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No 79º aniversário do bombardeio de Hiroshima, Japão pede fim das armas nucleares

 Às 8h15 do dia 6 de agosto de 1945, a cidade de Hiroshima, na província de mesmo nome, foi atingida por uma bomba atômica lançada pelos Estados Unidos. A explosão não apenas matou cerca de 140.000 pessoas naquele ano, mas forçou a rendição do Japão. Nesta terça-feira de 2024, dia 6 de agosto, 79 anos depois, Hiroshima realizou uma cerimônia em memória dos mortos. O prefeito da cidade, em seu discurso, pediu mais uma vez que os líderes mundiais abandonem as armas nucleares, preocupação que só aumenta com o conflito entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e o grupo terrorista Hamas, no Oriente Médio, publicou a Kyodo News.

A cerimônia foi realizada nesta manhã no Parque Memorial da Paz, onde o prefeito Kazumi Matsui, pediu unidade e confiança por meio do diálogo para encorajar uma mudança da dissuasão nuclear. “Parece-me que essas tragédias globais estão aprofundando a desconfiança e o medo entre as nações, reforçando a suposição pública de que, para resolver problemas internacionais, temos que confiar na força militar, que deveríamos rejeitar”, afirmou.

Matsui citou que a Guerra Fria foi encerrada por meio do diálogo entre Mikhail Gorbachev, o último líder da União Soviética, e o então presidente dos EUA, Ronald Reagan. “Para extinguir a suspeita e a dúvida que criam conflitos, a sociedade civil deve promover um círculo de confiança por meio da troca e do diálogo com consideração pelos outros”, disse Matsui.

A cerimônia reuniu cerca de 50.000 pessoas, incluindo representantes de 109 nações e da União Europeia, em um momento em que ameaças nucleares foram feitas repetidamente pela Rússia em sua invasão da Ucrânia, enquanto a guerra de Israel com o Hamas corre o risco de se transformar em um conflito mais amplo.

Divergências

Mas a conquista de um mundo sem armas nucleares não é tão fácil. O prefeito de Hiroshima convidou Israel, que possui armas nucleares, ao mesmo tempo em que apelou por um cessar-fogo imediato ao conflito no Oriente Médio, o que atraiu crescente oposição internacional.

Ao mesmo tempo, o convite foi criticado como um padrão duplo por alguns, já que a Rússia e a Bielorrússia foram impedidas de participar da cerimônia por três anos consecutivos devido à invasão da Ucrânia. E a Embaixada Palestina também criticou Hiroshima por não convidar a Palestina para a cerimônia.

Matsui, mesmo assim, pediu que os líderes mundiais visitem Hiroshima na esperança de que eles “obtivessem uma compreensão mais profunda do bombardeio atômico” e “fizessem um apelo convincente pela abolição das armas nucleares”.

O prefeito de Hiroshima lamentou ainda o fracasso da Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear em adotar um documento final pela segunda vez consecutiva, alegando que o impasse “revelou uma dura realidade, a saber, as enormes diferenças entre os países com relação às armas nucleares”.

Naquele ano de 1945, três dias após a bomba “Little Boy” dizimar Hiroshima, outra bomba foi lançada em Nagasaki. O Japão se rendeu às forças aliadas seis dias depois, marcando o fim da Segunda Guerra Mundial.

O número combinado de sobreviventes oficialmente reconhecidos dos dois ataques nucleares, conhecidos em japonês como “hibakusha”, era de 106.825 em março deste ano, uma queda de 6.824 em relação ao ano anterior, de acordo com o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar. A idade média deles ultrapassava os 85 anos.

Primeiro-ministro

O primeiro-ministro Fumio Kishida disse em seu discurso: “Hoje, há 79 anos, mais de 100.000 vidas preciosas foram perdidas no bombardeio atômico. Cidades foram queimadas até o chão e os sonhos e o futuro brilhante das pessoas foram impiedosamente tirados delas. Mesmo aqueles que sobreviveram aos bombardeios atômicos sofreram dificuldades indescritíveis. Como primeiro-ministro, ofereço minhas mais profundas condolências às almas das vítimas da bomba atômica.”

Kishida pediu que os horrores e o sofrimento do povo de Hiroshima e Nagasaki “jamais devem se repetir. A missão do Japão, o único país que sofreu uma guerra nuclear, é transmitir a realidade dos bombardeios atômicos às gerações futuras, ao mesmo tempo em que defende os três princípios não nucleares e continua a desenvolver nossos esforços para a realização de um mundo sem armas nucleares.”

O premiê disse que o desarmamento nuclear hoje se tornou mais difícil com o aprofundamento da divisão da comunidade internacional, referindo-se ao fim das armas nucleares de posse da Rússia.

Kishida assegurou, porém, que o Japão liderará a comunidade internacional para manter e fortalecer o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), para promover esforços realistas e práticos no âmbito do Plano de Ação de Hiroshima e para aumentar o ímpeto da comunidade internacional em direção ao desarmamento nuclear.

Uma lista atualizada de vítimas da bomba atômica foi colocada dentro de um memorial fúnebre no parque. Ela inclui os nomes daqueles que sobreviveram ao bombardeio, mas morreram nos últimos 12 meses. A lista agora tem mais de 340.000 nomes, segundo a NHK.

Foto: Reprodução

FONTE: ALTERNATIVA ON LINE

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