Obstáculos reduzem velocidade média da Avenida República para até 20 km/h
Plano municipal de melhoria da mobilidade urbana, uma exigência cobrada pelo Ministério Público em Marília, está quase imobilizando o trânsito em nome da “segurança viária”
O trânsito caótico, desordenado, mal planejado e incapaz de regular a necessidade de locomoção de sua população está tornando cada vez mais lento o deslocamento dos marilienses por causa do excesso de lombadas e semáforos instalados nos últimos anos em diversas vias da cidade. Para ilustrar a “imobilidade urbana” que a cidade está enfrentando o Jornal Cidade mediu o tempo necessário para se percorrer a maior avenida de Marília, a República, principal corredor de acesso da população entre o centro e a Zona Norte.
Os nove quilômetros de extensão da Avenida República, da entrada do Distrito de Padre Nóbrega (rotatória do Posto Ecológico) até o Estádio Municipal Bento de Abreu Sampaio Vidal (Avenida Vicente Ferreira) possuem um total de 26 lombadas e 9 semáforos. A via ganhou dois obstáculos e um semáforo no último mês (detalhe, foi retirado nessa semana), resultando em um equipamento de redução de velocidade (esta é a função principal da lombada e uma das funções do semáforo) para cada 250 metros.
A reportagem do Jornal Cidade fez o teste na última sexta-feira, 7 de junho, e levou 27 minutos para percorrer os nove quilômetros de percurso da avenida. O veículo chega a atingir 50 km/h apenas no trecho do Distrito Industrial, mas com as paradas nos 10 semáforos e a redução de velocidade a quase zero em alguns dos 26 obstáculos, a velocidade média despendida no trajeto divida pelo tempo decorrido resultou em uma velocidade média de 20 km/h.
Para o educador de trânsito, policial militar da reserva e advogado especializado em legislação de trânsito, Marcos Farto, o uso desregrado destes equipamentos acaba por prejudicar a mobilidade urbana. “Esses equipamentos obrigam o motorista a reduzir a velocidade, como forma de coibir excessos e evitar acidentes, mas quando são colocados sem o devido estudo técnico e de impacto, acabam por tornar o fluxo mais lento, danificar as edificações por causa das freadas bruscas e ainda paralisar o trânsito em caso de acidentes”, explicou.
Segundo ele, grandes avenidas arteriais, como a República, que recebem grande fluxo de veículos e são considerados corredores importantes para a cidade, os redutores de velocidade apenas prejudicam. “A instalação de radares, colocados de forma estratégica e técnica, na Avenida República, é que seria a solução ideal, para se disciplinar a velocidade máxima mas sem obrigar excessos de redução de velocidade”, declarou.
Para Farto, radares para velocidade de até 60 km/h regulariam o tráfego e reduziriam o tempo de percurso. Um tráfego a 60 km/h na República levaria apenas nove minutos de percurso nos nove quilômetros da avenida.
Entretanto, o especialista critica que praticamente todos os radares instalados na cidade não atendem sua principal vantagem de regulação da velocidade.
“Os radares foram instalados em locais e com velocidades que obrigam o motorista a reduzir a velocidade, fazendo com que eles se comportem como as lombadas, que fazem o veículo reduzir apenas no trecho fiscalizado.
“A colocação de radares em uma via tem como finalidade manter uma velocidade média mais célere por todo o percurso, promovendo ganho de tempo e de segurança viária. Se tirassem todos os obstáculos da República e colocassem semáforos apenas nos cruzamentos de alto fluxo com certeza a velocidade média do percurso seria maior e sem risco de acidentes”, declarou.
Outra reclamação apurada pela reportagem é a de que os novos obstáculos que estão sendo colocados nas ruas da cidade são mais altos do que os anteriores, obrigando os motoristas a passar a 10km/h ou menos para não “pular” a roda traseira e provocar mais desgaste do pneu e da suspensão.
FONTE: JC MARÍLIA