Prefeito de SP sanciona lei renomeando praça como ‘Liberdade África-Japão’
Ponto principal do bairro oriental paulistano, a então praça da Liberdade-Japão possui uma nova denominação. Sancionada pelo prefeito da capital, Ricardo Nunes, uma nova lei renomeou o local para praça da “Liberdade África-Japão”, para homenagear, também, a memória negra na região.
A iniciativa para a mudança do nome partiu do então vereador e hoje deputado estadual Reis (PT), com coautoria da vereadora Luana Alves (PSOL). Na justificativa, ambos alegaram ser injusto ignorar a presença do negro escravizado na cidade.
Em 2018, a mudança da denominação da Praça da Liberdade para Praça da Liberdade-Japão foi, à época, considerada um grande marco para a comunidade nipo-brasileira, incluindo a inauguração de um monumento em comemoração aos 110 anos da Imigração Japonesa no Brasil.
Historicamente, a região da Liberdade remete a presença do negro escravizado na cidade, cujas marcas foram cravadas no bairro que abrigou, por exemplo, local conhecido como Largo da Forca, exatamente onde está a praça.
Largo da Forca
Aonde se encontra a praça do bairro da Liberdade, outrora era chamado de “Largo da Forca” e como nome faz alusão, era o local aonde os escravos eram enforcados em praça pública.
Uma prática realizada até o século XIX, a região guarda resquícios do Cemitério dos Aflitos que foi a primeira necrópole da cidade de São Paulo em 1774. Com a inauguração do cemitério da Consolação em 1858, o da região que seria a Liberdade foi desativado apenas a Capela dos Aflitos é uma lembrança desta época.
Em janeiro de 2022, a Mitra Arquidiocesana de São Paulo anunciou a restauração da ‘Capela dos Aflitos’, sendo que em abril do mesmo ano acabou sendo a inauguração da estátua da sambista negra Madrinha Eunice, também na praça do bairro da Liberdade.
São sinais de uma reparação histórica que a atual prefeitura faz no bairro da Liberdade, trazendo de volta a história que quase se perdeu da região.
Bairro japonês
Criado em 1905 e depois com a vinda dos japoneses em 1912, o bairro central ganhou uma nova vida em que a cultura japonesa circulou pelas ruas do que se tornou o bairro da Liberdade em São Paulo.
Abrindo cinemas japoneses, casas de show, mercearias, o bairro foi o polo central de toda a imigração japonesa ao Brasil.
Nos anos de 1960, o bairro da Liberdade deixou de ser um bairro japonês, se tornando cosmopolita ao abrigar também chineses e coreanos. Transformando em um “bairro oriental” e se tornando um dos pontos turísticos obrigatórios da cidade de São Paulo.
Em 1978, o Museu da Imigração Japonesa foi inaugurado no bairro da Liberdade, resgatando a história da imigração japonesa que está tão ligada a história das ruas da região central.
A cidade de São Paulo abriga muitas histórias em seus séculos de existência, sendo uma região que abrigou imigrantes de diferentes países. O bairro da Liberdade não podia ser diferente, tendo histórias que remetem ao período dos escravos até a chegada de imigrantes japoneses, chineses e coreanos ao bairro.
(Giuliano Peccilli)
FONTE: NIPPON JÁ