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Comunidade Okinawana homenageia Harumi Goya por condecoração concedida pelo Imperador

Cercada de amigos, parentes e familiares, a vice-presidente da Associação Okinawa Kenjin do Brasil (AOKB) e Centro Cultural Okinawa do Brasil (CCOB), Harumi Arashiro Goya foi homenageada pela comunidade okinawana no último dia 20, em cerimônia realizada na sede da AOKB, no bairro da Liberdade, em São Paulo, pela condecoração “Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro com Roseta”, concedida por Sua Majestade, o Imperador do Japão, Naruhito.

Numa iniciativa da AOKB e CCOB, o evento contou com a presença de cerca de 300 convidados, entre eles, a Diretoria da AOKB; o cônsul geral do Japão em São Paulo, Toru Shimizu; a desembargadora federal Consuelo Yatsuda Moromizato Yoshida; a médica oncologista e imunologista, Nise Yamaguchi; a ex-presidente da Japan House São Paulo, Ângela Hirata; o ex-ministro de Minas e Energia e ex-presidente da Petrobrás, Shigeaki Ueki; o presidente da Fundação Kunito Miyasaka e também vice-presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – Roberto Nishio; o presidente da Kenren – Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil, José Taniguti; o vereador Aurélio Nomura; o ex-desembargador Kazuo Watanabe; e o jornalista e presidente do Centro de Estudos Nipo-Brasileiros (CENB), Jorge Okubaro.

Coube ao vice-presidente da AOKB e mestre de cerimônias, Tério Uehara, ler um breve currículo da ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social (Bunkyo), ex-presidente da ABJICA – Associação dos Ex-Bolsistas Jica – SP e atual vice-presidente da Associação Ikebana do Brasil.

A homenageada com diretores da Associação Okinawa
Cônsul Toru Shimizu, Aurélio Nomura, Harumi e Ângela Hirata

Espírito altruísta – Sobre a homenageada, aliás, o presidente da AOKB, Ritsutada Takara, leu uma mensagem do ex-vereador, ex-deputado estadual, ex-secretário municipal dos Transportes e ex-secretário estadual dos Negócios Metropolitanos, Getúlio Hanashiro: “Homenagem justa a esta mulher, que é um orgulho para todos nós descendentes de okinawanos e japoneses. A condecoração ofertada pela casa imperial japonesa é um reconhecimento cabal dos esforços, trabalho que Harumi-san desenvolveu nas entidades nikkeis, colaborando para a divulgação da cultura japonesa e especialmente okinawana no Brasil. Seu espírito altruísta, solidariedade e fraternidade são marcas indeléveis de sua personalidade, bem como seu charme e simpatia que transmitem para todos o conteúdo do Ikigai dos okinwanos, exemplo para todos. Parabéns!”

Ritsutada Takara explicou que “não é por acaso que a Harumi-san tenha recebido tamanha honraria, tanto pelo seu trabalho desenvolvido perante a comunidade japonesa e okinawana como voluntária”.

A homenageada com diretores da Associação Okinawa
A homenageada recebeu amigos e familiares
Harumi Goya e Milton com cônsul e diretoria do Bunkyo

Mudança de patamar – Profissionalmente acho que a maioria aqui não sabe, mas eu tive a grande felicidade de conhecê-la no ano de 2000, numa reunião que eu ainda não a conhecia”, disse Takara, lembrando que, na época ela atuava na coordenação de tecnologia da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e ainda era o braço direito do secretário da Fazenda, o professor Yoshiaki Nakano. “Foi em sua gestão que a Fazenda Estadual teve uma mudança de patamar com a criação do posto fiscal eletrônico que até nos dias de hoje se utiliza muito, agora de forma virtual”, frisou Ritsutada.

