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Leite vira vilão do café da manhã com alta de 25,4% em julho; entenda

O leite longa vida subiu em julho 25,46%, é o segundo item com a maior alta mensal. Já em um ano, o produto registrou aumento de 66,46%. Outros derivados também tiveram um aumento considerável no mês, como leite condensado (6,66%), manteiga (5,75%), leite em pó (5,36%), queijo (5,28%), margarina (3,65%), requeijão (3,22%) e leite fermentado (2,87%). 

“Sem contar ainda que existe aumento de outros itens como frutas que apresentaram uma alta importante”, afirma Braz. A alta desses itens, no geral, foi de 4,40% em julho, de acordo com o IPCA. Em 12 meses, o aumento é de 35,36%. 

A melancia, maior alta mensal da inflação (31,26%), fica em safra e, por isso, pode ficar mais barata em novembro, dezembro e janeiro. Já o mamão, que subiu 13,52%, deve ter queda no preço de outubro a janeiro. Com alta em julho de 11,36%, a época da banana nanica começa em setembro e, geralmente, dura mais quatro meses.

A sazonalidade pode ajudar a reduzir o preço das frutas nos próximos meses, que acumulam inflação elevada nos últimos 12 meses. No período, o mamão subiu (99,39%), melancia (81,6%), morango (73,86%), melão (61,15%), manga (47,51%) e o banana nanica (42,87%).

É esperado que pressão inflacionária desses itens diminua em breve. “O que sustenta a alimentação como o grande vilão dos preços são alguns efeitos sazonais. A boa notícia é que eles são passageiros. No caso do leite, por exemplo, ele já deve ceder em setembro com a aproximação da primavera, quando começa a chover. O produto deve começar a devolver esses aumentos acumulados até agora”, analisa Braz. 

Fatores externos

A guerra no leste europeu tem ajudado a manter os preços elvados do café da manhã. A Ucrânia é um dos maiores produtores de trigo do mundo, mas a produção está sendo afetada pelo conflito. A queda na oferta do grão no mercado mundial fez o preço da commodity disparar. “Isso afeta também o pão francês, biscoito e o macarrão”, comenta Braz.

Em julho, os derivados de trigo continuaram subindo. Entre eles, o biscoito (2,71%), pão doce (2,66%¨), farinha de trigo (2,29%), pão de forma (1,9%), macarrão (1,65%) e o pão francês 1,58%.

“No caso do trigo, mesmo com a guerra já estamos vendo acordos para que haja liberação de grãos da Ucrânia. A oferta de trigo no mercado internacional está aumentando aos poucos. A gente já começa a ter uma pressão menor”, completa o economista.

A invasão na Ucrânia aconteceu em fevereiro, dados do IBGE, indicam que somente em 2022, a farinha de trigo disparou 27,47%. Outros derivados também acumulam alta elevada no período, como o pão de forma (18,74%), macarrão (16,17%), biscoito (16,03%), pão francês (15,35%) e o pão doce (13,85%). 

O preço de outras commodities e de insumos agricolas usados na produção também são influenciados por fatores externos. Segundo Hugo Garbe, professor do Mackenzie e economista-chefe da G11 Finance, “eles tem uma cotação internacional. Mesmo que a inflação caia, ele vai continuar resistindo no preço anterior”.

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrou a primeira deflação desde maio de 2020. É o menor resultado da série histórica do índice, iniciada em janeiro de 1980. Apesar da queda em julho, o índice acumula nos últimos 12 meses alta de 10,07%, percentual acima da meta estabelecida pelo governo para o período, de 3,5%.

Para Hugo Garbe, professor do Mackenzie e economista-chefe da G11 Finance, “a inflação está cedendo por conta dos subsídios do governo, a redução do ICMS, já era esperado que teríamos uma deflação. Ela que aconteceu, por conta de uma política fiscal para conter o avanço dos preços, principalmente, dos combustíveis”, explica Hugo Garbe.

Mesmo com os preços persistentes dos alimentos, a queda do IPCA pode ser explicada pela redução das alíquotas do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias). A energia elétrica residencial e a gasolina, que tiveram a redução da tarifa, recuaram em julho 5,78% e 15,48%, respectivamente.  Somente de transportes (-4,51%) e de habitação (-1,05%) tiveram variação negativa e puxaram a inflação do período para baixo. Também foi reduzido até o fim de 2022 o PIS/Confins sobre a gasolina e o etanol, que registrou queda no preço de 11,38%.                         

São Paulo, SP - 06.07.2022 - Sacolão - Sacolão da rua Caio Craco, zona oeste da cidade. Oferta de legume, verdura, frutas e hortaliças, tempero etc. Foto Edu Garcia/R7
RS - VENDA/FRUTAS/PORTO ALEGRE - ECONOMIA - Venda de frutas no Mercado Público de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, nesta terça-feira, 07 de junho de 2022. Cinco frutas populares (banana, laranja, maçã, mamão e melancia) apresentaram alta de até 242% de 2020 para 2022 nas Ceasas das capitais, apontou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 07/06/2022 - Foto: EVANDRO LEAL/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO
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FONTE : R7 (*Estagiária sob supervisão de Ana Vinhas)

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