Merenda escolar chega a 420 milhões de crianças em nível global
Em meio a uma crise de acesso à comida e dos esforços das famílias para colocá-la na mesa, os governos estão convencidos de que a alimentação escolar é “uma forma poderosa e econômica de garantir o sustento de crianças vulneráveis”.
A constatação é de um novo relatório do Programa Mundial de Alimentos, PMA, revelando que quase 420 milhões de crianças recebem o tipo de refeições em nível global.
Crianças em situação de fragilidade
O Estado da Alimentação Escolar 2022, divulgado nesta terça-feira, indica que as autoridades estão cientes de que as merendas são uma “forma poderosa e econômica” de assegurar que crianças em situação de fragilidade possam comer.
A publicação destaca que o sul da Ásia tem a liderança em beneficiários entre regiões, com 125 milhões. A seguir estão a América Latina e Caribe, com 78 milhões, e o leste Asiático e Pacífico com 60 milhões.
Na lista seguem-se Europa e Ásia Central com 54 milhões, África Subsaariana com 52 milhões, América do Norte com 30 milhões e Oriente Médio e Norte da África com 19 milhões.
Garantir o futuro das crianças
Para o PMA, as refeições escolares são uma rede de segurança vital para crianças e famílias vulneráveis numa realidade global com 345 milhões de pessoas enfrentando níveis críticos de fome, incluindo 153 milhões de crianças e jovens.
O relatório destaca ainda que a indústria envolvendo quase US$ 50 bilhões em programas de alimentação escolar oferece uma oportunidade promissora para ajudar a garantir o futuro das crianças em todo o mundo.
Um total de 75 governos faz parte de uma aliança que visa garantir que todas as crianças com acesso a uma alimentação diária nutritiva nos centros de ensino até 2030.
A publicação assinala um esforço de autoridades para restaurar os programas de merenda gratuita após a interrupção da pandemia de Covid. O número de crianças com o tipo de alimentação em todo o mundo está agora 30 milhões acima do total de 2020, representando cerca de 41% de todas as crianças na escola.
Diferenças entre nações
Para a diretora de Programas Escolares do PMA, é uma boa notícia que governos estejam priorizando o bem-estar das crianças e investindo no futuro.
Para Carmen Burbano, “à medida que o mundo enfrenta uma crise alimentar global, que corre o risco de limitar o futuro de milhões de crianças, as refeições escolares têm um papel vital a desempenhar.”
Em muitos dos países onde o PMA atua, a merenda que uma criança recebe no lugar em que estuda pode ser a única consumida naquele dia.
A agência da ONU destaca as diferenças entre nações mais ricas, com 60% das crianças em idade escolar recebendo refeições, e em desenvolvimento, onde apenas 18% o fazem.
Níveis pré-Covid
Mesmo com a recuperação rápida na maioria das economias, o número de crianças alimentadas na escola em países de baixa renda ainda está 4% abaixo dos níveis pré-Covid, com os maiores declínios observados na África.
A situação deve-se ao aumento pelos países de baixa renda do financiamento doméstico para o tipo de alimentação em cerca de 15% desde 2020.
Certos países de baixa renda precisam de apoio porque não conseguiram reconstruir seus programas. Em oito nações africanas, menos de 10% das crianças em idade escolar recebem uma refeição gratuita ou subsidiada.
Os benefícios da merenda escolar vão desde a atracão de mais crianças para o ensino, com taxas de matrícula de 9% e de frequência de 8%. Especialmente as meninas aprendem melhor nesses locais ao mesmo tempo que as mantem saudáveis.
Retorno para cada dólar investido
Programas de alimentação escolar têm efeitos benéficos em setores como agricultura, educação, saúde, nutrição e proteção social, com US$ 9 em retornos para cada dólar investido.
Quando estas iniciativas estão associadas aos pequenos agricultores locais, o PMA destaca benefícios as economias do campo e o apoiam aos sistemas alimentares mais sustentáveis.
A agência estima que para cada 100 mil crianças alimentadas por meio do tipo de iniciativa, quase 1,4 mil empregos são criados. A massa laboral envolvida é de cerca de 4 milhões de postos em 85 países.
FONTE: ONU NEWS