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Consumo em 76 países do Hemisfério Norte ameaça espécies em outras nações

A atividade humana está interligada em todo o planeta e pode causar estragos mesmo em áreas longe dos grandes centro urbanos — mas longe mesmo. É o que mostra um estudo publicado no último dia 7 de abril na revista Scientific Reports com dados de 188 países.

Segundo a pesquisa, o consumo em 76 países do Hemisfério Norte  — sobretudo na Europa, América do Norte e Ásia Oriental — impulsiona o risco de extinção de espécies em outras nações. Entre os principais afetados estão o sapo Craugastor fecundus, que vive em Honduras, e o roedor gigante Hypogeomys antimen, de Madagascar.

O estudo aponta que o consumo de produtos e serviços dos setores de alimentos, bebidas e agricultura é o maior impulsionador do risco de extinção: representa 39% da pegada global, seguido pelo consumo de bens e serviços do setor de construção (16%).

Em 96 países, o consumo doméstico é o maior impulsionador da ameaça às espécies. O comércio internacional, por sua vez, impulsiona 29,5% desse risco no mundo. Além disso, em 16 países, concentrados na África, o problema é reforçado pelo consumo fora de suas fronteiras.

Os EUA são responsáveis por 24% da pegada de risco de extinção da rã Craugastor fecundus, encontrada em Honduras e criticamente ameaçada de extinção (Foto: Joe Townsend)

Para chegar a esses resultados, um time de pesquisadores liderado por Amanda Irwin, do grupo de Análise de Sustentabilidade Integrada da Universidade de Sydney, na Austrália, usou dados da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

experts também aderiram a uma metodologia amplamente utilizada para quantificar pegadas de carbono, vinculando o risco de extinção aos padrões globais de consumo. O grupo consultou então dados globais da cadeia de suprimentos Eora, obtendo a pegada de risco para cada espécie e por setor econômico.

De acordo com Irwin, até mesmo a compra de um café em Sydney pode contribuir para a perda de biodiversidade em outro país, como Honduras. “As escolhas que fazemos todos os dias têm um impacto no mundo natural, mesmo que não vejamos esse impacto”, ressalta a cientista, em comunicado.

Para Arne Geschke, coautor da pesquisa, as ações para proteger as espécies podem variar em cada lugar. “As intervenções apropriadas para lidar com o risco de extinção em Madagascar, por exemplo, onde 66% da pegada de risco de extinção são exportados, devem ser diferentes daquelas implementadas na Colômbia, onde 93% da pegada de risco de extinção é gerada pelo consumo doméstico”, exemplifica.

A extinção do roedor Hypogeomys antimen, de Madagascar, está se agravando devido ao consumo em outros países (Foto: Josh More)

Juha Siikamäki, que também assina o estudo, destaca o fato de que quase 30% da pegada global de risco de extinção está atrelada ao comércio internacional. Para ela, isso reforça a necessidade de considerar as responsabilidades de diferentes países e setores, incluindo um financiamento da conservação além das fronteiras nacionais.

“Essa visão de como os padrões de consumo predominantes influenciam a perda de biodiversidade em todo o mundo é fundamental para informar as negociações internacionais em andamento para a natureza, incluindo a 15ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB)”, afirma Siikamäki.

A segunda parte da conferência está prevista para ocorrer de 25 de abril a 8 de maio de 2022, em Kunming, no sul da China. Na ocasião, será adotado o Marco Global da Biodiversidade Pós-2020, que estabelecerá metas a serem alcançadas até 2030 sobre temas como a conservação da biodiversidade. A primeira etapa da reunião aconteceu de 11 a 15 de outubro de 2021.

FONTE: AMBIENTE BRASIL (VIA GALILEU)

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