de 12,7% para aquelas na faixa dos 20 anos, em comparação com os 8,6% das mulheres na faixa dos 30 e 4,1% entre aquelas na faixa dos 40.
O percentual também foi maior entre as mulheres com renda familiar inferior a 3 milhões de ienes, segundo o Ministério.
O estudo revelou que 69,3% das entrevistadas que enfrentam a “pobreza menstrual” sofrem de estresse, e a porcentagem foi menor, 31,1%, entre aquelas que nunca passaram por tal situação.
Para se ter uma ideia, as mulheres afetadas pelo problema tentaram se adaptar à situação. A dificuldade na compra de produtos de higiene fez com que 50,5% delas tentassem trocar absorventes ou tampões com menor frequência, enquanto que 43% preferiram usar papel higiênico como substituto.
O mais preocupante é que o acesso precário aos produtos de higiene fez com que mais de 70% das mulheres apresentassem problemas de saúde, como coceira e erupções cutâneas.
Mas houve também impacto no estilo de vida das entrevistadas: 40,1% disseram que precisaram cancelar passeios particulares e 35,7% falaram que o problema afetou os cuidados com os filhos.
Entre os motivos apontados para não conseguirem comprar produtos para a higiene menstrual foram baixa renda (37,7%) ou simplesmente não ter dinheiro suficiente para esse e outros gastos (28,7%).
As entrevistadas confessaram também que se sentiam envergonhadas ou relutantes em pedir ajuda aos governos locais.
FONTE: ALTERNATIVA ON LINE