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Posicionamento: Bolsonaro escolheu fazer campanha na ONU

Pelo quarto ano consecutivo, o Brasil assiste o chefe do Executivo nacional elencar bravatas e fatos desconexos como se fossem o melhor que o Brasil tem a oferecer. No entanto, o discurso de Jair Bolsonaro, na abertura da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, desta terça (20), foi mais um fiasco. 

O mesmo aconteceu nos anos anteriores: em 2019, ele negou os problemas ambientais do país, no ano seguinte, ele atacou os povos indígenas e populações tradicionais para se livrar da responsabilidade dos incêndios na Amazônia e, no ano passado, desfilou argumentos para tentar esconder o desastre de sua gestão na área.

Em seus 20 minutos de fala, Bolsonaro destacou fatos apresentados como realizações de seu governo – da chegada ao 5G à conclusão da transposição do Rio São Francisco. Fez discurso de candidato, não de chefe de Estado. Buscou as narrativas em que os números falariam por si, porém ficou em silêncio sobre índices de desmatamento e queimadas, casos de violência e crimes contra povos indígenas e comunidades tradicionais, eventos extremos e desastres ambientais, assim como a quantidade de pessoas famintas – números que também falam por si. No contexto de um discurso auto-laudatório, esse silêncio diz muito.

Ao discursar que dois terços do território brasileiro permanecem cobertos por vegetação nativa, o presidente omite que uma parte importante da vegetação efetivamente conservada está em terras indígenas e áreas protegidas, que sofrem sistematicamente ataques do próprio presidente. Dados recentes do MapBiomas apontam que a terra coberta por vegetação nativa caiu de 76% para 66% entre 1985 e 2021. Ou seja, não é possível usar os números para bradar que somos referência na conservação do meio ambiente.

Ao final desses quatro anos de mandato, o legado é de curvas ascendentes de destruição, como as de desmatamento e de queimadas, ameaçando a segurança climática do país. Um próximo governo terá muito trabalho para colocar a casa em ordem e para resgatar a imagem do país junto à comunidade internacional. 

FONTE : WWF BRASIL

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