Livro traz memórias de ex-moradores da Casa dos Estudantes da Cooperativa Sul Brasil
Realizado no último dia 17, no salão social da Associação Centro Social Tochigi do Brasil (zona Sul de São Paulo), o coquetel de lançamento do livro de memórias “Casa de Estudantes da Cooperativa Central Agrícola Sul Brasil” reuniu mais de cem convidados, entre ex-moradores do internato e convidados, com especial destaque para o vice-presidente do Conselho Deliberativo do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, Tomio Katsuragawa – que fez a saudação representando o presidente da entidade, Renato Ishikawa; o novo presidente do Tochigi Kenjinkai do Brasil, Olívio Heiji Sawasato; o vice-presidente da Enkyo (Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo), Jun Suzaki; Luiza Nacazawa (filha do fundador da Casa de Estudantes, Guenitiro Nacazawa) e o advogado e Jurista, Kiyoshi Harada, ex-morador do pensionato e orador representando os depoentes do livro.
Masaharu Nagato discursou em nome da Comissão Organizadora, formada ainda por Akira Shiramizu, Celia Yumiko Assahara, Hideki Iwai, Midori Caneko e Hisaji Akimura.
Na sua fala, Kiyoshi Harada parabenizou os membros da Comissão Organizadora “pela sua importância em termos de rememoração da vida em comum ao tempo de estudante, ao mesmo tempo em que os depoimentos trazem em comum a origem humilde dos que passaram pela Casa do Estudante”.
Harada destacou ainda que a obra servirá de um rico legado para filhos e netos “que poderão aquilatar as dificuldades enfrentadas pelos internos que, mercê de seus esforços, conseguiram concluir o nível superior, notadamente, nos ramos de Engenharia, Medicina, Farmácia, Odontologia, Administração e Contabilidade”.
O livro, que teve coautoria de Akira Shiramizu, Celia Yumiko Assahara, Hideki Iwai, Midori Caneko, Masaharu Nagato, Minoru Matsuura (in memoriam) e Paulo Takashi Oyama (in memoriam), contou com a colaboração de 65 ex-moradores que escreveram suas memórias com as trajetórias passadas, presentes da época da Casa de Estudantes e suas experiências de vida posteriores.
De acordo com os organizadores, “a obra nasceu do desejo de muitos ex-moradores do Pensionato da Cooperativa Central Agrícola Sul-Brasil e de seu Grêmio Estudantil Sul-Brasil – GESB que se reconectaram após quase 50 anos, estando a maioria já aposentados e procurando fazer um balanço de suas vidas e de como contribuíram para a sociedade brasileira”.
Continuidade – A Casa de Estudantes funcionou entre os anos de 1958 e 1973. Situava-se na Rua Tamandaré, números 945 e 961. Por lá passaram cerca de 270 pessoas – filhos de cooperados da Cooperativa – procedentes dos municípios da Alta Paulista (Bastos, Osvaldo Cruz, Marília, Irapuru), além de outras localidades como Atibaia, Mairiporã, Campos do Jordão, Paraguaçu Paulista, Araçatuba, Promissão, Arujá e até do Paraná (Maringá e Bandeirantes) e do Pará, que buscavam o pensionato com o intuito de continuarem seus estudos.
Eram recebidos por Miyajima e, mais tarde, por Kobayashi, e pelos mais antigos moradores que passavam orientações aos recém-chegados, de como conviver em harmonia nesta comunidade estudantil. Muitos trabalhavam para custear seus estudos, enquanto outros só estudavam.
Harada conta que, como saiu da Casa do Estudante em meados de 1962, não conhecia a maioria das pessoas que participaram do coquetel. No entanto, disse que foi “uma grande surpresa encontrar a Sra. Nair Sizuka Nobuyasu, que morava no sítio vizinho ao de meu pai, na cidade de Osvaldo Cruz”. “Eu a conheci em 1949/1950 quando caminhávamos cerca de 4 quilômetros para chegar à escola primária da época. Ela e seu irmão, Masato, já falecido, ingressaram na Casa do Estudante depois que eu já havia saído”, recorda o Jurista.
Experiências – A maioria dos internos que passou por lá, conquistou através dos estudos e do trabalho, uma posição melhor na sociedade e com isso muitos ajudaram ou ainda ajudam a cuidar dos pais e familiares, além de contribuir para o desenvolvimento do país através da educação obtida com muito esforço e suor.
Pelos depoimentos narrados no livro por 65 ex-moradores deste pensionato, é possível constatar a riqueza das experiências vividas por aqueles rapazes e moças vindos do interior, ávidos de vencer na vida através da educação e profissionalização, que ultrapassaram nossas fronteiras, desbravando o mundo como fizeram nossos antepassados ao imigrarem do longínquo Japão ao Brasil.
O jornalista Hideki Iwai, que morou na Casa dos Estudantes entre 1963 e 1964, comandou o brinde.
(Aldo Shiguti)