Pela primeira vez, Brasil exporta suínos reprodutores de elite via aérea para a Colômbia
Em 2023, país passou a importar animais do topo da pirâmide genética para consolidar a criação nacional; Mapa ajustou processo de olho no bem-estar animal e segurança agropecuária
No último domingo (19), o Brasil exportou, pela primeira vez, suínos reprodutores de alta genética para a Colômbia via aérea. A operação foi feita pela Granja Elite Gênesis, empresa da Agroceres PIC, localizada em Paranavaí (PR), mas exigiu, nos últimos dois anos, ajustes nos procedimentos de importação e exportação que foram articulados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O protocolo adotado foi semelhante àquele implementado pela Receita Federal e Anvisa para as vacinas e insumos contra a Covid-19, em 2021, cuja agilidade até hoje é considerada case de sucesso internacional.
Essas adequações envolveram diversos atores, como o importador, seu representante legal, os órgãos anuentes, como Receita Federal e Mapa, além do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), única porta de entrada e saída de suínos por via aérea no Brasil.
A finalidade dos ajustes foi acelerar o processo de recebimento de embarques com grandes quantidades dos animais de altíssimo valor que passariam a compor o núcleo genético brasileiro. A preocupação do Mapa e das empresas privadas envolvidas era que esses animais selecionados, importados dos Estados Unidos e Canadá a partir de 2023, ficassem em situação confortável o mais depressa possível ao chegarem em Viracopos, o que foi coordenado pela chefia do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro). A importação desses animais de elite compôs a base do plantel que agora permite que o Brasil atinja um novo patamar na criação suína.
Antes desses ajustes, o chamado “desembaraço” – processo de liberação de cargas importadas – levaria cerca de 24 horas para a quantidade de animais recebida. Agora o processo pode ser concluído em 8 horas. “Os suínos utilizados como matrizes genéticas são animais criados em ambientes controlados, sendo sensíveis a condições climáticas desfavoráveis como exposição prolongada ao sol, altas temperaturas, frio, vento, que podem levá-los à óbito ou comprometimento do seu potencial genético. Assim, as tratativas para agilidade na conferência e liberação deste tipo de carga visam a saúde e o bem-estar animal, reduzindo o risco de mortalidade”, explica Rita Lourenço, chefe do Vigiagro de Viracopos, vinculado ao Mapa.
De março a setembro daquele ano, 2023, desembarcaram naquele aeroporto 7.500 animais desse padrão em oito voos, destinados a duas empresas: a Agroceres PIC e a Topigs. “Nunca o país havia recebido quantidade tão expressiva de matrizes de suínos, em uma única importação, e nem tantas importações de grandes quantidades de matrizes em um mesmo ano. Daí a iniciativa de articulação para conferência e liberação diferenciada”, explicou Rita.
Desembarque de suínos no aeroporto de Viracopos: procedimentos ajustados (Foto: Topigs)
Ela reforça que todos os animais, sem exceção, eram provenientes de uma quarentena nos países de origem, sob controle da autoridade sanitária oficial. Ao desembarcar em Viracopos e passar pelos procedimentos oficiais, os animais foram transportados em caminhões lacrados até a Estação Quarentenária de Cananéia (EQC), do Mapa. Ali eles ficam um período em observação, antes de serem liberados para o destino final, “ou seja, mantendo sob controle o risco sanitário”, disse a chefe do Vigiagro.
Em Cananéia, uma parceria público-privada firmada em 2016 uniu a Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos (Abegs), responsável pelo aporte financeiro; a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), responsável pela avaliação genética e genealógica dos animais; e o Mapa, representando o Governo Federal. Em novembro de 2021, essa parceria permitiu ampliar e adaptar as instalações da estação quarentenária para receber os animais importados.
Graças a todas essas articulações e investimentos, as duas empresas consolidaram seus plantéis de elite de suínos reprodutores, permitindo que agora o Brasil exporte animais de altíssimo valor genético para outros países.
Suínos de alta genética agora fazem parte do plantel brasileiro (Foto: Agroceres PIC)
FONTE:SFA-SP