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Centenário de Paulo Vanzolini sacode a poeira de obra que é uma das mais completas traduções de São Paulo

Cronista musical de São Paulo (SP), o compositor paulista Paulo Vanzolini (25 de abril de 1924 – 28 de abril de 2013) faria 100 anos na próxima quinta-feira, 25. O centenário joga luz sobre cancioneiro em que o compositor perfilou personagens, dores e pontos boêmios de Sampa em sambas que retrataram a alma do povo paulistano.

Identificado sobretudo pela autoria do samba-canção Ronda (1953) e do samba Volta por cima (1962), Vanzolini morreu há 11 anos, com 89 anos, deixando obra ainda pouco conhecida além dos standards nacionais.

Show idealizado para celebrar o centenário de nascimento do autor de Praça Clóvis (1967) e Samba erudito (1967), Vanzolini 100 anos – Sacode a poesia estreia na sexta-feira, 19 de abril, no Sesc Santana (SP), onde fica em cartaz até domingo, 21.

Em cena, sob o comando de Eduardo Gudin, parceiro de Vanzolini em sambas como Mente (1978) e Longe de casa (Samba do Delmiro) (1978), as cantoras Mônica Salmaso e Roberta Oliveira darão vozes a músicas de um compositor que, fiel aos próprios princípios musicais e ideológicos, dizia o que pensava, sem fazer média.

A ideia é que, no show, fiquem evidenciados os contrastes de obra que – muitas vezes pautada pela cadência do samba e do samba-canção – conciliava lirismo, urbanidade e eventuais evocações do universo caipira (como em Cuitelinho, tema que Vanzolini adaptou com Antônio Carlos Xandó).

Com vida e obra postas em foco no documentário Um homem de moral (2009), Paulo Vanzolini foi também cientista, tendo se tornado zoólogo respeitado. O respeito se estendeu ao ofício de compositor, dono de obra que é uma das mais completas traduções da cidade de São Paulo (SP).

Dentro dessa obra, há músicas menos ouvidas como Capoeira do Arnaldo (1967), Cravo branco (1967), Leilão (1967) e Bandeira de guerra (1979).

Capoeira do ArnaldoCravo branco e Bandeira de guerra podem ser ouvidas na voz do autor no único álbum do artista, Paulo Vanzolini por ele mesmo, lançado em 1979.

Contudo, há outros discos relevantes em que as músicas do compositor estão perpetuadas em vozes alheias. O primeiro, Onze sambas e uma capoeira (1967), marcou época por ter apresentado músicas então inéditas do compositor.

Mas o mais impactante, até pela extensão do tributo, é Acerto de contas com Paulo Vanzolini, caixa com quatro CDs editados pela gravadora Biscoito Fino com registros inéditos de 52 músicas do cancioneiro autoral do compositor em vozes como as de Chico Buarque e Paulinho da Viola.

A iniciativa foi louvável. Contudo, depois dela, ficou a sensação de que o Brasil voltou a ficar sem noção da amplitude da obra do centenário compositor de Ronda e Volta por cima.

FONTE: G1 ( POR MAURO FERREIRA)

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