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Conheça a maior e mais nova expedição brasileira ao interior da Antártida

No último dia 28 de setembro, o módulo Criosfera 2 embarcou para a maior operação brasileira no interior do continente antártico. O laboratório totalmente automatizado, sustentável e fabricado em solo nacional auxiliará na coleta de dados ambientais e permanecerá em missão até o início de janeiro de 2023, dependendo da situação climática.

Partindo da Base Aérea de Canoas, no Rio Grande do Sul, para a base de Punta Arenas, no Chile, o módulo desenvolvido por cientistas do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) permanecerá 30 dias em solo chileno e em seguida partirá para a Antártida. A missão integra o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) e também está dedicada à pesquisa sobre climatologia e glaciologia.

O geólogo Jefferson Simões, professor e vice-pró-reitor de pesquisa da UFRGS, conta a GALILEU que esse novo projeto vem para ampliar as atividades que já vinham sendo realizadas desde 2012, quando o módulo Criosfera 1 foi implantado. Segundo o cientista, essa nova fase é uma ação integrada liderada pela UFRGS em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e o Instituto Nacional de Pesquisas e Estatísticas (Inpe).

No total, irão participar oito pesquisadores da universidade gaúcha, sendo que quatro serão responsáveis por acompanhar, testar e instalar o Criosfera 2, retornando logo em seguida. O restante do grupo, liderado por Simões, viajará pelo continente em missão avançada a fim de fazer perfurações de gelo e coletar dados geofísicos.

“Temos objetivos científicos bem claros relacionados à variabilidade do clima na Antártida, na reconstrução da história ambiental e também no entendimento do papel do gelo antártico no controle do nível médio dos mares”, afirma o geólogo.

Estudando o gelo

Diferentemente do Criosfera 1, que estava mais relacionado à pesquisa da química da atmosfera, o segundo módulo utilizará as novas tecnologias para ampliar o olhar para outro setor geográfico, o Mar de Weddell. “Nós queremos aprimorar nosso entendimento de como essa região controla a formação das frentes frias que chegam nas América e até o próprio clima da América do Sul”, explica Simões.

Além dessa pesquisa, o Criosfera 2 também possibilitará o estudo do oceano austral que liga os oceanos Pacífico, Atlântico e Índico. Com esses dados os cientistas poderão entender qual a ligação com as variações nas correntes oceânicas e atmosféricas do Atlântico Sul, que exerce o controle do clima do planeta. 

“Também usaremos os dados para uma previsão meteorológica. Entender essa variabilidade climática tem um impacto socioeconômico muito grande e ajuda a prever eventos climáticos extremos, como ciclones extratropicais”, informa o pesquisador.

De acordo com o especialista, a equipe realizará uma terceira ação: um acampamento científico focado na perfuração de gelo. O material coletado auxiliará nas investigações sobre como a poluição humana atinge a Antártida e como o degelo afeta os oceanos.

“O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas [IPCC] apontou em relatório de 2019 que o aumento do nível médio dos mares varia de 1,1 até 2,1 metros, mas existem alguns cenários mais catastróficos e é exatamente devido à desestabilização dessa parte da Antártida”, completa.

Tecnologia brasileira

Outra novidade é que desta vez o laboratório foi fabricado com tecnologia brasileira. Com exceção de alguns sensores importados, o pró-reitor destaca que toda a infraestrutura, cientistas envolvidos e construção são nacionais. 

O módulo possibilitará investigações sobre formação de frentes frias que atingem o Conesul (Foto: Reprodução/Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

O Criosfera 2 recebeu cerca de 50% dos recursos necessários ao financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) e o restante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Simões ressalta, em comunicado divulgado à imprensa, que o Proantar não é um projeto de governo, mas do Estado brasileiro, financiado por meio de recursos públicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. “Essa iniciativa demonstra a liderança gaúcha, pois hoje cerca de 60% dos projetos de pesquisa do Programa Antártico estão ancorados nas cinco universidades do Rio Grande do Sul”, comemora.

FONTE: AMBIENTE BRASIL (VIA GALILEU)

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