Explorar petróleo ou preservar a vida: qual caminho vamos seguir?
Daqui um mês, lideranças de todo o mundo se encontrarão em Dubai, nos Emirados Árabes, para a 28ª Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP28. Pela primeira vez, o ator principal de uma COP serão os combustíveis fósseis, com destaque para o petróleo, um velho conhecido da população brasileira.
Já é sabido que mineradoras e petroleiras, como a Petrobras, participarão do Pavilhão Brasil na COP28. Diante de um evento tão importante, essa é mais uma oportunidade para pressionarmos o governo do Brasil a olhar atentamente para questões que passam pelo atual modelo econômico, baseado na exploração de combustíveis fósseis.
Em outubro, o Greenpeace Brasil lançou a campanha “O petróleo é o nosso passado” e o abaixo assinado “Petróleo na Amazônia Não!”. O objetivo é pressionar o governo federal a se comprometer com a proteção da Amazônia e a declarar como zona livre de petróleo. E vamos além: estendemos o pedido a todo o parlamento brasileiro para que coloquem em prática projetos para eliminação progressiva, rápida e justa dos combustíveis fósseis e acelerem a transição energética.
Agora, em dezembro, durante a COP28, estenderemos esses pedidos ao mundo. Essa é a hora de reafirmarmos para os nossos governantes que áreas sensíveis e mega biodiversas, como a Amazônia, precisam ser declaradas como zonas livres de exploração do petróleo.
A ciência vem nos alertando há décadas que qualquer possibilidade de futuro da vida humana no planeta passa pelo abandono dos combustíveis fósseis, os maiores responsáveis pela crise climática. E para essa ação ser eficiente, ela precisa ser conjunta: os países precisam estabelecer metas claras para o fim da exploração de petróleo e demais combustíveis fósseis.
Os compromissos climáticos feitos pelo governo brasileiro no Acordo de Paris, em 2015, e reafirmados durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2023, de contribuir para os esforços da comunidade internacional de limitar o aquecimento da Terra a 1,5º C neste século, também precisam ser cumpridos de forma célere e efetiva – e isso passa invariavelmente por abandonar os combustíveis fósseis.
Reduzir as emissões de gases de efeito estufa a zero até 2050, e cortá-las pela metade até 2030 (em comparação com 2019) não será tarefa fácil, mas, sem essa mudança, estamos condenados aos extremos que vemos hoje: escassez de água, rios secando, animais mortos, falta de chuva e temperaturas cada vez mais altas.
Por isso, nesta caminhada até a COP28 – e, mais além, até a COP30, quando a conferência será realizada em Belém, no Pará – o Greenpeace Brasil seguirá na defesa da floresta, da biodiversidade e do meio ambiente, denunciando os problemas e cobrando de governos, empresas e líderes caminhos e soluções viáveis – independentemente de quem sejam essas pessoas e governos, pois não temos amigos ou inimigos permanentes, mas aliados que sejam a favor da vida.
Não ao petróleo: um movimento global
O desejo de uma economia descarbonizada e uma sociedade livre de petróleo é global, pois a crise climática também é. Pessoas em todo o mundo lutam neste exato momento contra projetos novos e antigos de exploração de combustíveis fósseis em seus países e territórios.
O pedido legítimo, uma vez que já existem soluções possíveis. O Brasil e muitos outros países têm recursos para promover uma transição energética justa e progressiva, capaz de reduzir injustiças dentro dos países e entre eles – coisa que a indústria do carvão, do petróleo e do gás nunca conseguiram, pois apenas impulsionaram um sistema econômico predatório, que prejudicou e prejudica as pessoas, os ecossistemas, o planeta e alimenta o colapso climático.
O pedido também é coerente, já que o investimento na expansão de novas áreas petrolíferas pode ser um equívoco até mesmo econômico: segundo a Agência Internacional de Energia Renovável, o retorno global do investimento em energia renovável é sete vezes maior do que os combustíveis fósseis.
Há esperança se agirmos agora!
A luta para conter a crise do clima é o maior desafio da humanidade atualmente. O tempo para reagir está se esgotando, mas ainda há esperança: segundo o IPCC, o painel intergovernamental de cientistas sobre o clima, os piores impactos das mudanças climáticas ainda podem ser evitados se agirmos AGORA. E isso requer uma completa transformação de como produzimos, consumimos e nos movimentamos.
Governo federal, até quando modelos econômicos predatórios baseados na exploração dos bens naturais e na poluição da atmosfera vão se impor ao direito à vida e a um meio ambiente limpo e equilibrado?
Basta! A mudança e a transição justa precisam acontecer agora.
Sabemos que mudar nem sempre é fácil e quase nunca é confortável, mas se adaptar às mudanças necessárias nos faz evoluir enquanto espécie. E é disso que se trata a campanha “O petróleo é o nosso passado”: ou o petróleo, ou a manutenção da nossa espécie e de todas as outras formas de vida.
E você, qual caminho vai seguir?
FONTE: GREENPEACE BRASIL