Homenagem do sensei Satoru Saito a Harumi Goya
Harumi Goya recebe buquê de flores de Yunko Uehara
Valter Sassaki, Shigeaki Ueki e cônsul Toru Shimizu (à frente)

Legado – Para o cônsul geral, a homenagem é um reconhecimento por sua admirável dedicação ao fortalecimento das relações entre Japão e Brasil. “Ao longo de sua brilhante trajetória, a senhora Goya deixou um legado significativo nas diversas áreas em que atuou, como a primeira mulher a presidir o Bunkyo em seus mais de 60 anos da história. Além disso, liderou com excelência as comemorações dos 110 anos da emigração japonesa no Brasil, um marco de imenso valor para os nossos povos. A sua dedicação se estende também à difusão da arte e cultura japonesa, seja através da promoção do Ikebana ou do seu papel como presidente e da Associação de Ex-Bolsistas da Jica, onde foi também pioneira”, destacou Toru Shimizu, afirmando que “em cada uma de suas funções vem promovendo o intercâmbio cultural, técnico e acadêmico entre os nossos países, sempre buscando o diálogo e a cooperação”.

“Hoje, celebramos não apenas as suas conquistas e contribuições, mas também o exemplo construído para as futuras gerações da comunidade nikkei. Sua liderança, empenho e visão nos inspira a continuar trabalhando para o fortalecimento contínuo dos laços que une o Japão e o Brasil”, finalizou o cônsul.

Determinação – Falando em nome das entidades, Roberto Nishio lembrou como Harumi Goya chegou ao Bunkyo, levada pelo professor Kokei Uehara – outro filho dileto de Okinawa – e das diversas ocasiões em que ela quebrou paradigmas ao assumir o cargo de presidente do Bunkyo, a principal entidade representativa da comunidade nipo-brasileira.

Além das virtudes citadas pelos oradores que o antecederam – que a descreveram como uma pessoa sorridente, amável e afável – Nishio agregou também a determinação ao se referir a um episódio ocorrido na constituição da Diretoria do Bunkyo pouco antes de seu segundo mandato. “Ainda havia um ranço de machismo na nossa sociedade e no Bunkyo não era diferente, mas do seu jeito, ela conseguiu conseguiu constituir a Direitoria de acordo com a sua vontade e de acordo com os seus objetivos”, disse Nishio, que enumerou três fatos que, do seu ponto de vista, foram marcantes em seu convívio. Primeiro, o Projeto Ashiato, que permitiu o acesso de pessoas “não letradas no idioma japonês” a informações sobre os seus ascendentes que imigraram para o Brasil.

Outro fato marcante, de acordo com Nishio, foi seu trabalho como presidente da Comissão de Comemoração dos 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil, em 2018. “Nessa oportunidade, ela recebeu a visita de Sua Alteza Imperial, a Princesa Mako, na Arena dos 110 Anos. E, finalmente, como presidente do Bunkyo, ela reinaugurou os oitavos e sétimos andares do Museu Histórico da Imigração Japonesa do Brasil, respectivamente nos anos de 2018 e 2019, revitalizando, modernizando e transformando o museu em um dos mais importantes, se não o mais importante do mundo relacionado à imigração japonesa”, concluiu Nishio.

Orgulho – A irmã, Marie Arashiro, lembrou a trajetória de Harumi Goya, desde a chegada da família ao Brasil, em 1958, vindos de Okinawa. “A Harumi, a primogênita, tinha cinco anos na época. Tivemos uma infância feliz, com muitos primos e amigos na colônia, para estudar e brincar lá. Porém, as crianças daquela época não tinham muito tempo para brincar, frequentávamos a escola brasileira pela manhã e a escola de língua japonesa à tarde e também ajudávamos na colheita do café. Como todos os imigrantes da época, não tivemos uma vida fácil”, disse Marie, explicando que, “nossa avó e nossos pais já não estão mais entre nós, mas acredito que a celebração da Harumi hoje só foi possível graças aos pais que incentivaram os nossos estudos, independente de ser filho ou filha”. “Tenho certeza que a nossa avó, os pais e meu irmão mais novo, que faleceu no ano passado, estará abençoando e torcendo por você lá de cima”, concluiu a irmã.

Falando em nome dos sobrinhos, Erico Juniti Takano destacou o orgulho de tê-la como tia, “não por qualquer qualificação ou cargo”. E agradeceu por tudo que Harumi fez e continuar a fazer por pelos sobrinhos, “desde conversas, risadas, ajudas e até convites para almoço e janta”. “Talvez seja até um pouco desanimador, um pouco preocupante, não termos tanto envolvimento com a comunidade, mas é algo que provavelmente nunca nos cobrou e quem sabe no futuro algum de nós possa ser tão influente e possa fazer parte dela mais a fundo”, disse Erico, que leu ainda uma mensagem do seu tio, irmão de Harumi, Yasushi Arashiro, de Manaus.

