Jogadora$ brasileira$ denunciam time da 2ª divi$ão do Japão por a$$édio $exual e moral
Duas jogadoras brasileiras do Diosa Izumo FC, equipe da segunda divisão da Liga de Futebol Feminino Nadeshiko, com sede em Izumo (Shimane), realizaram uma coletiva de imprensa na quarta-feira (6) e denunciaram ter sofrido assédio sexual e moral por parte do treinador e do técnico desde o início de suas atividades no clube.
Elas também informaram que denunciaram o caso à Liga de Futebol Feminino do Japão, exigindo a devida punição aos envolvidos, segundo o jornal Asahi e a emissora local BSS, afiliada da TBS.
Na coletiva, realizada na cidade de Izumo, estavam presentes as duas jogadoras – Thays Ferrer e Laura Spenazzatto– e o advogado delas.
Laura, de 26 anos, jogava no Botafogo e foi contratada pelo Diosa em 2022, assim como Thays, de 25 anos, que veio do clube turco ALG Spor.
De acordo com o documento de denúncia enviado à Liga de Futebol Feminino do Japão, estava previsto no contrato que ambas teriam um intérprete. No entanto, a presença do intérprete ficou limitada a uma vez por semana, deixando as jogadoras sem compreensão das instruções em japonês, o que resultava em zombarias do treinador e do técnico.
Além disso, desde a chegada delas ao clube, foram alvo de insultos de cunho sexual em português.
O treinador frequentemente utilizava palavras de teor sexual, como referências ao órgão masculino, para repreendê-las em caso de erros durante os treinos e jogos.
Ainda, durante uma conversa entre o oficial de bem-estar do clube – posição designada pela Associação de Futebol do Japão para eliminar violência e discriminação – e o treinador em maio deste ano, o treinador teria ameaçado não escalar as jogadoras caso tentassem relatar as questões diretamente ao presidente do clube.
Com relação ao técnico, ele teria zombado das jogadoras em diversas ocasiões, questionando sarcasticamente se elas “estariam entendendo” as instruções, além de fazer gestos de desprezo, como estalar a língua.
Em julho deste ano, as jogadoras foram diagnosticadas com transtorno de estresse agudo devido à pressão sofrida pelo treinador, e, em agosto, deixaram o time, iniciando tratamento psiquiátrico.
Apesar das tentativas do oficial de bem-estar e do advogado para solucionar a situação, o clube adiou repetidamente as respostas, resultando na impossibilidade de retorno das jogadoras aos jogos nesta temporada, além da falta de explicações para as demais jogadoras.
Devido a essa situação, as brasileiras decidiram que não poderiam mais confiar na capacidade de autorregulação do clube e optaram por denunciar o caso à Liga Nadeshiko.
Diosa Izumo FC nega assédio
A organização sem fins lucrativos Diosa Sports Club, que administra o Diosa Izumo FC, convocou uma coletiva no mesmo dia para dar sua versão dos fatos, segundo a BSS.
“Com relação às ameaças de escalação e comentários de cunho sexual, não podemos responder no momento devido à investigação conduzida pelo advogado do clube”, disse um representante do time.
No entanto, em uma investigação interna do clube, o treinador negou ter feito comentários de assédio sexual.
“Até o momento, não identificamos a ocorrência das alegações feitas”, disse o representante.
Em relação às falas sobre a escalação das jogadoras, o representante afirmou que é necessária uma investigação para determinar a quem e com que intenção essas declarações foram feitas.
O clube reconheceu sua responsabilidade em relação à presença de um intérprete, mas afirmou que a investigação interna não encontrou evidências de comentários de assédio sexual. Atualmente, uma nova investigação está sendo conduzida pela Liga.
Foto: Reprodução/NNN
Jogadoras brasileiras durante coletiva em Izumo
FONTE: ALTERNATIVA ON LINE