GeralMundo

Chefe da ONU diz que é papel de todos falar e levar adiante a lembrança do Holocausto

O secretário-geral da ONU esteve na sinagoga Park East, em Nova Iorque, neste sábado. António Guterres participou da cerimônia anual em memória das vítimas do nazismo.

Em discurso, o chefe das Nações Unidas disse que “o Holocausto não aconteceu como uma lição para a humanidade, mas aconteceu, e porque aconteceu, pode acontecer de novo”.

O campo de concentração de Auschwitz tornou-se símbolo do terror , genocídio e Holocausto

ONU/Evan Schneider

O campo de concentração de Auschwitz tornou-se símbolo do terror , genocídio e Holocausto

Aumento do antissemitismo e outras formas de ódio

Ele alertou que “nunca se deve baixar a guarda” e é preciso estar sempre vigilantes”. E alertou ainda que hoje o antissemitismo está em toda parte, e aumentando de intensidade.

Guterres acrescentou que o mesmo vale para outras formas de racismo e ódio: fanatismo anti-islâmico, xenofobia, homofobia e misoginia. O secretário-geral explicou que os movimentos supremacistas brancos neonazistas representam hoje a ameaça de insegurança interna número um em vários países, e são os que mais crescem.

O chefe da ONU ressaltou que “o veneno deles está se movendo das margens para a tendência dominante”, citando a demonização do outro, desdém pela diversidade, difamação dos valores democráticos e desrespeito aos direitos humanos.

Ódio sendo espalhado na internet

António Guterres disse que o fanático racista do passado, hoje tem um microfone com alcance global. Ele acrescentou que “o paranoico teórico da conspiração que no passado pode ter encontrado um único conhecido para confiar, hoje encontra uma comunidade online de milhões de pessoas com ideias semelhantes.”

Para o secretário-geral da ONU, “as consequências são tão preocupantes quanto perigosas”. E lembrou que, na sexta-feira, durante a cerimônia anual em memória das vítimas do Holocausto, na Assembleia Geral, ele lançou um apelo para acabar com o ódio.

Ele citou ainda Portugal, dizendo que é “motivo de grande alegria que os descendentes de famílias judias expulsas tenham desde então exercido o seu direito à nacionalidade portuguesa. E disse que em breve Lisboa terá um novo museu dedicado à história judaica de Portugal, o Museu Tikva.

Auschwitz, campo de concentração nazista na Polônia, onde mais de um milhão de judeus e membros de outras minorias ficaram presos durante a Segunda Guerra Mundial.

ONU/Evan Schneider

Auschwitz, campo de concentração nazista na Polônia, onde mais de um milhão de judeus e membros de outras minorias ficaram presos durante a Segunda Guerra Mundial.

Responsabilidade de líderes religiosos e governos

Guterres disse também que líderes religiosos em todos os lugares têm o dever de impedir a instrumentalização do ódio e desarmar o extremismo entre seus seguidores. Além disso, todos os governos têm a responsabilidade de ensinar sobre os horrores do Holocausto.

Ele citou o Programa de Divulgação do Holocausto das Nações Unidas, que está na vanguarda desse trabalho crucial. E explicou que, como cada vez menos podem dar testemunho direto, será preciso “encontrar novas maneiras de levar adiante a tocha da lembrança, dentro das famílias e através das gerações e dentro das salas de aula”.

Para o chefe da ONU, essas histórias devem incluir o assassinato em massa do povo cigano e sinti, a tortura e assassinato de outras vítimas visadas pelos nazistas, como pessoas com deficiência, alemães de ascendência africana, homossexuais, prisioneiros de guerra soviéticos, dissidentes políticos e inúmeros outros.

Ele disse ainda que, acima de tudo, “devemos contar as histórias de todas as crianças, mulheres e homens que foram sistematicamente assassinados e que juntos formaram o rico e vibrante mosaico que era a vida judaica na Europa.

Para o secretário-geral, “devemos lembrar o Holocausto não como a história de 6 milhões de mortes, mas como 6 milhões de histórias diferentes de morte”.

Memória daqueles que morreram

António Guterres disse que nossa responsabilidade é honrar a memória daqueles que morreram, “mas também aprender a verdade sobre o que aconteceu e garantir que nem nós, nem as gerações futuras, jamais esqueçam”.

Além de recusar a impunidade para os autores em qualquer lugar e se posicionar contra aqueles que negam, distorcem, relativizam, ou de outra forma encobrem suas próprias cumplicidades ou as de seus concidadãos”.

Para o chefe da ONU, “a resposta deve ser clara. É preciso fortalecer as defesas e rejeitar aqueles que buscam negar o passado para remodelar o futuro. É preciso prometer, não apenas lembrar, mas falar e defender. Falar onde quer que haja ódio e defender os direitos humanos e a dignidade de todos, hoje e em todos os dias que virão”.

FONTE: ONU NEWS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *