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Lô Borges chega aos 70 anos com a chama viva

♪ ANÁLISE – Nascido em 10 de janeiro de 1952, Salomão Borges Filho completa hoje 70 anos de idade com a chama da criação ainda e sempre viva.

Encarnação do mineiro que trabalha sem alarde, com produtividade silenciosa, Lô – como esse cantor, compositor e músico belo-horizontino é chamado pelos amigos e conhecido pelos milhões de sócios angariados pelo Clube da Esquina em 50 anos – está prestes a lançar mais um álbum autoral com músicas inéditas.

Chama viva é o título do quarto álbum consecutivo do artista com repertório novo desde 2019. Fazendo a conta, dá um disco de inéditas por ano.

Sexto de onze irmãos da musical família Borges (clã que gerou o excepcional letrista Marcio Borges, parceiro dos irmãos Lô, Telo e de Milton Nascimento em standards do repertório do Clube da Esquina), Lô sabe combinar acordes em sequência que geram belas harmonias.

Basta ouvir Tudo que você podia ser (Lô Borges e Márcio Borges, 1972), Nuvem cigana (Lô Borges e Ronaldo Bastos, 1972), Um girassol da cor de seu cabelo (Lô Borges e Márcio Borges, 1972), Paisagem da janela (Lô Borges e Fernando Brant, 1972) e O trem azul (Lô Borges e Ronaldo Bastos, 1972) para perceber o talento do compositor melodista.

Garoto que amou o rock dos Beatles, ele também é filho da Bossa Nova e da MPB da era dos festivais. Foi da alquimia dessas boas referências (inclusive a tal influência do jazz) que Lô construiu obra projetada nacionalmente em 1972 quando o artista tinha 20 anos e, ilustre desconhecido, viu o nome ganhar manchetes por dividir com Milton Nascimento os créditos do já cinquentenário álbum duplo Clube da Esquina, pedra fundamental do homônimo movimento pop mineiro que espalhou bons ventos na MPB dos anos 1970.

Na sequência, ainda em 1972, pressionado pela diretoria da gravadora Odeon, o cantor e compositor debutou solo no mercado fonográfico com o álbum Lô Borges, mais conhecido como “o disco do tênis” pela capa que expôs o surrado par de Adidas branco do artista.

Só que Lô Borges, que viera para a cidade do Rio de Janeiro (RJ) em 1971 com o aval e incentivo de Milton Nascimento, recusou o papel de popstar hippie lhe oferecido pela indústria do disco e se retirou provisoriamente de cena.

Voltou a aparecer somente em 1978, no álbum duplo Clube da Esquina 2, já sem ser o coprotagonista, como no disco de 1972. Em 1979, Lô lançou enfim o segundo álbum solo, A Via Láctea, com músicas como Equatorial (Lô Borges, Beto Guedes e Marcio Borges, 1979) e Vento de maio (Telo Borges e Marcio Borges, 1979).

Seguiram-se alguns álbuns nos anos 1980, como Nuvem cigana (1982) e Sonho real (1984), com Lô respeitando o ritmo da própria natureza criativa, sem atender demandas empresariais. Tanto que o artista lançou somente um álbum, Meu filme (1996), ao longo da década de 1990.

Foi no curso do sucesso da canção Dois rios (2003), parceria com o ídolo Samuel Rosa e com Nando Reis lançada pelo grupo mineiro Skank, que Lô começou a dar novamente as caras no mercado, já referenciado como um dos compositores fundamentais para a arquitetura do Clube da Esquina.

Desde então, Lô Borges abriu o leque de parceiros – compondo com Arnaldo Antunes e Tom Zé, por exemplo – e passou a lançar discos com maior regularidade. Sempre fiel a si mesmo. Quem sabe isso quer dizer amor profundo pela deusa música…

FONTE :G1 (VIA MAURO FERREIRA)

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