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Sistema portátil desenvolvido pela Embrapa pode ajudar produtores de leite a evitar perdas

O leite é uma das principais fontes de alimento do brasileiro. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, o Brasil tem mais de um milhão de propriedades que são produtoras de leite e é o terceiro maior produtor mundial, com mais de 35 bilhões de litros por ano, sendo a grande maioria pequenos e médios produtores. De acordo com o IBGE, o maior produtor é o estado de Minas Gerais.

Atualmente o leite retirado dos animais no campo é testado através de uma mistura de álcool e o próprio leite, são dois mililitros de cada um para saber se o produto tem ou não qualidade.

Então se o leite, em contato com o álcool, “talhar”, automaticamente é descartado por ser considerado ruim, mas não é o que mostra a tecnologia desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), apresentada durante a Agrishow em Ribeirão Preto (SP).

O Sonda Leite é um equipamento que foi desenvolvido pela Embrapa e utiliza feixes de luz para constatar em 25 segundos qual é a real condição do leite que acabou de ser retirado do animal, se está normal, Lina (Leite Instável Não Ácido) ou ácido.

“Hoje as empresas de laticínios só aceitam leite em condições normais, com Ph entre 6,6 e 6,8. Muitas vezes o etanol em contato com o leite talha, por ser um leite Lina, mas apesar de ser Lina é um leite bom, em condições de consumo. Esse produto também está com o Ph dentro da referência, mas atualmente é descartado, simplesmente porque ele “talha” ou azeda. Os caminhoneiros já entendem que ao “talhar”, o leite está azedo. O Lina “talha”, mas não é azedo, não é ácido, ele é bom para o consumo”, explica Washington Luiz de Barros Melo, pesquisador da Embrapa.

O Lina é apenas uma condição em que o leite é apresentado, geralmente em razão do manejo do animal.

“Pode acontecer do produtor tirar o leite do animal num dia e ser um produto normal, e no outro dia o mesmo animal apresentar o leite Lina, isso pode acontecer por diversos fatores, ele pode não ter bebido muita água no dia ou ter ficado muito tempo no sol, enfim, são fatores que fazem o leite ser Lina, mas não é ácido, ele é bom”, afirma o pesquisador.

O equipamento desenvolvido tem como objetivo reduzir o descarte de leite e pode ser utilizado em qualquer animal, seja bovino, búfalo ou qualquer outra espécie.

O projeto está em fase experimental de validação e possui um sistema digital que permite acesso aos dados da análise através de uma conexão wi-fi sem fio, instalado no próprio equipamento, sem a necessidade do sinal de internet. Melo diz que essa é uma tecnologia que veio para ajudar principalmente o pequeno produtor.

Instrução do produtor em SP

Também com o objetivo de melhorias para o produtor de leite o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Bovinos Leiteiros do Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, desenvolveu a Caravana do Leite.

Desde 2012 os pesquisadores fazem um trabalho em Ribeirão Preto para atender produtores que levam os gargalos e os problemas da produção em busca de soluções. Mas o grupo percebeu que estava abordando poucos produtores.

“O estado tem muitos pequenos produtores, ficamos muito tempo parados em razão da pandemia, fizemos cerca de 180 atendimentos, é muito pouco, por isso pensamos no projeto Caravana do Leite, que é dividido em seis macro regiões e vamos visitar essas regiões a partir do segundo semestre, por um ano. O objetivo é atender 1,2 mil produtores”, afirma o pesquisador do IZ, Weber Soares.

Segundo ele, o principal problema que eles percebem é a mastite, uma inflamação que ocorre na glândula mamária do animal e que causa redução da produção de leite.

Diante do problema já identificado, a caravana quer levar tecnologia para a região que vai ser visitada.

“Levamos um laboratório móvel e fazemos a análise ali mesmo, entregamos o laudo para o produtor e também a sugestão de solução para o problema dele. O nosso objetivo é aumentar a produção de leite desse agricultor e também melhorar a qualidade do produto”, diz Soares.

O projeto atende produtores de leite bovinos e bubalinos. Soares conta que já atendeu um caso em que o produtor praticamente dobrou a produção dele em razão da tecnologia que foi levada até ele.

FONTE: G1

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