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Seu Pedro, meu pai

Seu Pedro, era como todos chamavam meu pai. Ele era um pé de valsa. Ainda bem que se casou com alguém que também adorava dançar, minha mãe, Emiza! Trabalhavam duro o dia todo mas ainda tinham pique para dançar de noite. Outra paixão dele era ouvir música. Não tinha preferência musical, ia de bolero até pagode, de Vicente Celestino, Nelson Gonçalves, Carlos Gardel, Nelson Ned, Frank Sinatra, Cartola, Adoniran Barbosa, Agepê, Angela Maria, Dalva de Oliveira, Ataufo Alves, Anísio Silva, Benito de Paula, Roberto Carlos, Demônios da Garoa, até Zeca Pagodinho, enfim, era um repertório variado. Sempre tinha uma música na vitrola e ele estava sempre cantarolando uma canção.
Pensa num homem bom! Esse era meu pai! Generoso, muito generoso. Mas bravo! Quando ficava bravo era bom não estar por perto. E daí dizia: Ah meu Santo Antônio! Sempre era o mesmo Santo. Outra característica do meu pai é que amava ler e discutir política. Meu pai certamente seria Bolsonarista pois não apreciava os regimes esquerdistas. E apesar de adorar política, e ser um homem carismático, nunca quis se candidatar a nenhum cargo político, dizia que não tinha estômago para isso. Lia todos os jornais: Folha, o Estadão, Diário do Noroeste (jornal de Paranavaí), Folha de Londrina. No interior do Paraná não tínhamos o hábito de ler Gazeta do Povo pois nem sabíamos da sua existência, para nós, o Jornal do Paraná era Folha de Londrina. O 1° livro que nos deu para ler, na década de 1970, foi: Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, do Dale Carnegie, precursor da neurolinguística. Sabia a história do Brasil como ninguém.Todos os presidentes, e a história de cada um deles. Ah! Ele também gostava de filme de faroeste e de Guerra. Ponte sobre o Rio Kwai assisti não sei quantas vezes. Adorava a música tema. Lembram? Aquela que os soldados assobiam. Bonança e Bat Masterson eu assistia com ele, quando morávamos em São Paulo, até 1968. Quando eu tinha 15 anos, queria trabalhar e ganhar meu dinheirinho , meu pai sabiamente me disse: minha filha! Você terá a vida inteira para trabalhar mas somente agora para estudar, então estude! Não é que ele tinha razão?
Meu pai não era fanático por futebol mas torcia para o Santos, mas minha mãe dizia que ele não era Santista e sim Pelésista.
Minha lembrança mais doce dele, era quando ele nos fazia sentar no seu colo, tirava o Trim que ficava no chaveiro que carregava na cintura, para quem não sabe, Trim, era a marca de um cortador de unha, e aparava nossas unhas com toda paciência e perfeição. São essas pequenas lembranças que ficam nos nossos corações, como colchas de retalhos, bem coloridas e que fazem nossas vidas tão especiais! Obrigada pai! Parafraseando Roberto Carlos: “das lembranças que trago na vida, você é a saudade que gosto de ter! Só assim, sinto você bem perto de mim outra vez!”
POR : Madahh

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