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A FELICIDADE

Vou começar com um poema:

A Felicidade
(Vicente de Carvalho)

Só a leve esperança em toda a vida
Disfarça a pena de viver, mais nada
Não é mais a existência resumida
Que uma breve esperança malograda
O eterno sonho d’alma desterrada
Que a traz ansiosa e embevecida
E uma hora feliz sempre adiada
E que não chega nunca em toda vida
Essa felicidade que supomos
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos
Existe sim, mas nunca a encontramos
Porque ela está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos

Pensando nessa poesia, fiquei a conjecturar sobre felicidade.
Para quem não tem dinheiro, ele seria o sinônimo de felicidade.
Para quem tem muito dinheiro, ele não traz felicidade. Haja vista a Cristina Onassis, uma das mulheres mais ricas do mundo, e vivia em depressão.
Associei a busca por essa tal felicidade a quando fazemos um bolo. Às vezes o que faz o bolo não ser apetitoso é a falta de fermento, ou de açúcar, ou sovar demais, etc. Percebem? É um ingrediente, ou a falta dele, ou a sua qualidade, ou a maneira como fazemos que determina se ele ficará bom ou não.
Creio que no caso da felicidade é a mesma coisa. Se na infância tivemos tudo que o dinheiro pode comprar mas para que nossos pais pudessem nos oferecer isso, viviam em função do trabalho, então nesse caso, a felicidade está atrelada ao amor, a termos carinho, compreensão, atenção.
Se foi a falta de dinheiro, atrelamos nossa felicidade a termos segurança financeira, ou abundância do mesmo.
Se foi por abusos ocorridos na infância, atrelamos nossa felicidade em superarmos esses traumas tão marcantes.
Vocês percebem algo em comum em tudo isso?! A infância!
A maioria das nossas neuras estão no nosso passado mais longínquo.
O bolo depois de assado não tem como ser consertado, só podemos arrumar a receita e fazer de novo! E nossas vidas? Será que tem como consertar? Creio que sim. É uma tarefa árdua porque nem sempre associamos nossa busca de hoje com o nosso passado. Às vezes acreditamos que seja algo nosso, da nossa essência.
Alguns buscam respostas nas religiões, outros nas terapias, outros na meditação, não importa o caminho, apenas o resultado. Mas infelizmente outras pessoas buscam alívio para seus problemas, ou para suas carências, ou para suas dores, nos paraísos artificiais, isto é, nas drogas, ou no álcool.
Vejam, não dá para mudar o passado, não dá para escolhermos a família de onde viemos, ou quem amamos, contudo podemos aprender a aceitar. No começo não é fácil, porém nossa mente pode ser adestrada se quisermos, e um dia quando pensarmos naquilo que tanto nos afligia ou incomodava, perceberemos que algo mudou dentro de nós e que tudo isso ficou para trás.
Vou terminar com mais um poema:

Basta pensar em sentir
(Fernando Pessoa)

Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar
Depois de parar de andar
Depois de ficar e ir
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir
Viver é não conseguir

Apesar de adorar Fernando Pessoa, eu digo que:

Viver é conseguir
Basta seus sonhos perseguir
Não para ser quem quer partir
Mas sim quem vai persistir

Madahh

8 thoughts on “A FELICIDADE

  • Acir Jota Ka

    Belo texto! Preciso e detalhado. Há vida inteligente na Internet!

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    • Madahh Kazumi

      Acir Jota Ka, muito obrigada. Sua opinião é muito importante para mim. Um abraço

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  • Maristela Shimazaki

    Amei sua crônica!
    Muito bem escrita e verossímil.
    És uma grande escritora.
    Parabéns!
    Amo você!
    Beijos

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  • Alberto Shimazaki

    Oh! que saudades que tenho
    Da aurora da minha vida,
    Da minha infância querida
    Que os anos não trazem mais!
    — Que amor, que sonhos, que flores,
    Naquelas tardes fagueiras
    A sombra das bananeiras
    Debaixo dos laranjais!

    Casimiro de Abreu

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  • FERNANDO PEDRO DE ANDRADE

    parabens pelo texto

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    • Madahh Kazumi

      Obrigada Fernando Pedro de Andrade, sua opinião é muito importante para mim.

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    • Madahh Kazumi

      Maristela Shimazaki, obrigada! Você é uma grande incentivadora para mim! Um grande beijo

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    • Madahh Kazumi

      Alberto Shimazaki eu adoro essa poesia também. Muito linda! Bjs

      Resposta

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