Mariliense é pioneiro em vender pipoca e algodão doces em copos no Brasil; ‘Vontade de encantar pessoas’
Toshio Hito começou a comercializar os produtos em um simples carrinho em Marília (SP). Hoje, ele faz vendas para todo o país.
Resiliência e espírito de inovação. Essas duas qualidades permitiram que um empreendedor de Marília (SP) conseguisse ter sucesso em uma área tão inusitada quanto tradicional: a da venda de pipocas.
Toshio Hito, de 52 anos, conseguiu se destacar no centro-oeste paulista depois de passar dez anos trabalhando nas mais variadas áreas no Japão. Hoje, ele vende pipoca e algodão doce em copos para todo o Brasil. Ele foi um dos pioneiros na venda do produto nesse formato no país.
“Com planejamento, criatividade e espírito de encantar e servir as pessoas, consegui mostrar que é possível fazer diferente e se destacar, mesmo em um segmento onde aparentemente não há mais o que inventar”, diz.
Toshio sempre teve duas grandes paixões: desenhar e assistir comerciais de televisão. No início da carreira, arrumou emprego como desenhista em uma pequena agência, para a qual chegou até a trabalhar como diretor de criação. Mas, apesar do progresso, não conseguiu se realizar profissionalmente.
“Eu ganhava muito pouco e sentia que, embora me esforçasse tanto, o sonho alimentado desde a infância de fazer campanhas marcantes em grandes agências não iria se realizar”, conta.
Depois de passar por “crises emocionais”, como ele menciona, Toshio decidiu mudar radicalmente seu modo de vida para encontrar novamente a felicidade. Foi tentar a vida no Japão.
A milhares de quilômetros de sua terra natal, o homem teve uma vida marcada por diversos trabalhos: limpando peixes, operando máquinas, fazendo reciclagem e prestando serviço pesado.
Por lá, conseguiu comprar uma casa para seus pais e ainda conheceu sua esposa, Suzana. Com ela, começou a fazer planos para o futuro, considerando alternativas de sustento financeiro caso os empregos acabassem.
Foi no Japão que surgiu pela primeira vez a ideia de vender pipocas. “Pareceu-me um negócio interessante, por ser um produto de grande consumo e que carecia de inovação”, conta.
Mas ainda era uma ideia incipiente. O objetivo palpável de Toshio era voltar ao Brasil, casar-se com Suzana e regressar ao Japão para continuar trabalhando até juntar dinheiro suficiente para fazer um “pé de meia”.
O destino, contudo, quis que o empreendimento de vender pipocas saísse do papel o mais cedo possível. Um problema familiar fez com que Toshio decidisse permanecer no Brasil por tempo indefinido, após cerca de uma década vivendo no Japão. “E a necessidade de ganhar dinheiro para o sustento da família foi a oportunidade que precisava para que eu e Suzana colocássemos o plano de nos tornarmos empreendedores em ação”, diz.
“Conversamos com pipoqueiros para entender o mercado e pegar dicas e receitas. E pensamos nas inovações que necessitavam ser implementadas para que a empresa não fosse apenas mais uma entre tantas”, relata.
Nascimento da empresa
Marília foi a cidade escolhida para a venda do produto, uma vez que o objetivo era despertar nos cidadãos interioranos o velho hábito já esquecido de comprar pipocas em carrinhos nas ruas.
Em um Dia dos Namorados, em 12 de junho – para simbolizar a paixão pelo novo empreendimento – Toshio e a esposa foram às ruas da cidade com um carrinho de pipocas colorido e bem cuidado. Era o início do sonho.
“Para agregar valor, vendíamos a pipoca salgada com pequenos pedaços de queijo crocante em cima em caixas de papelão, como nos cinemas, com dicas e promoções”, relembra.
A pipoca doce do casal não era vermelha, como de costume, mas uma mistura de diversas cores. As embalagens eram transparentes com cordões dourados e cartões ilustrados contando histórias, dando a impressão de um presente.
Diante do progresso inicial, Toshio resolveu transformar o carrinho de pipocas em uma loja de doces com uma sala de chá e suco anexo. Mas o negócio faliu cinco meses depois. “Nesse momento, dois caminhos se abriram para mim: lamentar ou partir para a frente. Escolhi a segunda opção”, relata.
A partir dali, o homem começou a apostar em novos canais de vendas, como eventos com muitas pessoas e festas de aniversário. A retomada do negócio passou também por uma incubadora, onde Toshio criou laços com diversas pequenas empresas.
Outra mudança importante para a prosperidade do negócio foi a criação de embalagens que aumentassem o prazo de validade das pipocas, o que permitiu que Toshio vendesse o produto para locais mais distantes de Marília – até então, a comercialização era feita em saquinhos.
“Com um pequeno fardo de copos e uma máquina de selagem, resolvemos o problema de logística, o que nos possibilitou vender nossa pipoca para o Brasil inteiro”, diz.
As ideias inovaram o mercado. Tempos depois, a empresa de Toshio se tornou a primeira a comercializar pipocas doces com sabores de frutas e algodão doce em copos, inaugurando um novo segmento de snacks que vem se expandindo ano a ano no país.
FONTE: temmais.com