Japão pode aliviar restrições para entrada de novos estrangeiros em março, diz autoridade
Um alto funcionário do partido governista do Japão e ex-ministro responsável pela vacinação contra Covid-19 disse nesta quinta-feira (3) que espera que as medidas de fronteira estritas do país, as mais duras entre os membros do Grupo dos Sete (G7), possam ser flexibilizadas a partir de março.
Taro Kono, que agora chefia o escritório de relações públicas do Partido Liberal Democrata (PLD), disse à Reuters em entrevista que espera que seja possível aliviar as restrições especialmente para ajudar os cerca de 150 mil estudantes estrangeiros que esperam para entrar no país, alguns há anos.
“Pode não acontecer dessa forma, mas é importante estar pronto”, disse ele.
O primeiro-ministro Fumio Kishida disse que as medidas estarão em vigor até o final de fevereiro, mas não deu garantias de que elas seriam suspensas devido ao aumento de casos de coronavírus no Japão e em outros países.
As restrições de entrada de novos estrangeiros foram impostas para tentar evitar a disseminação da variante Ômicron, mas essa nova cepa já se tornou dominante no Japão.
Com as fronteiras fechadas há quase dois anos, a vida de estudantes, pesquisadores e trabalhadores foi interrompida, levando líderes empresariais a alertar sobre o possível impacto econômico, principalmente em meio a um mercado de trabalho apertado.
Embora afrouxadas brevemente no ano passado, as medidas, que têm apoio maciço do público, foram reforçadas novamente no final de novembro, com o surgimento da variante Ômicron.
“Vamos torcer para que as medidas sejam suspensam em 1º de março”, disse Kono, que foi às redes sociais para criticar a política, que permite somente a entrada de cidadãos japoneses e residentes estrangeiros.
Kono, um legislador frequentemente apontado como futuro primeiro-ministro, disse que concordava com os princípios por trás da política de fronteira quando começou, mas a execução foi falha.
“Por que devemos discriminar estrangeiros? Omicron não sabe se (uma pessoa) é japonesa, americana ou iraniana”, acrescentou.
“Não faz sentido – economicamente, cientificamente ou qualquer outra coisa”, disse Kono, acrescentando que, embora seja correto pedir aos turistas que esperem, aqueles que planejam passar períodos mais longos, como estudantes ou empresários, devem ser autorizados a entrar.
Kono criticou o atraso do programa de aplicação da terceira dose da vacina contra Covid diante da rápida disseminação da Ômicron, que levou as infecções em todo o país para mais de 90 mil na quarta-feira, dizendo que mais controle para os governos locais é fundamental.
O Japão vacinou totalmente quase 80% de sua população, mas o programa de reforço cobriu apenas 4% até agora, contra 27% nos Estados Unidos e mais da metade na Coreia do Sul e Cingapura.
“Desta vez, porque não estou lá, o Ministério da Saúde quer controlar tudo…”, disse. “Essa é uma maneira de falhar – e é exatamente isso que eles estão fazendo.”
Embora as pesquisas de opinião tenham mostrado que o apoio de Kishida está diminuindo e a desaprovação aumentando sobre sua maneira de lidar com o coronavírus, Kono viu pouco risco político para ele antes das eleições para a Câmara Alta do Parlamento em meados deste ano.
“Acho que a Ômicron diminuirá até o final de março e espero que possamos impulsionar a economia”, acrescentou.
“E a eleição é em julho, então isso não deve representar muito problema para nós.”