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“Vimos o chão trincar”: brasileiros relatam momentos de desespero durante terremoto no Japão

O forte terremoto de magnitude 7,6 que ocorreu na península de Noto (Ishikawa) no dia de Ano Novo trouxe momentos de pânico e desespero para os cerca de 3.800 brasileiros que moram em Ishikawa e Toyama, as províncias mais afetadas pelo desastre.

“Quando deu o terremoto eu gritei e falei: ‘nossa, a gente vai morrer’. Vimos o chão trincar e a casa do nosso vizinho praticamente partir ao meio”, disse Roberta Ishimi de Campos, 41 anos, que mora em Anamizu (Ishikawa), onde a intensidade do tremor chegou a 6+ graus na escala japonesa, que vai até 7.

Roberta e o marido Hamilton Campos foram até uma área de evacuação devido ao alerta de tsunami que foi emitido para toda a costa do Mar do Japão, e depois se dirigiram para um abrigo público.

“Estou com medo de voltar ao nosso apartamento para dormir porque fiquei com trauma”, disse a brasileira, relatando que uma parede perto da porta de entrada sofreu uma grande rachadura e tudo que tinha lá caiu no chão. Também não há luz e nem água encanada.

O abrigo, no entanto, tem vários problemas de infraestrutura. “Não tinha cobertor para todo mundo e a gente teve que dormir sentado numa cadeira no frio, porque os aquecedores ficaram com os idosos. Por ser Japão, achei que haveria um melhor preparo para essas situações”, disse.

Nesta quarta-feira (3), Roberta e o marido deixaram temporariamente o abrigo e foram procurar um local para tomar banho e comprar alimentos e itens como algo para forrar o chão. No primeiro dia, foram distribuídos dois onigiris (bolinhos de arroz) e uma garrafa de água.

Eles pretendem voltar e ficar no abrigo até que os tremores secundários, que continuam a atingir a região, parem de ocorrer.

Dormindo no carro

Rodrigo Okuno, 40 anos, que também mora em Anamizu, não chegou a buscar um abrigo porque sua casa é nova e sofreu poucos danos, mas está enfrentando problemas como falta de luz, água e combustíveis, já que muitos postos de gasolina estão fechados.

À noite, para escapar do frio, ele e a família estão dormindo no carro com o ar-condicionado ligado.

“A parte de alimentação pelo menos por enquanto está tranquila. Ontem, uma rede de farmácias abriu as portas aqui para o pessoal pegar o que estava necessitando”, disse.

“Susto muito grande”

Liana Ayako Mimura, 45 anos, que mora na cidade de Toyama, onde o tremor chegou a 5+ graus na escala japonesa, disse que vivenciou um “um susto muito grande”.

“Recebi um alerta pelo celular falando que ia vir um terremoto muito forte e nisso começou a balançar. As panelas da cozinha foram parar no chão e os livros da estante também. Caiu tudo”, relatou.

Em seguida, veio o alerta de tsunami. “Eu moro perto da praia aqui em Toyama, então comecei a preparar os documentos da minha família, coloquei tudo dentro do carro e fui para as montanhas, onde tem uma loja de conveniência. Fiquei lá por umas 3 horas mais ou menos até dar uma acalmada”, disse.

Apesar do susto, a casa de Liana não sofreu danos e o fornecimento de luz a água não foi interrompido em grande parte da cidade.

Fotos: Hamilton Campos/Cedidas

FONTE: ALTERNATIVA ON LINE

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