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Ryosuke Kuwana se despede do Brasil com sentimento de gratidão

Realizada nesta segunda-feira, 23, a Recepção de Despedida do Consul Geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana, contou com a presença de presidentes e dirigentes das principais entidades e associações nipo-brasileiras do Estado de São Paulo, além de autoridades militares, entre eles o comandante do 8º Distrito Naval, vice-almirante Marco Antonio Ismael Trovão de Oliveira, e o presidente do Conselho Deliberativo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi.

Antes dos discursos, o cônsul cumprimentou um a um os mais de 200 convidados presentes. Alguns, mais que abraços, levaram também presentes. Apesar da viagem marcada para a madrugada desta terça-feira, 24, Ryosuke Kuwana atendeu a todos com paciência, inclusive posando para fotos, confirmando todo seu carisma e simpatia.

A cerimônia foi abrilhantada pela participação do músico Shen Ribeiro, que executou o hino nacional japonês com maestria.

Bem-humorado, Ryosuke Kuwana iniciou seu discurso explicando que, depois de três anos e dois meses no cargo, estava se despedindo do Brasil para retornar ao Japão. Ele lembrou que desembarcou por aqui durante a pandemia e por isso teve suas atividades bastante restritas por mais de um ano.

Cônsul Ryosuke Kuwana com os presidentes das principais entidades nipo-brasileiras

Dinamismo – “Eu queria ficar aqui mais algum tempo e solicitei, mas infelizmente não me escutaram”, brincou, acrescentando que, “como diplomata com formação em língua latina – espanhol no seu caso – considera a América Latina, incluindo o Brasil, minha especialidade”. “Durante minha carreira, eu tive a oportunidade de trabalhar na Bolívia, em Santiago de Chile, México e visitar o Brasil diversas vezes. Então, eu pensava que sabia bastante do Brasil. Sabia que este país é muito grande, muito rico. Também sabia que o Brasil tem a maior comunidade nikkei do mundo, que é muito dinâmica, mas o que eu não sabia é como o Brasil é tão grande e a comunidade nikkei tão dinâmica assim”, disse, revelando espanto.

Segundo ele, ao chegar aqui percebeu que a grandeza e a riqueza do país, “assim como o grande dinamismo da comunidade nikkei, vão muito além do que eu imaginava”.

“Desde que entendi tudo isso, tenho me esforçado ainda mais para aprofundar a rica relação entre o Brasil e o Japão e para fortalecer os laços com a comunidade nikkei, acreditando que isso seja de interesse mútuo tanto para o Brasil quanto para o Japão”, esclareceu Kuwana, que destacou em seu discurso o quão gratificante é “poder trabalhar por aquilo que acreditamos”.

Apoio – “Não teria conseguido nada sozinho. Todo o meu trabalho só foi possível graças ao apoio de cada um de vocês”, frisou. E, em seu agradecimento, citou especialmente o presidente do Bunkyo (Sociedade Brasileoira de Cultura Japonesa e de Assistência Social), Renato Ishikawa; o presidente da Enkyo (Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo), Paulo Saita; o presidente da Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil), Toshio Ichikawa; e o presidente da Aliança Cultural Brasil-Japão, Eduardo Yoshida. “E cada um dos membros da comunidade nikkei. Nós japoneses devemos muito aos pioneiros, a  seus descendentes e a todos os membros da comunidade nikkei, por tudo o que fizeram pelo Brasil e para nossa amizade”, comentou.

Otimismo – E estendeu seus agradecimentos aos expatriados, aos empresários japoneses e também brasileiros e membros de outras entidades incluindo a Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil, representada pelo presidente Yuki Kodera, e também os membros da Japan House, “que tem contribuído enormemente para fortalecer o nosso laço econômico, comércio e cultural”.

Com Renato Ishikawa (Bunkyo) e Trabuco, do Bradesco
Com o presidente da AOKB, Ritsutada Takara e Akeo Yogui

Futuro – E finalizou seus agradecimentos citando o presidente do Conselho Deliberativo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, e do diretor da instituição, Milton Matsumoto, “que sempre tem apoiado a comunidade nikkei ao longo da história da entidade.”

Ele ressaltou que o potencial da relação Brasil-Japão é tão grande que “devemos continuar trabalhando com ainda mais entusiasmo”. “Nos próximos anos o Brasil receberá as lideranças mundiais para a cúpula do G20 e para a COP30. Estamos otimistas que o primeiro-ministro Kishida possa vir ao Brasil em um futuro próximo e impulsione ainda mais nossa cooperação”, disse, acrescentando acreditar que “muitos avanços ainda estão a caminho”.

“A realização da parceria econômica entre Japão e Mercosul é o melhor exemplo. Objetivo que confio agora ao meu sucessor, meus colegas e a todos vocês. Volto para o Japão esta noite, mas o Brasil e São Paulo estarão sempre em meu coração. Não sei onde estarei trabalhando no futuro mas gostaria de continuar me dedicando de alguma forma e junto dos senhores a fortalecer os laços de amizade entre o Brasil e o Japão”, concluiu Ryosuke Kuwana.

