Vacina contra câncer de pele começa a ser testada em humanos; Brasil vai participar
Projetada “sob medida”, a vacina contra o câncer de pele, avançou mais uma etapa e está mais perto de se tornar realidade. A terceira e última fase de testes do imunizante teve início nesta semana na Inglaterra e consiste no teste em humanos.
Desenvolvida pela farmacêutica Moderna e MSD, a chamada mRNA-4157 (V940), utiliza a mesma tecnologia das vacinas contra Covid-19 e induz o organismo do paciente a produzir proteínas ou anticorpos que atacam as células doentes, destruíndo cada uma delas.
“Esta é uma terapia individualizada e muito mais inteligente, em alguns sentidos, do que uma vacina”, disse Heather Shaw, oncologista e coordenadora nacional do ensaio clínico de fase 3 da mRNA-4157 (V940).
Primeiro paciente imunizado
O paciente escolhido para receber o primeiro teste clínico da vacina contra o câncer de pele foi Steve Young, de 52 anos. Ele é um dos vuluntários para esta fase de desenvolvimento do imunizante e viu no estudo a esperança de impedir o retorno do câncer.
Steve foi diagnosticado com um melanoma em estágio II na cabeça. Ele achava que era apenas um calo e contou ter tido um “choque enorme” quando recebeu a notícia.
Após receber a dose, o paciente fez um comunicado à imprensa falando sobre as expectativas de ter uma vida com mais qualidade e saúde.
“Sinto-me sortudo por fazer parte deste ensaio clínico. É claro que não me senti tão sortudo quando fui diagnosticado com câncer de pele; na verdade, foi um grande choque, mas agora que fiz tratamento, estou ansioso para garantir que não volte a ocorrer. Esta é a minha melhor chance de parar o câncer”, disse o paciente.
Além de Steve, outros pacientes dos Estados Unidos, Inglaterra e Austrália participarão desta terceira fase de testes.
Como a vacina funciona?
A mRNA-4157 é considerada pioneira por ser uma vacina “personalizada”, que pode ser adaptada às necessidades de cada paciente ou grupo de pacientes.
Para personalizar o imunizante, uma amostra do tumor é retirada durante a cirurgia do paciente, seguida de sequenciamento de DNA e uso de inteligência artificial. O resultado é uma injeção anticâncer personalizada, específica para o tumor do paciente.
Recebendo as instruções do imunizante, o corpo do paciente produz até 34 proteínas que atacarão os neoantígenos, que são outra categoria de proteínas encontradas apenas nas células tumorais. Todo esse processo é a partir do sequenciamento genético.
Testes no Brasil
Segundo a Moderna, antes de ser produzida comercialmente, a vacina passará por testes clínicos em alguns países e a boa notícia é que o Brasil está na lista!
Apesar de ter confirmado os testes, a farmacêutica não definiu alguns detalhes sobre como esse processo acontecerá.
Caso aconteça da mesma forma que na Inglaterra, uma lista de espera será aberta para voluntários, que serão selecionados considerando critérios de saúde e tipo de gravidade do câncer.
A partir daí, esses pacientes serão acompanhados por uma equipe especializada até que o imunizante seja aplicado.
Não há também uma data definida para que esse processo aconteça.
Tratamento experimental para outros tipos de câncer
A Dra. Heather disse que as vacinas têm o potencial de curar pessoas também de outros tipos de câncer, incluindo pulmão, bexiga e rim. Os testes para esses casos já estão em testes iniciais.
“Esta é uma das coisas mais emocionantes que vimos em muito tempo”, disse Heather.
O objetivo final é curar permanentemente o câncer dos pacientes, disse a doutora. “Acho que há uma esperança real de que estes sejam os revolucionários na imunoterapia”.
O que é o melanoma?
O melanoma, que é o tipo de câncer tratado pela vacina, é considerado a variação mais grave da doença devido à alta possibilidade de provocar metástase.
Ele pode aparecer em qualquer parte do corpo, na pele ou mucosas, na forma de manchas, pintas ou sinais.
No Brasil, o câncer corresponde a aproximadamente 30% de todos os tumores malignos registrados no país.
Mas com essa abordagem a expectativa é que no futuro esse cenário mude!
FONTE: SÓ NOTICIA BOA (The Guardian)