Dia Mundial das Cidades: sonhar é um ato de resistência
Neste 31 de outubro, Dia Mundial das Cidades, o Greenpeace Brasil convida a população a responder à pergunta: “Como é a sua cidade dos sonhos?”. Você é capaz de sonhar e imaginar uma cidade melhor para todas as pessoas? Se sim, como ela é? Por aqui, a gente ainda sonha, e mais, a gente acredita que o sonho nos move à ação e à mudança necessária rumo a um mundo melhor.
Não há como negar um aspecto da realidade que vem impactando gravemente a vida de algumas populações, especialmente as mais vulnerabilizadas: a crise climática. Uma recente pesquisa de opinião encomendada pelo Greenpeace Internacional em sete grandes cidades do Sul Global revelou que menos da metade das pessoas se sentem seguras diante de eventos climáticos extremos. Mesmo assim, a maioria se sente otimista quanto ao futuro. Mais da metade das pessoas consultadas acreditam que a sua cidade pode se tornar a cidade dos seus sonhos.
Agir coletivamente é fundamental para o enfrentamento da crise climática e a concretização da cidade dos sonhos. Para apoiar essa ideia do sonho como elemento impulsionador da ação e da mudança, referencio Ailton Krenak. Em seu livro “Futuro Ancestral”, Krenak tece palavras essenciais para nos empurrar para o próximo passo: “não podemos nos render à narrativa de fim de mundo que tem nos assombrado porque ela serve para nos fazer desistir dos nossos sonhos, e dentro dos nossos sonhos estão as memórias da Terra e de nossos ancestrais”.
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28.10.23 – SÃO PAULO/SP – Atividade de colagem de Lambes da campanha “A cidade dos sonhos é a cidade das pessoas”, pelo grupo de voluntários do Greenpeace Brasil em São Paulo (SP). © Laís Aranha/ Greenpeace BrasilSeguinte
O Greenpeace Brasil levou a mensagem sobre a importância de sonhar para as ruas de três capitais brasileiras, Manaus (AM), Recife (PE) e São Paulo (SP). Os grupos de voluntários do Greenpeace colaram lambes com ilustrações e frases de pessoas que representam movimentos e coletivos, incluindo lideranças religiosas, contando sobre como é a cidade dos sonhos para essas pessoas. Além de uma frase, um vídeo com o depoimento de cada uma pode ser acessado por QR Code. (Os links para os vídeos estão mais adiante neste blog)
Além da colagem de lambes, estivemos no Marco Zero, na capital pernambucana, onde abrimos um banner de 20 metros de diâmetro com a mensagem: “A cidade dos sonhos é a cidade das pessoas”.
Essa ação só foi possível porque contamos com a colaboração do grupo de voluntários do Greenpeace em Recife e de jovens que se reuniram na cidade para a Conferência Local da Juventude – encontro que pauta a emergência climática e as demandas dos jovens para o enfrentamento da crise do clima.
“É importante sonhar, mas é necessário também que a gente materialize esse sonho envolvendo as pessoas e colocando-as no centro do debate de políticas públicas de adaptação climática, de prevenção à catástrofe e de acesso a uma cidade que fortaleça as lutas e demandas de movimentos urbanos, mostrando que pautas como moradia, transporte, gestão de resíduos, poluição e acesso a ambientes verdes e saudáveis são diretamente conectadas às crises climática e de biodiversidade”, defende Rodrigo Jesus, porta-voz da Justiça Climática no Greenpeace Brasil.
Qual é a cidade dos sonhos para você?
“A cidade dos sonhos é a cidade onde a gente não tem pesadelos como a falta de moradia, de alimentação e de acesso à água. Tudo isso é um pesadelo em uma cidade desigual, onde a desigualdade produz a miséria, o sofrimento e o descarte”, reivindica padre Júlio Lancellotti, em São Paulo, ao responder à pergunta “Como é a cidade dos seus sonhos?”. O padre foi uma das pessoas registradas nos lambes.
Como solução, ele ressalta a necessidade de mudança do sistema vigente. “Precisamos de um sistema de solidariedade, de partilha, de não acumulação e de humanização da vida. Nós precisamos não só sonhar, (mas) nos comprometer a construir cidades mais humanas”, complementa. Para assistir o depoimento completo, clique aqui.
Considerar a diversidade e a necessidade de justiça social, ambiental e climática foram elementos trazidos por Jarda Araújo, assistente social, pesquisadora de gênero e sexualidade, e uma das representantes pernambucanas nas vozes por cidades melhores.
“A cidade que eu sonho é uma cidade com saneamento básico, com diversidade, onde a gente consiga acessar todos os espaços sem nenhuma dificuldade, com acessibilidade e onde as periferias não continuem sofrendo com questões estruturais que já são previstas e que tem como a gente fazer com que não aconteçam novamente”. Para assistir o vídeo com a mensagem completa da Jarda, clique aqui.
A liderança indígena de Manaus, Vanda Witoto, sonha com um território que tenha mulheres à frente e com ambientes saudáveis. “A cidade dos meus sonhos é gestada por mulheres comprometidas com a dignidade humana, com garantia de moradia de qualidade, segurança, saúde e educação. Eu imagino uma cidade com espaços públicos onde as crianças e as famílias possam conviver de forma coletiva, sem pessoas em situação de risco e vulnerabilidade. E também uma cidade arborizada que dê dignidade para a nossa respiração, para a saúde das pessoas, das crianças e dos avós”. Assista aqui a fala da Vanda na íntegra.
As cidades ganham vida quando as comunidades se unem para resistir, sonhar e transformar os espaços em territórios de justiça social e climática, mas isso jamais significa tirar a responsabilidade dos governantes. Pelo contrário, a organização das comunidades e o fortalecimento dos movimentos urbanos são fundamentais para fazer com que as vozes dos mais impactados e vulnerabilizados sejam ouvidas e de garantir que os tomadores de decisão sejam responsabilizados.
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Acesse os vídeos completos e compartilhe sonhos para que cada vez mais eles se tornem mais próximos de se transformarem em uma realidade de cidade melhor para todas as pessoas.
Clique a seguir nos links das falas de demais lideranças que expressaram como é a cidade dos sonhos para elas:
São Paulo, SP
Carmen Silva, liderança do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC)
Jéssica Campos, poeta marginal e cria da quebrada
Recife, PE
Jackson Augusto, coordenador nacional do Movimento Negro Evangélico
Sarah Marques, cofundadora do Coletivo Caranguejo Tabaiares Resiste
Manaus, AM
Cristina Pereira, líder comunitária do Projeto Rip-Arte Reusa
Regina de Benguela, candomblecista e presidente interina da UNEGRO
FONTE: GREENPEACE BRASIL