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Brasileiro é grande produtor e distribuidor de verduras brasileiras em Mie

Filho de imigrantes japoneses e agricultores no Brasil, Júlio Nagae (長江樹里男), de 68 anos, residente em Suzuka (Mie), veio ao Japão como dekassegui. Com o espírito de pioneirismo como seus pais, Nagae distribui aos compatriotas hortaliças brasileiras frescas.

A Nagae Farm (fazenda), localizada em Suga-cho, na cidade de Suzuka (Mie), está ocupada durante o ano todo para a entrega de cerca de 20 hortaliças, como coentro, couve, brócolis, beterraba e outras.

Durante o trabalho da manhã, alternando conversas em japonês e português, Nagae apontou para a salsa italiana e disse emocionado: “Era isso o que eu queria comer, por isso importei as sementes do Brasil e comecei a cultivar, e se passaram 30 anos. Foi o ponto de partida da minha fazenda“.

De dekassegui a agricultor

Nissei nascido em São Paulo, o agricultor veio ao Japão durante a bolha econômica, em 1989, com o objetivo de trabalhar como dekassegui. Trabalhou na construção civil na cidade de Suzuka, casou-se com uma japonesa e teve dois filhos.

Conforme sua esperança de retornar ao Brasil diminuía, começou a sentir saudades da comida de sua terra natal. No início, alugou um pequeno terreno perto de um canteiro de obras e começou o cultivo da salsa. A partir de então, começou a alugar seguidamente diversos terrenos na cidade para aumentar as variedades do cultivo.

Há onze anos, deixou o emprego na construção civil e se tornou agricultor em tempo integral. Atualmente, cultiva as hortaliças utilizadas na culinária brasileira e as verduras do Sudeste Asiático em 7 hectares, no total de 32 locais, entregando nos supermercados. O faturamento bruto anual do ano passado ultrapassou 30 milhões de ienes.

Verduras da Nagae Farm na Mugen e no MaxValu

A rede Mugen Foods, com 4 lojas nas províncias de Aichi e Mie, é um dos destinos das hortaliças.

“Não importa quantos anos eu more no Japão, sinto falta de todas as verduras e frutas da meu país. O Nagae-san, que começou a cultivar do zero no Japão, onde o clima e o solo são muito diferentes, é imprescindível para a comunidade nikkei“, disse Adilson Kishigami, presidente da rede.

De acordo com Nagae, nos 30 anos após sua chegada no Japão, o ambiente em torno dos trabalhadores nipo-brasileiros mudou muito. Devido à queda de produção nas fábricas, tornou-se cada vez mais difícil enviar dinheiro o suficiente para retornar à terra natal, e assim muitas pessoas optaram por se estabelecer no Japão.

“Espero que as verduras frescas proporcionem uma energia para as pessoas que deixaram de sonhar em voltar ao Brasil“, disse. Com este sentimento, mesmo agora, próximo de completar o koki (aniversário de 70 anos), ainda roda pelas plantações com sua camionete kei, do início da manhã ao entardecer.

Ao ouvir as palavras dele, de que “no começo, as verduras cujas sementes foram enviadas do Brasil se desenvolveram, no ano seguinte deram mais semeaduras e crescem de novo”, a reportagem fez uma analogia de sua vida com o velho ditado de origem chinesa 落地生根, o que significa “as folhas caídas criam raízes”, pois ele se enraizou no Japão.

Os já falecidos pais do agricultor emigraram para o Brasil e abriram novas terras. Em meio às dificuldades “nos criaram, 9 irmãos”, disse. Nagae tem enfrentado dificuldades como o aumento dos preços do combustível e dos fertilizantes, mas sobrepõe sua vida com a de seus pais e, se voltando para a terra, e tem um olhar gratificante para a agricultura.

Sente alegria quando vê japoneses e residentes asiáticos com suas verduras em mãos no supermercado MaxValu, em Suzuka.

“Através do alimento, a cidade de Suzuka vem mudando gradualmente para aceitar o multiculturalismo. Para mim, como agricultor com duas raízes, me dá alegria“, concluiu.

FONTE: PORTAL MIE

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