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Rodrigo Faour historia diversidade da trilha sonora do Brasil em livro que vai até os anos 2020

♪ Pesquisador musical carioca, Rodrigo Faour é uma enciclopédia ambulante da música brasileira. Devoto das divas da MPB e do samba, o jornalista e escritor também louva as estrelas da era do rádio e as vozes populares da música rotulada como cafona. Sob tal prisma, o segundo volume do livro História da música popular brasileira sem preconceitos expande o universo habitualmente abordado nos textos de Faour.

Como já explicita o subtítulo De fins dos explosivos anos 1970 ao início dos anos 2020, o oitavo livro do pesquisador vai até o momento presente em narrativa que parte do fim da hegemonia da MPB no gosto popular.

Com texto de caráter enciclopédico que torna o livro indicado para quem quer ter visão geral da música do Brasil, país de trilha sonora tão multifacetada como o povo que a consome, Faour passa pela revolução da Vanguarda Paulista em 1980, pela explosão do rock brasileiro em 1982 – fato que abalou as estruturas da MPB como bem sintetizou Gilberto Gil em frase lapidar (“O rock deu uma Blitz na MPB”) – e pela implantação do rap nacional, além de montar breve painel das cenas locais independentes, como a gaúcha. Tudo isso gerou trilha sonora pautada pela diversidade musical, social e sexual.

Fazendo jus ao título, Faour alinha todos os nomes que se destacaram na música do Brasil sem hierarquizar ou minimizar gêneros e artistas. Ao contrário. Na conclusão da narrativa, na página 526, o autor inclusive exalta o predomínio da música rotulada como brega no mercado atual sem que o gênero sofra o patrulhamento estético de outrora (a rigor, ainda há esse patrulhamento por parte de certas elites culturais, só que sem o eco o efeito de antes).

Com notório conhecimento de causa, Faour defende no livro que a massificação da música feita para entretenimento – processo iniciado nos anos 1990 (com o investimento das gravadoras menos em artistas e mais em gêneros como a axé music e o pagode romântico da geração Só pra Contrariar) e amplificado no século XXI com a consolidação das redes sociais e do YouTube – foi tornando a música um produto muitas vezes descartável, com curto prazo de validade.

O pesquisador põe tudo junto e misturado ao longo das 630 páginas do livro, mas, por contar a história em ordem cronológica, o leitor leigo tem visão clara dos (des)caminhos da música brasileira e da indústria dessa música nos 40 e poucos anos abordados em livro que fala tanto de Alcione e Gilberto Gil quanto de Mano Brown e Pabllo Vittar. Da lambada ao trap, do reggae ao piseiro, do Manguebeat ao brega-funk, tudo e todos passam pelo livro, realmente escrito sem preconceito.

História da música popular brasileira sem preconceitos vol. 2 – De fins dos explosivos anos 1970 ao início dos anos 2020 é trabalho de fôlego que, se lido na sequência do primeiro volume, oferece visão completa da pluralidade da música do Brasil. Contudo, o farto índice onomástico facilita a leitura de quem queira se inteirar da atuação de um nome específico nessa história que continua a ser escrita a cada dia.

Por ser admirador confesso tanto de Gretchen quanto de Beth Carvalho (1946 – 2019), sem esquecer Angela Maria (1929 – 2018) e Cauby Peixoto (1931 – 2016), cantores populares que biografou em livros caudalosos, Rodrigo Faour é pesquisador musical com legitimidade para escrever, em tom enciclopédico, a história da música popular brasileira, concluída pelo escritor neste apetitoso segundo volume do trabalho mais ambicioso da produção literária do jornalista.

FONTE: G1 (POR MAURO FERREIRA)

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