Respeito ao ciclo de fome e saciedade das crianças pequenas ajuda no desenvolvimento
Crianças muito pequenas nem sempre verbalizam suas vontades e necessidades, mesmo assim, expressam por meio de sons, choro, risadas, movimentos com as mãos, com a cabeça e outros. Quando o assunto é alimentação, os responsáveis precisam estar atentos a esses sinais, não só para identificar fome, como a saciedade, indicadores importantes para o processo de aprendizagem da criança e seu pleno desenvolvimento.
No caso dos recém-nascidos, o próprio bebê costuma demonstrar fome – abre a boca virando a cabeça como se estivesse buscando o peito, fica inquieta, coloca as mãos na boca e, por último, chora. Já o momento de satisfação pode ser percebido com a recusa do leite materno. A partir dos seis meses, quando a criança começa a receber outros alimentos, os sinais variam acompanhando o crescimento infantil.
- Aos 6 meses de idade
Nesta idade, a criança deve começar a receber três refeições diárias. Não há regra sobre qual refeição iniciar primeiro. O importante é que, ao completar sete meses, ela já esteja recebendo a quantidade recomendada, sejam elas: lanche da manhã, almoço, lanche da tarde ou jantar.
Sinais de fome: chora e se inclina para frente quando a colher está próxima, segura a mão da pessoa que está oferecendo a comida e abre a boca.
Sinais de saciedade: vira a cabeça ou o corpo, perde interesse na alimentação, empurra a mão da pessoa que está oferecendo a comida, fecha a boca, parece angustiada ou chora.
- Entre 7 e 8 meses de idade
À medida que a criança cresce, desenvolve outras habilidades, como sentar sem apoio, aceitar alimentos com consistência mais firme ou em pequenos pedaços. Nesta etapa, é importante oferecer quatro refeições: almoço, jantar e dois lanches contendo fruta.
Sinais de fome: inclina-se para a colher ou alimento, pega ou aponta para a comida.
Sinais de saciedade: come mais devagar, fecha a boca ou empurra o alimento, fica com a comida parada na boca sem engolir.
- Entre 9 e 11 meses de idade
A partir dessa idade, a criança começa a fazer movimentos de pinça com a mão, o que permite que ela segure pequenos alimentos, leve a colher à boca e, além disso, seus dentinhos devem permitir que ela mastigue melhor os alimentos mais rígidos. Todas essas ações devem ser estimuladas pelo cuidador, incluindo a mastigação.
Sinais de fome: aponta ou pega nos alimentos, fica excitada quando vê a comida.
Sinais de saciedade: come mais devagar, fecha a boca ou empurra o alimento, fica com a comida parada na boca sem engolir.
- Entre 1 e 2 anos de idade
Grandes mudanças ocorrem a partir de um ano. Uma delas é a redução da velocidade do ganho de peso. Entre o primeiro e o segundo ano de vida, a criança ganha entre 2,5 a 3 kg ao longo de todo o ano. Nesta fase, ela aprende a falar e já consegue pedir os alimentos de sua preferência, controla melhor a colher e segura o copo com as duas mãos, desenvolvendo a capacidade de se alimentar sozinha.
Sinais de fome: combina palavras e gestos para expressar vontade por alimentos específicos, leva a pessoa que cuida ao local onde os alimentos estão, aponta para eles.
Sinais de saciedade: balança a cabeça, diz que não quer, sai da mesa, brinca com o alimento.
- Tipos de alimento
Outra preocupação da família está relacionada à qualidade dos alimentos ofertados às criança. Alimentos in natura como frutas, legumes, verduras, grãos, raízes e tubérculos, feijões, carnes, ovos, cereais, água própria para consumo e o leite materno devem ser a base alimentar a partir dos seis meses de idade.
Deve-se evitar oferecer alimentos processados – submetidos a alguma modificação, como limpeza, remoção de partes indesejáveis, divisão, moagem, secagem, fermentação, pasteurização, refrigeração, congelamento ou processos semelhantes. Esses e os ultraprocessados estão relacionados a doenças do coração, hipertensão, diabetes, obesidade e câncer e não devem ser oferecidos à criança, assim como devem ser evitados pelos adultos.
Alimentos com adição de sal, açúcar, óleos, gorduras ou qualquer outra substância ao alimento original, não devem ser oferecidos para crianças menores de dois anos.
Fran Martins
Ministério da Saúde