Ryosuke Kuwana com os presidentes dos kenjinkais na Recepção de Despedida
Ryosuke Kuwana Sou muito grato á comunidade nipo-brasileira e ao povo brasileiro

Carisma e simpatia – Representando a comunidade nipo-brasileira, o presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa, pontuou que “uma despedida é sempre triste”. “E essa tristeza é ainda mais acentuada quando se despede de alguém querido, de alguém que, com seu carisma, simpatia e simplicidade conquistou a todos que tiveram a felicidade de conhecê-lo, ainda que em breve contato”.

O mandatário da principal entidade nipo-brasileira lembrou que, no início, “tivemos a oportunidade de conhecer a sua simpática e risonha figura somente através das telas de computadores ou celulares nas várias lives então organizadas por nossas entidades, pois a pandemia da Covid-19 não permitia encontros presenciais”.

“Mesmo nesses contatos virtuais, logo se revelou uma forte empatia entre o senhor cônsul geral e a nossa comunidade, que se consolidou nos encontros presenciais”, disse, afirmando que “seu fluente discurso em português facilitou a imediata conquista da simpatia de todos, principalmente dos mais jovens”.

Destacou que a “vocação diplomática, o talento, a dedicação e o empenho em bem representar o Governo do Japão junto a nossa comunidade e a sociedade brasileira o credenciam para um novo patamar em sua ascendente carreira diplomática, provavelmente para o cargo de embaixador em algum importante país do globo terrestre”.

Respeito aos idosos – Renato Ishikawa revelou uma passagem que para muitos era até então desconhecida. Segundo ele, antes de viajar, o cônsul reservou alguns momentos especiais, deslocando-se de São Paulo para “gentil e humildemente, visitar, homenagear e despedir-se de pessoas residentes no interior, em sua maioria pessoas idosas, evitando-lhes assim a preocupação de virem se despedir em São Paulo”.

“Acredito que, nessas visitas, o senhor cônsul geral teve a oportunidade de conhecer como os nikkeis vivem no Brasil, que ainda existem pessoas, principalmente na zona rural, vivendo com extrema simplicidade e sacrifícios, trabalhando arduamente de sol a sol, sem qualquer ostentação, mas com muita dignidade, possibilitando a seus descendentes oportunidades de estudo e de inclusão na sociedade brasileira”, salientou o presidente do Bunkyo, explicando que, atrás daqueles rosotos enrugados, corpos bronzeados e mãos calejadas, haverá sempre o orgulho de serem japoneses ou descenderem de japoneses, e a convicção de, com seus esforços, terem contribuído para que algum ou alguns de seus familiares se formassem em Medicina, Engenharia, Direito ou outra carreira, colaborando para o desenvolvimento do Brasil”.

E concluiu sua fala citando um trecho da música “Amigo”, de Roberto Carlos, e que mereceu uma versão em japonês na voz de Itsuki Hiroshi, um dos maiores intérpretes de enka do Japão.

E coube ao próprio Renato Ishikawa conduzir o brinde.

Gratidão – Ao jornal Nippon Já, Ryosuke Kuwana disse não se lembrar de quantas cidades visitou, mas afirmou que “ainda tinha muitas cidades a visitar” porque teve que ficar um bom tempo recluso por conta da pandemia. “É uma lástima, realmente uma pena”, lamentou, afirmando que “a gratidão”, é o sentimento mais profundo que leva de sua estadia no Brasil.

“Sou muito grato aos pioneiros, aos descendentes, a toda comunidade nikkei e também aos brasileiros, que tem essa característica de acolher qualquer etnia. Acho que é algo que nós temos que aprender do Brasil, dos brasileiros. O Japão é um país bastante fechado ainda. Está abrindo agora, mas falta mais. Então, nesse sentido, eu acho que o Brasil é um bom parceiro para o Japão, para continuar abrindo o país”, disse Kuwana, que se despediu da reportagem com um “até breve”.

Com Fábio Maeda, presidente da Acenpro
Com Keniti Mizuno, de Marília
Com o vereador de São Vicente, Jhony Sasaki
Com o vereador Aurélio Nomura
Com o vice-almirante, Marco Trovão
Com o vereador Rodrigo Goulart
Com Ihoshi, diretor do Escritório de Marília
Com o vereador George Hato
Com Carlos Kendi Fukuhara
Com Carlos Rosa, da Japan House São Paulo
Com Celso Mizumoto
Com Eiki Shimabukuro
Com Erisson Thompson
Com Hiroyuki Minami
Com Makoto Kawajiri, presidente do Bunkyo de Registro
Com o Diretor de Esportes do Bunkyo, Roberto Tanaka
Com o diretor executivo do HJSC, Koshiro Nishikuni
Com o diretor presidente da Jetro, Hiroshi Hara
Com o ex-desembargador Kazuo Watanabe
Com o ex-presidente da JHSP, Erik Klug
Com o jornalista Jorge Okubaro
Com o presidente da Acal, Pedro Yano
Com o presidente da Associação Brasileira de Gastronomia Japonesa, Marcelo Shiraishi
Com o presidente da Associação Pró-Excepcionais Kodomo-no-Sono, Sergio Oda
Com o presidente da CCIJB, Yuki Kodera
Com o presidente do Conselho do Bunkyo, Jorge Yamashita
Com o presidente do Nippon, Rubens Kamoi
Com o representante chefe do escritório da Jica Brasil, Masayuki Eguchi
Com Paulo Saita, presidente da Enkyo
Com Shinichi Yassunaga, representante do Bunkyo para a Região Noroeste
Com Yoshiharu Kikuchi

(Aldo Shiguti)

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