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Israel-Palestina: Implementação de decisão do Conselho de Segurança ainda é insuficiente, diz Guterres

Em reunião do Conselho de Segurança sobre a crise Israel-Palestina nesta quarta-feira, o secretário-geral da ONU disse que nos últimos dias o povo dos Territórios Palestinos e de Israel finalmente viram “um vislumbre de esperança e de humanidade em meio a tanta escuridão”. 

António Guterres afirmou que é “profundamente comovente observar os civis finalmente terem uma trégua de bombardeios, famílias reunidas e aumento da ajuda humanitária”.

Sucesso significa vidas salvas

No entanto, o líder das Nações Unidas avaliou que a implementação da resolução 2712, adotada em 15 de novembro pelo Conselho para reforçar a proteção de civis é “lamentavelmente insuficiente”.

Para ele, a medida do sucesso não será o número de caminhões despachados ou as toneladas de suprimentos entregues, por mais importantes que sejam. “O sucesso será medido em vidas que são salvas, em sofrimento encerrado e em esperança e dignidade que são restauradas”, disse ele.

Guterres afirmou que estão em curso “intensas negociações” para prolongar a trégua, mas ressaltou a importância de um verdadeiro cessar-fogo humanitário.

O Conselho de Segurança da ONU reúne-se para discutir a situação no Oriente Médio , incluindo a questão palestina

ONU/Loey Felipe

O Conselho de Segurança da ONU reúne-se para discutir a situação no Oriente Médio , incluindo a questão palestina

Resultados positivos

Como resultados positivos, o secretário-geral citou que pela primeira vez desde 7 de outubro, um comboio entregou alimentos, água, suprimentos médicos e itens de abrigo ao norte de Gaza, especificamente para quatro abrigos da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, no campo de Jabalia, 

Além disso, pela primeira vez, o fornecimento de gás de cozinha entrou em Gaza.

Segundo Guterres, o acordo da pausa que dura mais de cinco dias permitiu a libertação de 60 reféns, sendo 29 mulheres e 31 crianças detidos pelo Hamas e outros grupos desde 7 de outubro.

Fora do acordo, durante o mesmo período, outros 21 reféns foram libertados. O acordo também resultou na libertação de 180 prisioneiros e detidos palestinos das prisões israelenses, principalmente mulheres e crianças.

Cidade fantasma

O chefe da ONU afirmou que o nível de ajuda aos palestinos em Gaza continua “completamente inadequado” para atender às enormes necessidades de mais de dois milhões de pessoas. 

Ele pediu a abertura de mais passagens de fronteira e afirmou que está preparando uma proposta para melhorar a implementação da resolução 2712. 

Antes da reunião do Conselho de Segurança, o diretor de Assuntos da Unrwa, Thomas White, disse que a Cidade de Gaza “parecia uma cidade fantasma e todas as ruas estavam desertas”.

Ao visitar o local, ele afirmou que “o impacto dos intensos ​​ataques aéreos e bombardeios foi muito visível. As estradas estão cheias de crateras, o que complica a entrega de ajuda.”

Alimentos são distribuídos às pessoas deslocadas em Jabalia, norte de Gaza

UNRWA

Alimentos são distribuídos às pessoas deslocadas em Jabalia, norte de Gaza

Determinação dos trabalhadores humanitários

Esta quarta-feira marca o sexto e último dia de uma trégua entre o Hamas e Israel que foi facilitada pelo Catar. Os funcionários humanitários pedem as partes em conflito que sigam os apelos internacionais para prolongar a pausa. 

A suspensão do conflito também permitiu que as organizações humanitárias, principalmente as Sociedades do Crescente Vermelho Egípcio e Palestino e as agências da ONU, “melhorassem” as entregas de ajuda necessárias dentro de Gaza.

A equipe da Unrwa continua atendendo as pessoas diariamente em Jabalia, o maior campo de refugiados em Gaza, incluindo um dos chefes dos serviços de saneamento da agência, “apesar da dor indescritível da morte da sua esposa e filha”, disse White.

Cerca de 200 caminhões de ajuda humanitária conseguiram entrar na área através do Egito todos os dias desde que a pausa nos combates entrou em vigor na sexta-feira, 24 de outubro.

Mais mortes por doenças do que por bombardeios

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, OMS, emitiu um novo alerta na quarta-feira sobre o elevado risco de propagação de doenças entre os deslocados pela violência.

Tedros Ghebreyesus reiterou avaliações de que “dadas as condições de vida e a falta de cuidados de saúde, mais pessoas poderiam morrer de doenças do que de bombardeios”.

Os últimos dados destacam 111 mil infecções respiratórias agudas, 75 mil casos de diarreia e dezenas de milhares de pessoas sofrendo de sarna, piolhos, erupções cutâneas e icterícia.

De acordo com a Unrwa, mais de 1,8 milhões de habitantes de Gaza, cerca de 80% da população, foram deslocados desde o ataque do Hamas ao sul de Israel, em 7 de outubro, que deixou 1,2 mil mortos e cerca de 240 reféns.

Os deslocados abandonaram as suas casas no norte, após uma ordem de evacuação emitida pelas Forças de Defesa de Israel em 13 de Outubro.

FONTE: ONU NEWS

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