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4 patas: entre lambidas, focinhos e saudade

Em crítica literária, escritora e editora Solange Solón Borges analisa o livro ‘Quatro Patas, a história de Pituco’, obra inédita dos escritores Tiago de Moraes das Chagas e Ramon Barbosa Franco

por Solange Solón Borges

O coração do ser humano é carente. Quando um ser de 4 patas entra em nossa vida, o mundo gira repleto de pelos, pulos, doces olhares, lambidas e a rotina muda completamente, entre postes, passeios e petiscos. Até as pequenas mordidas de amor são mais do que aceitáveis. E desejáveis.

Os cães devem nos olhar certamente como deuses, mas eles é que são nossos super-heróis, como ‘Quatro Patas, a história de Pituco’, de Tiago de Moraes das Chagas & Ramon Barbosa Franco prova. Os autores demonstram que, por trás da história de um cãozinho, há uma longa jornada de vida construída e que se apoderou de mim, como leitora.

Os autores trazem a jornada de Pituco, cãozinho que me levou às lágrimas, pois ele era o focinho da minha Bila. Os amores peludos podem ser assim tão parecidos? Às vezes nos esquecemos o nome daquele amigo bacana da infância, mas jamais do cãozinho que fez parte da nossa estrada. É como tatuagem: fica pra sempre marcada na memória, irremovível.

Na verdade, o amor canino ergue uma catedral em nosso peito a fim de ensinar o que é o amor, a alegria, a dádiva. E lá vamos nós orar para São Francisco de Assis olhar por nosso filhote! E como nos alegra cada chegada deles; como nos aflige quando adoecem ou somem; como dói cada partida… um pedaço arrancado do peito. Não, ainda não compreendemos a linguagem canina, o amor incondicional por sermos tão imperfeitos! Abrimos mão da nossa individualidade por eles, no exercício de lealdade e afeto mútuo. Assim, evoluímos aos poucos, enquanto eles já vêm prontos.

Por isso, esse livro mais do que sensível não apenas desvenda como nasce um super-herói de capa, focinho e patas, e algum rosnado, baseando-se em uma história real. As raízes do companheirismo possível entre duas espécies são expostas.

Eu poderia me perguntar quem é o criador e quem a criatura. Quem é o dono e quem o vassalo, mas quando esse amor é simbiose tanto faz quem tem pele ou pelos.

Ao Pituco se transformar em Radius, representa a ponte de amizade eternizada em HQ, a personificação da amizade e da alegria com direito a muitas aventuras no amplo território de Marília. Pituco parece gente. É gente mais do que a gente. E as fotos? E os desenhos? E os sorrisos? E o espírito desbravador e suas conquistas? Pituco, o rei da rua, me conquistou pela sua trajetória de amor semeado a carícias e latidos, entre o dono e seu cão.

Palmas para essas patinhas e este livro caloroso, ricamente ilustrado, pois sempre haverá um Pituco sapeca por aí para nos encontrar. Ainda bem.  Como diz Ramon, no posfácio, a vida tem graça quando é compartilhada. Isso mesmo, vamos partilhar a virtude e o amor que este livro nos traz com as lições de um cãozinho mais do que estiloso. E viva o Pituco!

Solange Solón Borges é editora e escritora, @artificeeditora, www.editoraoartifice.com.br, e-mail: editora@editoraartifice.com.br

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