Ibovespa fecha em queda de 2,3% e renova mínima do ano aos 108 mil pontos; dólar sobe a R$ 5,33
O Ibovespa fechou em forte queda nesta segunda-feira (20) acompanhando o desempenho negativo das bolsas internacionais. Lá fora, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram entre 1,7% e 2,2% refletindo as preocupações com a incorporadora chinesa Evergrande, que viu suas ações despencarem 10% em meio a temores sobre a capacidade da empresa de pagar sequer uma parte da sua dívida de US$ 305 bilhões que vence na quinta-feira.
Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, diz que a crise da incorporadora mostra a desaceleração do setor de construção civil na China, o que impacta na exportação de minério de ferro que o Brasil faz para o país.
“Esse impacto faz a demanda de minério de ferro cair, consequentemente cai também o preço do minério de ferro, o que faz com que entre menos dólar no país. Se a empresa for estatizada, em teoria, diminui os riscos do mercado. Como ninguém sabe ainda, há um grau de incerteza muito grande”, analisa.
Em dia de feriado na China, o minério de ferro caiu mais de 8% e foi negociado em US$ 92,80 em Singapura, acumulando uma baixa de 55% em apenas dois meses, resultado da política chinesa de diminuir a produção de aço, visando metas ambientais, e também com a desaceleração do setor de construção.
As ações da Vale (VALE3), que caíram na última sexta-feira apesar do dividendo de R$ 8,10 da companhia, registraram baixa de 3,3% hoje, a R$ 83,31.
Já Leonardo Santana, analista da Top Gain, acredita que há temor a respeito do risco sistêmico no caso Evergrande, com impactos para crédito e o setor financeiro em geral. “O mercado já começa a procurar proteção. As bolsas americanas caem muito, as commodities também, então os investidores buscam dólar e ouro, enquanto países emergentes como o Brasil sofrem muito”, avalia.
Também provocam ansiedade as reuniões de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) nos EUA e do Comitê de Política Monetária (Copom) aqui, com decisões de juros na quarta-feira. Espera-se que o Copom eleve a Selic em mais um ponto percentual, levando a taxa a 6,25% ao ano.
O presidente Jair Bolsonaro está hoje em Nova York e abrirá amanhã a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) com um discurso cercado de expectativa.
O Ibovespa teve queda de 2,33%, a 108.843 pontos com volume financeiro negociado de R$ 34,745 bilhões. Foi o menor patamar de fechamento do benchmark desde o dia 23 de novembro do ano passado, quando encerrou o pregão cotado a 107.379 pontos.
Com a baixa de hoje, o índice estendeu as perdas de 2,07% da última sexta, quando foi impactado pela reação negativa dos investidores à elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciado pelo governo para poder financiar o aumento do benefício do Bolsa Família.
Enquanto isso, o dólar comercial subiu 0,85% a R$ 5,329 na compra e a R$ 5,331 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em outubro avança 0,93% a R$ 5,346 no after-market.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu dois pontos-base a 7,08%, o DI para janeiro de 2023 caiu 10 pontos-base a 8,94%, DI para janeiro de 2025 recuou 14 pontos-base a 10,06% e DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de 17 pontos-base a 10,46%.
Relatório Focus
Os economistas do mercado financeiro elevaram mais uma vez suas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021, revelou o Relatório Focus do Banco Central. Desta vez, a projeção mediana subiu de 8,00% para 8,35%. Para 2022, a previsão para a inflação aumentou de 4,03% para 4,1%.
Já em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) as projeções se mantiveram em crescimento de 5,04% em 2021, mas foram reduzidas de 1,72% para 1,63% em 2022.
Sobre o dólar, a expectativa continua sendo de que a moeda encerre este ano cotada a R$ 5,20, enquanto as projeções para 2022 foram elevadas de R$ 5,20 para R$ 5,23.
Por fim, para a taxa básica de juros, Selic, a mediana das estimativas subiu de 8,00% para 8,25% ao ano em 2021 e de 8,00% para 8,50% ao ano para 2022.
Covid no Brasil
No domingo (19), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 558, patamar 8% abaixo daquele de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 239 mortes.
As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.
A média móvel de novos casos em 7 dias foi de 34.282, queda de 64% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 9.172 novos casos.
A forte alta se deve em parte à inclusão, nos três últimos dias da semana, de mais de 150 mil registros de casos por parte de Rio de Janeiro e São Paulo, após um ajuste no sistema de contabilização de casos.
Chegou a 141.623.847 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a66,39% da população. A segunda dose ou a vacina de dose única foi aplicada em 80.285.227 pessoas, ou 37,64% da população.
