Japão cogita dificultar conversão da carteira de motorista estrangeira para japonesa
A conversão da carteira de motorista estrangeira para japonesa, conhecida como “gaimen kirikae” (外免切替), tornou-se uma questão controversa no Japão.
A simplicidade do exame teórico, que consiste em apenas 10 perguntas de múltipla escolha em vários idiomas, incluindo o português, e casos de endereços de hotéis sendo usados como residência na solicitação têm causado preocupação, segundo uma publicação feita na terça-feira (19) por uma mídia do grupo Sankei Shimbun.
No Japão, filas de turistas chineses e outros estrangeiros em busca da carteira de motorista japonesa são observadas já nas primeiras horas da manhã. A reportagem diz que motoristas estrangeiros têm causado acidentes fatais e dirigem de forma imprudente, aumentando a apreensão pública.
“A questão do ‘gaimen kirikae’ é profunda e de interesse público. Solicitamos à polícia dados detalhados sobre o número de pedidos por nacionalidade e possíveis correlações entre os acidentes e as regras de trânsito dos países de origem”, disse a parlamentar Satsuki Katayama, do Partido Liberal Democrata (PLD), o mesmo do primeiro-ministro Shigeru Ishiba.
As carteiras japonesas são internacionalmente reconhecidas, permitindo dirigir em cerca de 100 países. No entanto, a China, que não faz parte da Convenção de Genebra, tem poucas opções para uso internacional de suas licenças. Por isso, obter uma carteira japonesa facilita dirigir em muitos outros países.
Para japoneses e estrangeiros que estão tirando a habilitação pela primeira vez, o exame teórico para obter a carteira exige responder 95 perguntas. No caso do “gaimen kirikae”, apenas 7 respostas corretas em 10 questões de múltipla escolha são necessárias para aprovação, além do exame prático, que tem taxa de aprovação de 29%. Mesmo estrangeiros com visto de turismo podem solicitar a conversão usando um endereço temporário, como um hotel, pagando cerca de 15.000 ienes.
De acordo com dados da Agência Nacional de Polícia, em 2023 havia mais de 1,16 milhão de estrangeiros com carteira japonesa, um aumento de 50% desde 2014.
Especialistas alertam que a facilidade do exame pode comprometer a segurança nas estradas, especialmente com diferenças nas regras e costumes de trânsito entre os países.
Katayama sugeriu que, caso necessário, novas leis sejam implementadas, incluindo exames mais rigorosos e a obrigatoriedade de seguro para veículos com ampla cobertura.
“Não se trata de discriminação, mas de preservar a segurança pública no Japão”, disse.
FONTE: ALTERNATIVA ON LINE