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Nota de pesar: Thomas Lovejoy deixa um legado de urgência na proteção da Amazônia

Pesquisador brilhante, ambientalista incansável e colega generoso –assim é descrito o biólogo Thomas Lovejoy por quem conviveu com ele. O professor da Universidade de George Mason morreu em 25 de dezembro de 2021, aos 80 anos, em sua casa. Ele se tratava de um câncer de pâncreas. O WWF-Brasil lamenta sua partida e se solidariza com sua família e seus amigos por esta perda.

Com mais de 50 anos de pesquisa na Amazônia, o norte-americano dedicou-se a fazer compreender o impacto da ação do homem sobre a natureza, especialmente sobre a noção de “ponto de inflexão”, ou ponto de não retorno, o momento em que a destruição da natureza atinge tça grau de degradação que a regeneração é inviável. No caso da Amazônia, o ponto de inflexão (tipping point) pode ser alcanaçado quando for destruída entre 20 e 25% da floresta –atualmente a destruição está em torno de 19%.

Por meio de uma pesquisa de longo prazo –a pesquisa sobre os efeitos da destruição da floresta (Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais) começou em 1979 e segue até os dias de hoje–, Lovejoy usou o conhecimento gerado para a defesa de criação de áreas protegidas na Amazônia, onde chegou pela primeira vez em 1965 para fazer seu doutorado.


A Amazônia era esse mundo selvagem inacreditável e tropical. Era como se eu tivesse morrido e chegado ao Paraíso. Era fascinante, e aos poucos passei de simplesmente fazer ciência a fazer ciência e conservação ambiental. A Amazônia é um dos lugares mais importantes para trabalhar no mundo.

Thomas Lovejoy (1941-2021)
Também foi Lovejoy quem cunhou o termo “diversidade biológica” nos anos 1980 e, por isso, ele é considerado o “padrinho” da biodiversidade. “A contração biodiversidade veio depois, em 1987. Havia um simpósio organizado pela Academia Nacional e pelo Instituto Smithsonian e o termo foi contraído para o simpósio. É um termo um pouco técnico, mas me disseram que o país em que ele é mais conhecido é o Brasil”, contou Lovejoy em entrevista à Agência Fapesp em 2015.

Para além da pesquisa acadêmica, Lovejoy atuou em defesa da vida tanto como conselheiro para assuntos ambientais do Banco Mundial, do Instituto Smithsonian e dos governos norte-americanos Ronald Reagan, George Bush e Bill Clinton, como trabalhando no terceiro setor. Lovejoy integrou a equipe do WWF Estados Unidos de 1973 a 1987, passando por cargos de Diretor de Programa (1973-1978), vice-presidente de Ciências (1978-1985) e vice-presidente executivo (1985-1987).


É preciso ser prático, mas também ampliar os horizontes. É assim que a mudança acontece. Mas o que consegui fazer em países como o Brasil foi sempre em parceria.

Thomas Lovejoy (1941-2021)

Em 2012, Lovejoy ganhou o prêmio Blue Planet, considerado o Prêmio Nobel do Meio Ambiente ppor sua extensa pesquisa sobre a interação entre mudanças climáticas e biodiversidade. Em 2013, recebeu o prêmio do WWF de Liderança por um Planeta Vivo (World Wildlife Fund Leaders for a Living Planet Award).


Sabemos agora que a Amazônia deve ser gerenciada como um sistema. Gerenciada de uma maneira que preserve seu ciclo hidrológico, que continue capaz de ser uma floresta chuvosa, que a região agrícola de Mato Grosso continue a receber chuva suficiente, que alguma água chegue até a Argentina e São Paulo.

Thomas Lovejoy (1941-2021)   

A equipe do WWF-Brasil manterá vivas as ideias de Lovejoy de conservação da Amazônia, lutando por criação e manutenção de espaços de proteção da natureza –assim como de defesa das comunidades e dos povos que nela vivem–, sempre com o espírito de colaboração que guiou sua atuação. Concordamos e acreditamos que #JuntosÉpossível viver em um mundo em que o homem se entenda parte da natureza e com ela viva em harmonia.

FONTE: WWF BRASIL

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