Posicionamento: Ameaças ao Instituto Kabu são inadmissíveis e devem ser investigadas
Em mais uma evidência de que a violência se propaga de forma incontrolada pelo país, atingindo prioritariamente os povos originários, o Instituto Kabu, instituição indígena que zela e monitora as terras indígenas Baú e Menkragnoti, localizadas no Pará, relatou ameaças sofridas em áudios e em carta recebida em 12 de setembro de 2022.
O WWF-Brasil condena estes ataques e conclama as autoridades locais, já avisadas, a oferecer todo o suporte de segurança para o instituto, além de investigar o caso com rigor e celeridade, até que os autores das ameaças sejam identificados e sofram as punições aplicáveis pela lei.
Em áudio, um homem acusa o Instituto Kabu de provocar uma operação do Ibama realizada no fim de agosto em Novo Progresso e no distrito de Castelo dos Sonhos, no Pará. Uma carta, por sua vez, exige que o Instituto Kabu encerre as atividades em até 10 dias; caso contrário, poderá sofrer com consequências. O teor das ameaças requer que o poder público proteja as pessoas e as instalações da instituição enquanto investiga sua origem e seus autores.
A identificação e punição desses infratores é de fundamental importância para a segurança dos Kayapó Menkragnoti e de toda a população local que cumpre as leis. Pois a impunidade fez com que Novo Progresso integre a vergonhosa lista dos 10 municípios mais violentos da Amazônia e dos que mais desmatam a floresta desde 2018.
O Brasil é o país que mais matou indígenas nos últimos 25 anos. Segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), em 2020 houve recorde de assassinatos, cerca de 182 naquele ano. Desde 1995 não se via um número tão alto. E infelizmente as ameaças aos Kayapó se somam aos inúmeros casos de violência contra os povos indígenas que lutam para preservar a floresta. Nas últimas semanas, sete pessoas, incluindo adolescentes, foram assassinados em 10 dias na Bahia, Mato Grosso do Sul e Maranhão.
Esta escalada da violência contra os povos indígenas está inserida dentro do atual contexto de uma polarização política exacerbada pelas eleições, mas decorre principalmente do incentivo do atual governo às invasões de terras indígenas para roubo de madeira, garimpo e grilagem de terras. É urgente que se faça justiça e que as políticas de incentivo à preservação da floresta e de proteção a seus povos sejam retomadas.
FONTE: WWF BRASIL