Aumento de salário mínimo e proteção social para enfrentar custo de vida alto, diz OIT
Para uma resposta à crise que reduza as desigualdades e promova a sustentabilidade, a Organização Internacional do Trabalho, OIT, pede proteção social universal, aumentos salariais adequados, maior apoio às economias vulneráveis e respeito aos direitos trabalhistas.
As declarações foram dadas pelo diretor-geral da agência, Gilbert F. Houngbo, durante as Reuniões Anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, FMI, nesta segunda-feira.
© OIT/Sven Torfinn
Jovens trabalhadoras embalam feijão em uma fazenda na Etiópia. Na África, muitos jovens optaram por se retirar completamente do mercado de trabalho
Garantia de benefícios
Houngbo disse que para combater a atual crise econômica e social, uma das prioridades deve ser proteger os mais vulneráveis através do aumento do salário mínimo e da garantia de benefícios de proteção social.
Outras políticas prioritárias incluem o investimento em proteção social e emprego produtivo por meio do Acelerador Global de Empregos e Proteção Social para Transições Justas.
A iniciativa visa estimular a criação de 400 milhões de empregos, inclusive nas economias verde, digital e assistencial, e a extensão da proteção social adequada aos 4 bilhões de pessoas atualmente sem cobertura.
De acordo com o novo chefe da OIT, essas atitudes apoiariam uma mudança para uma abordagem proativa na gestão de crises econômicas, sociais e ambientais e a transição justa necessária para enfrentar as mudanças climáticas.
© World Bank/Dominic Chavez
OIT recomenda que o governo, os empregadores, os trabalhadores e a sociedade civil tenham uma melhor colaboração e parceria
Qualidade e produtividade do trabalho reduzem a desigualdade
Na declaração, o diretor-geral destaca que aumentar o emprego produtivo é essencial para reduzir a desigualdade. Além de uma maior formalização para melhorar a produtividade e a sustentabilidade dos negócios, promover o trabalho decente e dar aos governos mais recursos financeiros para enfrentar a pobreza e a desigualdade.
Para o diretor-geral da OIT, também são necessárias políticas de longo prazo para combater as grandes disparidades de gênero persistentes, inclusive em salários, pensões e qualidade do trabalho.
Segundo ele, “constrangidos pelo aumento dos encargos da dívida e pela redução do espaço fiscal, muitos países agora enfrentam um cenário político assustador”. E “é necessário um novo esforço coletivo para gerenciar melhor e, finalmente, sair dessas crises e evitar crises futuras.”
PMA/Gabriella Vivacqua
ONU defende que desigualdades aumentam
Aumento da desigualdade
Gilbert F. Houngbo enviou um comunicado ao Comitê Monetário e Financeiro Internacional sobre o custo de vida puxado por preços mais altos e uma dissociação do crescimento salarial do crescimento da produtividade, levando à queda dos salários reais.
De acordo com o chefe da OIT, sem ação imediata e aumento de recursos, isso pode aumentar a desigualdade e sobrecarregar as empresas. Ele acrescentou ainda que, com muitos países com espaço fiscal limitado para fornecer apoio às famílias de baixa renda, o que pode levar à agitação social.
Houngbo destacou a necessidade de maior apoio às economias vulneráveis, propensas a enfrentar dívidas altas e crescentes.
Ele afirma que maior respeito pelos direitos trabalhistas e a promoção de empreendimentos sustentáveis e melhores condições de trabalho nas cadeias produtivas podem catalisar o desenvolvimento econômico, a redução da pobreza e maior igualdade de renda entre os países.
O diretor-geral da OIT pediu maiores esforços coletivos para enfrentar as atuais crises inter-relacionadas e que se reforçam mutuamente, ressaltando que tal ação também promoveria a justiça social e, assim, contribuiria para uma paz duradoura.
FONTE: ONU NEWS