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EUA homenageiam vítimas de ataque racista em supermercado

Moradores emocionados de Buffalo, no estado de Nova York, se reuniram neste domingo (15) em vigílias e serviços religiosos para homenagear as dez pessoas assassinadas a tiros por um jovem, suposto supremacista branco, em um ato descrito pelas autoridades como “terrorismo doméstico, puro e simples”.

O atirador, identificado como Payton Gendron, de 18 anos, foi preso na cena do crime, um supermercado em um bairro em que a maioria da população é negra, depois que a polícia respondeu a chamados de emergência.

Os moradores se reuniram na parte externa do supermercado para a vigília, enquanto a governadora de Nova York, Kathy Hochul, a procuradora-geral do estado, Letitia James, e o prefeito de Buffalo, Byron Brown, participavam de uma missa em uma igreja batista da cidade.

Com sentimentos que iam da raiva à tristeza, os oradores denunciaram essa última erupção de violência racista e o fácil acesso a armas de alto poder de fogo, algo que vem se transformando em uma cena tristemente familiar nos Estados Unidos.

Hochul, que nasceu em Buffalo, descreveu o crime como uma “execução ao estilo militar”, ao assinalar que o atirador portava um fuzil de assalto semiautomático AR-15, e denunciou as mensagens racistas, que se “espalham como fogo em um rastro de pólvora”.

Em entrevista à emissora ABC, ela classificou as redes sociais de “instrumentos desse mal” e afirmou que elas permitiam que os temas racistas “se propagassem como um vírus”.

O incidente trouxe à tona lembranças de alguns dos piores ataques racistas na história recente do país, entre eles o assassinato de nove fiéis em uma igreja da comunidade negra na Carolina do Sul por um jovem branco, em 2015, e o ataque de um homem branco no Texas, em 2019, que resultou na perda de 23 vidas, a maioria delas pessoas de origem latina.

O ataque racista

Para realizar o crime, Gendron dirigiu até Buffalo de sua cidade natal, Conklin, a mais de 320 quilômetros de distância, segundo a polícia.

O jovem foi denunciado no sábado (14) à noite por uma só acusação de assassinato em primeiro grau e detido sem direito a fiança, informou o escritório do promotor distrital do condado de Erie.

O atirador usava um colete à prova de bala e portava um fuzil de assalto, segundo o departamento de polícia local, que detalhou que, entre os dez mortos e três feridos, 11 eram negros. Além disso, Gendron usava um capacete equipado com câmera que transmitia sua ação ao vivo pela internet.

O presidente Joe Biden se pronunciou neste domingo sobre o fato em um serviço religioso de homenagem aos policiais americanos mortos em serviço. “Todos devemos trabalhar juntos para lidar com o ódio, que continua sendo uma mancha na alma dos Estados Unidos”, afirmou.

Ontem, Biden havia deplorado o ataque ao classificá-lo de “terrorismo doméstico”, cometido em nome da “repugnante ideologia nacionalista branca”.

‘Crime de ódio’

O ato de ontem está sendo investigado como “crime de ódio” e um “caso de extremismo violento por motivos raciais”, declarou aos jornalistas Stephen Belongia, agente especial responsável pelo escritório de campo do FBI em Buffalo.

A mídia local vinculou o atirador a um manifesto de 180 páginas que descreve uma ideologia supremacista branca e apresenta um plano para atacar um bairro habitado principalmente por pessoas negras.

Além de mencionar o ataque na igreja da Carolina do Sul, o agressor afirmou ter se “inspirado” no homem armado que matou 51 pessoas em uma mesquita na Nova Zelândia em março de 2019.

Se for declarado culpado, Gendron poderá ser condenado à pena máxima de prisão perpétua, sem liberdade condicional.

Em 2020, os Estados Unidos registraram 19.350 homicídios por armas de fogo, um índice quase 35% maior que o de 2019, segundo dados recentes dos CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças).

FONTE: R7 (VIA AFP)

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