Mudanças marcantes – A homenageada da noite compartilhou a condecoração que recebeu do governo japonês com todos que contribuíram para a sua formação e para a realização das ações que a credenciaram para esta honraria. Segundo ela, uma das mudanças marcantes da sua vida aconteceu em 2003, quando foi convidada pelo professor Kokei Uehara para fazer parte da direitoria do Bunkyo.

“Ao contrário do que alguns possam imaginar, não senti um tratamento diferenciado por ser mulher, sempre fui tratada com respeito e consideração por todos”, confidenciou Harumi, afirmando que as duas gestões frente ao Bunkyo, de 2015 a 2019, “foram de intensas atividades”.

Em especial, destacou duas delas que considera importantes para a relação Brasil-Japão. “A primeira em 2015, quando recebemos a visita do príncipe Akishino e da princesa Kiko durante as comemorações dos 120 anos do Tratado de Amizade Brasil-Japão, e depois, em 2018, quando recebemos a visita da princesa Mako, que abrilhantou as comemorações dos 110 anos de imigração japonesa no Brasil”.

Cantores japoneses – Outro fato marcante, em meio aos inúmeros compromissos, comentou, foi a oportunidade de recepcionar os cantores japoneses Itsuki Hiroshi, Hashi Yukio e Mikawa Kenji, artistas que só conhecia por meio de revistas como Heibon e Miyojô.

“Na qualidade de presidente do Bunkyo, tive a felicidade de participar de jantares e conversar com todos eles. Uma oportunidade que, na minha mocidade, jamais imaginei que um dia iria acontecer”, admitiu Harumi, acrescentando que outra experiência significativa como presidente do Bunkyo foi liderar a comissão para comemoração dos 110 anos da emigração japonês no Brasil em 2018.

Agradecimentos – E agradeceu aos seus familiares, que deslocaram de cidades distantes, e aos amigos. “Fiquei muito surpresa e emocionada com a presença de tantas pessoas”, concluiu Harumi Goya, que antes de finalizar fez mais três agradecimentos. “Primeiro, ao governo japonês pela concessão desta honrosa homenagem. Ao Bunkyo, que me ofereceu a possibilidade de viver uma experiência que dificilmente poderá ser expressa em palavras, mas que será inesquecível e marcante por toda a minha vida, e também à Associação Okinawa Kenjin do Brasi, que me preparou para enfrentar esse grande desafio”.

O professor Satoru Saito encerrou a programação com uma bela homenagem a Harumi Goya.

(Aldo Shiguti)

Harumi Goya com o então cônsul Kuwana

Nome: Harumi Arashiro Goya

Nacionalidade: Brasileira

Grau de Condecoração: Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro com Roseta

Principais funções exercidas: Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social (Bunkyo), ex-presidente da ABJICA – Associação dos Ex-Bolsistas Jica – SP e atual vice-presidente da Associação Ikebana do Brasil.

Principais fatos meritórios: Harumi Goya foi presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, o Bunkyo, entre 2015 e 2018. Primeira mulher a presidir a principal entidade representativa da comunidade nipo-brasileira em 60 anos de história, Harumi Goya dedicou-se com afinco como presidente da Comissão para Comemoração dos 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil, em 2018, esforçando-se para que altas autoridades de ambos os países pudessem participar da Cerimônia comemorativa, que foi conduzida com sucesso.

Foi também a primeira mulher a ocupar a Presidência da Associação dos Ex-Bolsistas Jica – SP, a ABJICA. Durante sua administração, organizou inúmeros seminários e simpósios em colaboração com o Consulado Geral do Japão em São Paulo e o Governo do Estado de São Paulo, contribuindo grandemente para a promoção do intercâmbio de cooperação técnica e acadêmica entre os dois países.

Atualmente, ocupa o cargo de vice-presidente da Associação de Ikebana do Brasil, promovendo workshops e exposições da arte floral Ikebana em São Paulo e diversas localidades no Brasil, contribuindo para a difusão da arte tradicional japonesa.

FONTE: NIPPON JÁ

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