A dose de reforço foi aplicada em 300.628 pessoas.
Auxílio Brasil, Datafolha e orçamento secreto
O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, disse na sexta-feira que o programa Auxílio Brasil, que substituirá o Bolsa Família, pagará um valor médio de R$ 300 aos beneficiários. A fala ocorreu em seminário promovido pela escola de negócios Fucape e pela XP.
Segundo Funchal, por restrições eleitorais, o novo programa social não poderia ser implantado no ano que vem, o que explica a decisão do governo de viabilizar sua execução ainda em 2021 com o aumento temporário da alíquota do imposto sobre operações financeiras (IOF) que incide sobre operações de crédito.
Para as empresas, a alíquota aumentou de 1,50% ao ano para 2,04% e, para as pessoas físicas, de 3,0% para 4,08% ao ano. Funchal observou que, para 2022, a ideia é que a fonte de financiamento do Auxílio Brasil seja a tributação sobre dividendos e fundos prevista na reforma do Imposto de Renda em tramitação no Congresso.
Além disso, reportagem de capa da Folha de S. Paulo desta segunda indica que o ex-governador Geraldo Alckmin está com a saída anunciada do PSDB e deve se filiar ao PSD.
Pesquisa Datafolha indica que ele lidera as intenções de voto para as eleições de governador de 2022, com 26%, à frente do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), com 17%; o ex-governador Márcio França (PSB) tem 15% das intenções; e Guilherme Boulos (PSOL), 11%. A pesquisa foi feita com maiores de 16 anos entre 13 e 15 de setembro, e a margem de erro é de dois pontos percentuais.
Em um segundo cenário analisado pela pesquisa, sem Geraldo Alckmin, Haddad fica em primeiro lugar (23%); França em segundo (19%); e Boulos em terceiro (13%); e o atual vice-governador, apoiado por João Doria (PSDB), fica em quinto, com 5%.
Além disso, levantamento do Datafolha indica que 76% dos brasileiros são a favor de que Bolsonaro sofra um processo de impeachment caso não cumpra decisões da Justiça, enquanto 21% dizem que isso não deveria ocorrer. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais.
Em um dos atos do 7 de Setembro, falando a milhares de manifestantes na Avenida Paulista, em São Paulo, Bolsonaro disse que não acataria mais decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Moraes conduz no STF investigações sensíveis contra Bolsonaro e aliados dele, como o inquérito das fake news e dos atos antidemocráticos.
Dois dias depois, no entanto, Bolsonaro mudou o tom ao divulgar uma Declaração à Nação, na qual afirmou que existem “naturais divergências” em algumas decisões de Moraes, mas que essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas.
Além disso, reportagem de capa do jornal O Estado de S. Paulo afirma que o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, direcionou R$ 1,4 milhão do chamado “orçamento secreto” para a obra de um mirante turístico vizinho a um terreno onde pretende construir um condomínio privado com 100 casas em Monte das Gameleiras, no Rio Grande do Norte.
De acordo com o jornal, o investimento bancado com verbas públicas tende a valorizar o novo negócio particular de Marinho, em uma área de seis hectares. O empreendimento é uma sociedade com o assessor de Marinho no ministério, Francisco Soares de Lima Júnior.
O empreendimento foi batizado de Condomínio Clube do Vinho. Ainda de acordo com o jornal, em audiência na Comissão de Trabalho, Administração e Serviços Públicos da Câmara, em 8 de junho, Marinho negou a autoria dos pedidos. Mas, por meio de Lei de Acesso à Informação, o jornal obteve planilhas do Ministério do Turismo que confirmam a autoria do pedido.
Radar corporativo
Petrobras (PETR3;PETR4)
A Petrobras declarou a Excelerate Energy vencedora no processo de arrendamento do Terminal de Regaseificação de GNL da Bahia (TR-BA), e disse que avançará agora para fase de recursos no processo, segundo circular publicada no site da estatal.
Rumo (RAIL3)
A Rumo informou que está prevista para esta segunda-feira a assinatura do contrato de adesão, perante o Estado do Mato Grosso, para construção, operação, exploração e conservação da ferrovia que conecta de modo independente o terminal rodoferroviário de Rondonópolis a Cuiabá (MT) e a Lucas do Rio Verde (MT).
Cia. Hering e Soma (SOMA3)
As ações da Cia. Hering deixam de ser negociadas na B3 a partir desta segunda, com seus antigos acionistas passando a ser acionistas da Soma.
FONTE:INFOMONEY(RICARDO BOMFIM)