Guterres volta a pedir fim imediato de choques entre Exército e paramilitares no Sudão
As Nações Unidas condenaram dezenas de mortes no Sudão causadas pelos combates, que eclodiram no sábado, entre tropas do Exército do país e as Forças de Apoio Rápido, um grupo paramilitar com cerca de 100 mil integrantes.
Na segunda nota, emitida em menos de 24 horas, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que “permanece profundamente preocupado” com a continuação dos choques entre ambos os lados que causaram ferimentos e mortes incluindo a morte de três funcionários do Programa Mundial de Alimentos, PMA.
Urgência para encontrar fim da crise
Outros dois trabalhadores da agência da ONU estão gravemente feridos.
Eles foram atacados quando trabalhavam na distribuição de alimentos em Darfur do Norte.
Photo: Unitams
Guterres disse que os autores dos assassinatos devem ser levados à justiça, sem demora.
Ele informou que instalações das Nações Unidas e de entidades humanitárias também foram alvejadas por projéteis e saqueadas em vários pontos de Darfur.
O líder da ONU lembrou a todos os lados envolvidos na crise que é preciso respeitar o direito internacional incluindo as obrigações de dar segurança a todos os trabalhadores da ONU, instalações e ativos da organização.
António Guterres encerrou a nota pedindo o fim imediato dos combates e o retorno ao diálogo. Ele disse que permanece em contato com líderes regionais e com partes interessadas no Sudão para encontrar um fim para a crise.
PMA exige garantia e paralisa operações
Segundo agências de notícias, pelo menos 57 pessoas já morreram desde o início da violência no sábado.
Ainda na manhã deste domingo, a diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos, Cindy McCain afirmou estar “horrorizada com a perda de três funcionários do PMA”. Ela disse que atacar trabalhadores humanitários é inaceitável e exigiu providências imediatas para garantir a segurança do pessoal da ONU no país.
© WFP/Sudan
Ela informou que a agência iria paralisar as operações por causa da violência
O representante especial do secretário-geral ao Sudão, Volker Perthes, alertou o Conselho de Segurança em 20 de março de que a tensão no país africano estava se intensificando.
No sábado, horas após ambos os lados entrarem em choque, o secretário-geral conversou com o comandante do Exército sudanês, general Abdel Fattah Al-Burhan, e com o líder da RSF, general Mohamed Hamdan Dagalo, e pediu calma e a retomada do diálogo.
Acordo político
No domingo, o representante especial de Guterres em Cartum apresentou uma proposta de pausa para dois generais.
Segundo agências de notícias, ambos os lados teriam concordado em suspender os combates por algumas horas para que os feridos pudessem ser socorridos.
Desde a saída do presidente Omar al-Bashir do poder em 2019, o Sudão vem atravessando uma onda de instabilidade política.
UN Sudan/Ayman Suliman
Um governo conjunto entre civis e militares foi anunciado, em 219, mas o arranjo foi desfeito com um golpe militar em 2021.
A integração dos paramilitares das RSF nas Forças Armadas tem sido um dos pontos de discussões como parte de um acordo político, apoiado pela ONU, alcançado em fevereiro, após meses de negociação.
As RSF nasceram das milícias Janjaweed, que permanecem na ativa na região de Darfur.
FONTE: ONU NEWS