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FMI espera financiamento restrito na África Subsaariana

O Fundo Monetário Internacional, FMI, prevê que o crescimento na África Subsaariana desacelere para 3,6% antes de recuperar 4,2% em 2024.*

As últimas perspectivas económicas regionais do Fundo estão alinhadas à recuperação global, redução da inflação e diminuição do aperto da política monetária. 

Sufoco financeiro

Segundo o Fundo, os desequilíbrios macroeconômicos incluem a gestão, consolidação e fortalecimento das finanças públicas face às difíceis condições de financiamento.

O sol nasce sobre a capital da África do Sul, Pretória.

Unsplash/Kyle-Philip Coulson

O sol nasce sobre a capital da África do Sul, Pretória.

Um quadro que requer contínua mobilização de receitas, melhor gestão dos riscos fiscais e gerenciamento mais proativo da dívida.

A cautela na condução da política monetária para conter a inflação e projetá-la ao intervalo da meta do Banco Central.

Ajustar a taxa de câmbio e mitigar os efeitos adversos sobre a economia, incluindo o aumento da inflação e da dívida por conta da depreciação da moeda.

Para o diretor do Departamento Africano do Fundo, Abebe Aemro Selassie, o crescimento na região varia de país para país e a expectativa é que países, particularmente os da África Oriental, considerados não intensivos em recursos petrolíferos, se saiam melhor. O contexto é da redução da taxa média de crescimento por parte de algumas economias.

Níveis recordes

Na África do Sul, as projeções indicam que o crescimento vai desacelerar para apenas 0,1% este ano.

A dívida pública e a inflação atingem níveis que não se via há décadas, com inflação de dois dígitos em metade dos países, arrasando o poder de compra das famílias e atingindo os mais vulneráveis.

Acredita-se que o rápido aperto da política monetária global tenha elevado os custos de empréstimos para os países nos mercados doméstico e internacional numa altura em que todos os mercados fronteiriços da África Subsaariana viram seu acesso ao mercado cortado desde a primavera de 2022.

Um homem trabalha em uma fábrica de algodão nos arredores de Joanesburgo, na África do Sul.

Unctad/Kris Terauds

Um homem trabalha em uma fábrica de algodão nos arredores de Joanesburgo, na África do Sul.

Invasão da Ucrânia

No ano passado, a taxa de câmbio efetiva do dólar americano atingiu uma alta de 20 anos, aumentando o ônus dos pagamentos do serviço da dívida denominados em dólares.

Os pagamentos de juros como parcela da receita dobraram para o país médio na última década.

Abebe Aemro Selassie considera que as pessoas na região estão sentindo os efeitos de uma crise de financiamento desde a invasão da Ucrânia pela Rússia. O custo de vida está mais caro, as taxas de empréstimos aumentaram e o acesso a financiamentos mais baratos está diminuindo.

“Juntamente com um declínio de longo prazo na ajuda e uma queda mais recente no investimento dos parceiros, significa que há menos dinheiro para ser gasto em serviços vitais como saúde, educação e infraestrutura”, disse.

Economia global

Ele alerta que se medidas não forem tomadas, o aperto de financiamento prejudicará os esforços da África Subsaariana para construir uma população qualificada e educada e ser a força motriz da economia global nos próximos anos.

Entre 2020 e 2022, o FMI forneceu mais de US$ 50 bilhões de dólares através de programas, financiamento de emergência e alocação de Direitos Especiais de Saque.

Em dois anos, forneceu mais que o dobro do valor desembolsado em qualquer período de 10 anos desde a década 1990.

Outra recomendação do FMI é garantir que esforços importantes para combater as mudanças climáticas não excluam necessidades básicas, como saúde e educação.

O financiamento climático fornecido pela comunidade internacional deve se somar aos fluxos de ajuda atuais.

Este será o segundo ano consecutivo em que a região apresenta um ritmo de crescimento inferior ao do ano anterior.

Orçamentos de ajuda cada vez menores e fluxos reduzidos de parceiros estão levando a um grande aperto de financiamento para a região.

*De Bissau, Amatijane Candé.

FONTE: ONU NEWS

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