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Alertas do Deter mostram desmatamento crítico no Cerrado

O desmatamento está fora de controle no Cerrado, que só no mês de maio teve 1.326 km² devastados – um aumento de 83% em comparação a maio de 2022 -, de acordo com os dados divulgados nesta quarta (7) pelo Sistema DETER, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Na Amazônia, onde o governo federal tem concentrado suas ações de combate ao desmatamento, a destruição está em queda, embora ainda permaneça em patamares altos. Em maio, foram desmatados 812 km² no bioma, uma queda de 10% em comparação a maio do ano passado. 

“Maio trouxe números animadores para a Amazônia, mas uma destruição sem precedente para o Cerrado, bioma que é fortemente pressionado pelas atividades agrícolas e indispensável para o regime de chuvas do país. Esperamos que assim como a Amazônia, essa região receba mais proteção e iniciativas como o PPCerrado”, disse Edegar de Oliveira, Diretor de Restauração e Conservação do WWF-Brasil.

No Dia do Meio Ambiente, 5 de junho, o governo lançou o novo o novo PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal) e anunciou a criação do Parque Nacional do Teixeira, na Paraíba e a ampliação da Reserva Extrativista Chocoaré-Mato Grosso, no litoral do Pará. Nesta quarta, o ministério anunciou que vai reforçar as medidas para conter a destruição no Cerrado.

“Depois de anos de destruição ambiental, celebramos a retomada da ciência, do planejamento e das ações de controle. Esperamos que o PPCDAm seja rapidamente implementado, pois ele reforça o compromisso do Governo com a defesa da pauta ambiental tão apoiada pela sociedade brasileira”, comentou Oliveira.

Amazônia

Desde que assumiu o governo no início do ano, a nova gestão tem feito um esforço de retomada da fiscalização e de reestruturação dos sistemas de proteção ambiental – e os sinais são positivos na Amazônia. Nos primeiros cinco meses do ano, o desmatamento acumulado foi de 1.986 km², uma queda de 31% em comparação ao mesmo período em 2022.

Porém, desde 1o de agosto de 2022, quando iniciou o período de medição do DETER, até o fim de maio, o desmatamento acumulado na Amazônia foi de 6.789 km², um aumento de 13% em comparação ao período anterior (1º de agosto de 2021 a 31 de maio de 2022). Os patamares, portanto, seguem altos, embora os valores venham diminuindo gradualmente nos últimos meses.

“A Amazônia tem mais um mês com redução de desmatamento, mas os números estão ainda em patamar muito alto. É importante que as ações de controle bem como as iniciativas de desenvolvimento sustentável ganhem mais força”, afirmou Mariana Napolitano, gerente de conservação do WWF-Brasil. 

Segundo ela, os anúncios do PPCDAm e das novas Unidades de Conservação indicam um caminho efetivo, pois no passado foram mecanismos eficientes em combater o desmatamento e a perda da biodiversidade. 
“Estamos na retomada da agenda ambiental e é indispensável que as pessoas acompanhem e cobrem os governantes por uma rápida implementação de ações efetivas, o que proporcionará um futuro mais seguro não apenas para as florestas e seus povos, mas para toda a sociedade que depende dos serviços ambientais”, declarou Napolitano.

Cerrado 

Já no Cerrado, onde a proteção ambiental é mais frágil, a situação é crítica, com sucessivos recordes de destruição. Nos primeiros cinco meses de 2023, o bioma teve um aumento de 35% em comparação ao mesmo período em 2022, quando já havia sido registrado um alto desmatamento:2.612 km². Em comparação aos cinco primeiros meses de 2020, quando foram destruídos 1.963 km², a área sob alertas de desmatamento dobrou.
Considerando o acumulado desde o início do ano de referência (PRODES), entre 1º de agosto de 2022 e 31 de maio de 2023, o Cerrado teve 4.872 km² desmatados, um aumento de 23% em comparação ao período anterior, quando foram destruídos 3.946 km². Em comparação à média histórica, o aumento foi de 26%.

Segundo Edegar Oliveira, algumas ações pontuais estão em andamento, como a limitação de crédito e a restrição à compra de produtos vindos de áreas desmatadas, em atenção às leis internacionais. Mas ainda é preciso um maior engajamento. Na segunda (5), a ministra Marina Silva disse que, após o PPCDAm, o próximo plano terá foco no Cerrado. 

“A sociedade civil, academia, empresas e classe política precisam garantir um futuro viável e sustentável para as próximas gerações. Só com um compromisso sério e efetivo com a agenda ambiental o Brasil terá credibilidade internacional para fechar acordos e participar de fóruns comerciais importantes, como por exemplo, a entrada na OCDE”, afirmou.

FONTE: WWF BRASIL

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